Neste domingo (2), milhões de mexicanos compareceram às urnas para decidir quem será o seu próximo presidente. O atual mandatário, López Obrador, não concorre à reeleição.
A contagem rápida realizada pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE) mostrou Claudia Sheinbaum, do partido Morena, o atual presidente López Obrador, com mais de 58%, com mais de 20% de vantagem para a segunda colocada, Xóchitl Gálvez. As pesquisas de boca-de-urna já apontavam para uma vitória tranquila de Sheinbaum.
O resultado corresponde às projeções. Entre os analistas do cenário mexicano, havia um consenso de que a vitória de Sheinbaum era praticamente certa. Sua iminente vitória, no entanto, não tem sido vista com bons olhos pelo conjunto da burguesia imperialista, que já vinha colecionando atritos com López Obrador. Ainda que seja um político burguês muito moderado, Obrador representa interesses nacionais, o que pode acabar levando a uma grande crise com o imperialismo, uma vez que o México detém uma enorme fronteira territorial com a sede do sistema mundial de dominação.
Em artigo intitulado A democracia está em jogo nas eleições do México, o jornal norte-americano Financial Times critica o atual mandatário e a sua provável sucessora por serem favoráveis à eleição dos ministros da Suprema Corte! Trata-se, claramente, do mesmo tipo de campanha que é feita contra o regime venezuelano, que seria uma “ditadura” porque o Judiciário não está nas mãos do imperialismo, e uma confissão da burguesia de que pretende utilizar o tribunal como uma trincheira contra o governo.
Já o artigo Próximo presidente do México pode redefinir relações com os Estados Unidos, publicado pelo periódico The Economist, é ainda mais direto. Diz o texto:
“A maior oportunidade do próximo presidente é lucrar com as mudanças geopolíticas. As empresas e os governos ocidentais querem excluir a China das cadeias de abastecimento críticas, especialmente aquelas que sustentam a electrónica e a tecnologia verde, e vêem as operações no México como uma forma de o fazer. O desempenho do México tem sido medíocre até agora, graças em grande parte ao abastecimento de energia sujo, caro e insuficiente, e ao seu frágil Estado de direito. Os fluxos de investimento directo estrangeiro atingiram sólidos 36 mil milhões de dólares em 2023, mas a maior parte veio de multinacionais já presentes que reinvestiram lucros no país. O México não consegue atrair novos investidores”.
Independentemente do resultado eleitoral, o imperialismo já apresenta a sua exigência para o vencedor: que ajude o imperialismo a isolar a China. Exigência essa que provavelmente a candidata de López Obrador não estará disposta a cumprir.
Em todos os países atrasados onde o governante não for uma figura totalmente servil ao imperialismo, a tendência é de que haja uma crise com o imperialismo. Afinal, diante dos fracassos militares na Ucrânia e no Oriente Próximo, o imperialismo deverá reagir com o máximo de força, de modo a tentar impedir novas rupturas.
Segundo o INE, a eleição deste domingo foi o “maior processo eleitoral que o México já teve”. Além da presidência, estão em disputa 128 vagas no Senado e 500 na Câmara dos Deputados, governadores em oito estados, o chefe de governo da Cidade do México e dezenas de milhares de cargos em diferentes níveis nos 32 Estados do país.