O ministro da defesa pública de “Israel”, Itamar Ben-Gvir, confirmou os relatos de que as prisões israelenses são, na realidade, campos de tortura para palestinos. Como se não bastasse, o ministro pressionou o governo por um tratamento ainda mais severo com os reféns palestinos e defendeu a legitimidade dessas medidas.
Segundo Ben-Gvir, os maus tratos e condições horríveis para palestinos nas prisões israelenses é uma promessa de sua campanha e ele tem como objetivo minimizar os direitos dos palestinos ao mínimo permitido por lei:
“Desde que assumi meu cargo de Ministro [da Defesa Pública], uma das minhas principais prioridades tem sido piorar as condições dos terroristas nas prisões e reduzir seus direitos ao mínimo exigido por lei (…). Esse foi um compromisso que assumi com meus eleitores e com o povo de Israel durante as eleições, quando anunciei minha intenção de assumir essa função”.
Antes da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, Ben-Gvir liderou uma campanha feroz para piorar mais ainda as condições dos prisioneiros palestinos. Recentemente, o ministro declarou que os objetivos desta campanha foram atingidos:
“As condições dos terroristas na prisão foram reduzidas ao mínimo: interrompemos os depósitos financeiros, cancelamos os refeitórios, retiramos os aparelhos elétricos das celas, acabamos com o tempo de pátio para os terroristas, reduzimos drasticamente o tempo que eles passavam nos chuveiros, revogamos o status de porta-voz” e fizemos restrições terríveis à dieta deles, orgulhou-se o sionista.
A superlotação de presídios soma-se as incontáveis atrocidades cometidas pelo Estado sionista contra os palestinos. O ministro da defesa pública reconhece a questão da superlotação de presídios israelenses após o 7 de outubro. Entretanto, declara que não pensou em libertar os reféns: “Nunca pensei em libertar terroristas da prisão porque ela está lotada para eles”.
Ben-Gvir apresentou uma outra solução para a questão da superlotação dos presídios durante uma declaração à TV israelense: assassinar prisioneiros com tiros na cabeça. Segundo o ministro, seria uma maneira de combater não apenas a superlotação, mas também a fome nos presídios – visto as acusações de que os prisioneiros palestinos estariam morrendo de fome.
No X o ministro saúda a pena de morte contra os reféns palestinos:
“Fico feliz que o governo tenha aprovado minha proposta que permitiria que as Forças de Defesa de Israel construíssem 936 (no total, 1.600) locais adicionais de detenção para prisioneiros de segurança. A construção adicional permitirá que o serviço penitenciário receba mais terroristas e trará uma solução parcial para a crise carcerária que existe nos Shavas. Saúdo o fato de a maioria dos ministros ter demonstrado responsabilidade e liderança nessa importante questão. A pena de morte para terroristas é a solução certa para o problema do encarceramento, até lá – fico feliz que o governo tenha aprovado a proposta que apresentei”, declarou o ministro no X.
Como apontado pelo vice-diretor do Instituto Brasil-Palestina (IBRASPAL), Sayid Tenório, em sua coluna neste diário, os reféns palestinos são tratados – em sua maioria – como prisioneiros de guerra perante o direito internacional, os quais têm direito à proteção fornecida pela Convenção de Genebra III. Outros prisioneiros têm seu direito garantido pela Convenção de Genebra IV – relativa à Proteção de Pessoas Civis em Tempo de Guerra. Ambas as convenções estão sendo quebradas por “Israel” de maneira atroz.
O diretor do Hospital A-Shifa, Dr. Muhammad Abu Salmyia, após ser libertado de uma prisão israelense após sete meses de cárcere, disse que todos prisioneiros sofrem espancamentos, são humilhados e muitos permanecem algemados e vendados por vários dias, falta de comida, bebida e medicamentos, além da bestialidade do uso de cães treinados para perpetrar abusos, como estupros.
O relato de Salmyia é confirmado por diversas organizações, jornalistas e entidades. Após três meses entrevistando soldados israelenses e prisioneiros palestinos no campo de Sde Teiman, um jornalista do New York Times confirmou a política israelense de tortura e abuso sistemático contra palestinos detidos desde o 7 de outubro. A Comissão Especial para Investigar as Práticas Israelenses que Afetam os Direitos Humanos do Povo Palestino e de Outros Árabes nos Territórios Ocupados da ONU liberou documentos que acusam as Forças de Ocupação de “Israel” de estuprar, degradar e desumanizar homens, mulheres e crianças palestinos sob sua custódia.
A declaração da comissão da ONU, apontava ainda que os militares das Forças de Ocupação estão “compartilhando publicamente e sem vergonha fotos em plataformas de mídia social que violam a privacidade e a esfera íntima das mulheres palestinas, com o objetivo de ridicularizá-las, envergonhá-las e humilhá-las”.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) já havia publicado em março deste ano relatórios que detalhavam a violência perpetrada pelos israelenses contra os detentos palestinos. A UNRWA apontou, assim como a comissão da ONU, que os palestinos presos sofriam espancamentos, ataques de cães, uso prolongado de posições de estresse e agressões sexuais por parte dos encarceradores sionistas.