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Síria

Milícias pró-imperialistas alegam ter entrado novamente em Alepo

Mercenários do HTS teriam invadido o norte da cidade, que estava sob controle das forças governamentais desde 2016

Nesta sexta-feira (29), dois dias após iniciada ofensiva de milícias pró-imperialistas contra as forças do governo nacionalista de Bashar al-Assad, mercenários do Hayat Tahrir-al-Sham (HTS) conseguiram invadir a cidade de Alepo, importante localizada no norte da Síria, e que estava sob controle das forças nacionalistas de 2016.

Conforme informações veiculadas pela agência de notícias turca Anadolu, teria havido confronto entre o HTS e o Exército Árabe Sírio dentro da cidade. Deve-se destacar que a Turquia está apoiando a ofensiva, estando por trás do HTS, do Partido Islâmico do Turquistão e do Exército Nacional Sírio, grupos pró-imperialistas e pró sionistas. Em declaração à Al Jazeera, o HTS informou que seus soldados invadiram vários bairros no norte de Alepo.

Vídeos divulgados no X, e reproduzidos pela emissora Russian Today (RT), mostram, supostamente, “homens armados do HTS saqueando a cidade a pé e em veículos blindados”. Conforme declaração do grupo, eles teriam conquistado cerca de 400 km² das províncias de Idlib e Alepo, capturando “armamento pesado e outros equipamentos militares do Exército Sírio”, antes de invadirem a cidade de Alepo. Em canais de Telegram, vários vídeos divulgados mostram o que seriam avanços das milícias pró-imperialistas, capturando armas e equipamentos militares do Exército Árabe Sírio e também soldados que não teriam sido mortos.

Lado outro, o Ministério da Defesa da Síria afirmou que “nossas forças armadas foram capazes de infligir pesadas perdas às organizações atacantes”, o que teria deixado centenas de mortos e feridos, acrescentando que “nossas forças conseguiram retomar o controle de alguns pontos que testemunharam violações nas últimas horas, e continuarão as operações de combate até que [os terroristas] sejam repelidos”. Denunciando o caráter pró-imperialista do HTS, o Ministério destacou a sofisticação do armamento do grupo, que utiliza armas pesadas VANTs (drones) em seus ataques, informando também que há “grandes grupos de militantes terroristas estrangeiros” em suas fileiras.

Ainda sobre o caráter pró-imperialsita da ofensiva do HTS e outros, ela ocorre justo no dia do cessar-fogo entre “Israel” e Hesbolá, no Líbano. Sabe-se da natureza pró sionista desta e demais milícias na região, pois quando do assasinato de Hassan Nasseralá (outrora líder do Hesbolá), vídeos divulgados em canais de Telegram motravam seu combatentes celebrando o assassinato. Confirmando-as como agente do sionismo contra as forças nacionalistas da Síria, nesta terça-feira (27), Benjamin Netaniahu fez ameaça ao presidente Bashar al-Assad, falando que ele estava “brincando com fogo” por seu apoio ao Hesbolá.

Comentando sobre a ofensiva, Seyed Mohammad Marandi, analista político, professor na Universidade de Teerã, em entrevista à emissora Sputnik chamou atenção para o fato de que a ofensiva ocorre “literalmente um dia depois de Netaniahu ter dito que precisa do cessar-fogo para lidar com a chamada ameaça iraniana”, e que ela teria o objetivo de “isolar a Síria do Eixo de Resistência, a fim de isolar o Líbano”.

Marandi informa que “vemos milhares de combatentes estrangeiros afiliados à Al Qaeda de toda a Ásia Central. Eles foram mobilizados e bem treinados para realizar este ataque”, um dos fatos que deixa óbvio que “isso está sendo feito em coordenação com os Estados Unidos”. O analista acrescenta que “toda a guerra suja na Síria desde 2011 foi liderada pelos Estados Unidos”, relembrando “que naquela época Jake Sullivan, que agora é o conselheiro de segurança nacional de Biden, disse num e-mail a Hillary Clinton em 12 de fevereiro de 2012, que na Síria a Al Qaeda [HTS] está do nosso lado”.

O professor Iraniano deixa claro que Netaniahu é o “beneficiário número um” dessa ofensiva, não sendo o único que compartilha da avaliação de que não foi coincidência a ofensiva ter ocorrido logo após o cessar-fogo no Líbano, e que sua finalidade seria impedir o apoio do Eixo da Resistência ao Hesbolá através da Síria.

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