Em janeiro de 2024, a líder dos índios Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, foi assassinada. O caso demonstrou o tamanho da organização da milícia fascista organizada pelos latifundiários “Invasão Zero”. Ele foi criado no ano passado na esteira da CPI do MST, organizada por parlamentares da direita.
Em entrevista à Folha, o coordenador nacional do grupo, Luiz Uaquim, justificou a atuação com base no chamado “desforço imediato”, instrumento do Código Civil que permite ao proprietário manter ou retomar a posse que foi alvo de esbulho “por sua própria força, contanto que o faça logo”.
O Brasil de Fato destacou que o “Invasão Zero” possui CNPJ e estatuto e conta com o apoio formal de associações empresariais do latifúndio e de parlamentares no Congresso. O grupo também é assessorado por uma equipe de jornalistas experientes em Brasília, com passagens por grandes veículos de comunicação – que, obviamente, deve custar uma soma substancial de dinheiro.
Um mapeamento do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar identificou a presença de grupos associados ou inspirados no “Invasão Zero” baiano em outros cinco estados – Goiás, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – e no Distrito Federal. Segundo O Globo, há também registros de mobilização similar no Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
O fato de uma milícia fascista reconhecida com CNPJ atuar em ao menos sete estados é uma demonstração do tamanho da organização da direita no campo e também da ditadura que existe sobre a população brasileira que vive nessas regiões. É uma prática antiga dos latifundiários, mas que se tornou mais agressiva com o fortalecimento do bolsonarismo.
Ante o avanço das milícias fascista, os trabalhadores do campo, indígenas e quilombolas devem organizar a sua defesa. Além de lutar pela reforma agrária, manter a política de ocupação dos latifúndios, é preciso tomar medidas concretas. Organizar comitês de autodefesa para impedir a agressão do latifúndio.
A luta pela terra é uma demonstração da farsa que é a defesa do armamento pelo bolsonarismo. O ex-presidente fascista defendia o livre armamento dos latifundiários, seus pistoleiros e jagunços. Mas sempre foi totalmente avesso ao armamento dos trabalhadores do campo. Ao mesmo tempo, esse caso mostra a necessidade da defesa do armamento pelos oprimidos. Esse direito é básico para que os setores mais oprimidos possam lutar pelo seu direito.