O presidente argentino, Javier Milei, apesar de ser apresentar como um grande defensor da liberdade, começou seu governo atacando os direitos das mulheres. Desde sua campanha eleitoral, o presidente critica a Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE), que autoriza qualquer mulher a realizar o aborto até a 14ª semana de gestação.
Logo que assumiu o governo, o Ministério da Saúde da Nação paralisou as licitações que estavam em andamento para ampliar as compras de insumos para realizar os abortos legais, que já começaram a faltar em algumas províncias.
Isso afeta diretamente as brasileiras. A cada semana, o programa de Saúde Sexual e Reprodutiva do Ministério da Saúde da Argentina recebe em média duas consultas por abortos provenientes do exterior. A maioria das mulheres provem do Brasil, Paraguai e Chile.
Na cidade de Córdoba, a segunda maior do país em termos de população, com 1,5 milhão de habitantes e uma das mais ricas, já não há misoprostol e mifepristona, medicamentos utilizados para interrupção segura da gravidez. Os medicamentos estão em falta no depósito da farmácia central do município, segundo Ana Morillo, assistente social que integra a Comissão de Saúde Sexual Integral do governo local.
Outras províncias devem chegar a essa situação rapidamente. “Estamos recebendo consultas de gestantes que perguntam se ainda há IVE. É uma ameaça à implementação da lei que as pessoas questionem se é ou não um direito”, disse uma psicóloga em Buenos Aires.
Os ataques de Milei as mulheres argentinas são tão intensos que atinge até as mulheres do Brasil. Ao mesmo tempo, fica claro que a luta das mulheres contra direita deve ser permanente. Lá foi conquistado o direito ao aborto e a direita, na prática, está o cerceando.
Com informações da Agência Pública