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Liberdade de expressão

‘Método Alexandre de Moraes’ pode banir Breno Altman da Internet

Táticas empregadas por Alexandre Moraes no Inquérito das Fake News poderão ser usadas para impedir que jornalista, militante do PT seja proibido de dar entrevistas e se expressar

Esta semana, o foco da censura recai novamente e coloca em evidência a Confederação Israelita do Brasil (Conib). O órgão sionista no Brasil, protocolou vários processos com o intuito de retirar do ar publicações do militante do PT e jornalista Breno Altman. A alegação central sugere que Altman incita em suas manifestações, o ódio, o antissemitismo e agressões aos judeus. No entanto, a acusação é bem irônica: como Breno Altman, ou qualquer outra pessoa, poderia incitar mais ódio do que o evidente cenário na faixa de Gaza, promovido pelos próprios sionistas? Com quase vinte e cinco mil mortes, quinze mil delas crianças, além de milhares de crianças mutiladas e sessenta mil feridos, a fonte do ódio parece mais plausível originar-se da situação retratada por Altman, não dele próprio.

Surpreendentemente, os juízes – por razões desconhecidas – endossaram as ações da Conib, um lobby governamental estrangeiro, neste caso, representando o governo israelense no Brasil. Agora, a agência sionista apresentou um pedido alegando que Altman teve várias publicações removidas, as quais são caracterizadas no processo como crimes recorrentes, desrespeitando decisões judiciais. Argumentam que, se o jornalista foi impedido de abordar o sionismo, ele não deveria ter liberdade para se expressar sobre outros temas. Uma proibição dessa natureza seria difícil de conceber como legal ou normal, mas revela o plano da Conib: impedir Altman de se expressar, proibindo entrevistas e até mesmo a participação em seu canal.

Essa decisão, agora nas mãos do juiz, coloca Breno Altman em uma situação restritiva, onde ele pode discutir sobre temas triviais, mas fica proibido de abordar a crítica situação na faixa de Gaza e em Israel. Uma situação extraordinária.

O aspecto mais notável desse processo é a constatação de que vivemos sob a influência da “Constituição Alexandre de Moraes”. Substituindo a Constituição de 1988, a atual norma vigente – em termos práticos – espelha as táticas empregadas por Alexandre Moraes no Inquérito das Fake News. A reação a cidadãos que expressam opiniões divergentes assemelha-se à abordagem adotada por Moraes, onde uma vez proibido, qualquer reincidente enfrenta punições mais severas.

Esse padrão, agora replicado pela Conib, contradiz a crença de que as arbitrariedades judiciais do STF eram dirigidas exclusivamente aos bolsonaristas, o que levou muitos esquerdistas desorientados a apoiarem as mais chocantes e kafkianas ilegalidades cometidas pela burocracia judicial. Essa prática, no entanto, começa agora a ser aplicada indiscriminadamente, voltando-se inclusive contra um militante do maior partido de esquerda do País, o PT. Essa constatação é mais alarmante do que o próprio caso em discussão, que por si só já é grave.

Imaginar a proibição de um jornalista de abordar os eventos na faixa de Gaza é absurdo e extremamente preocupante. A utilização contínua desse método, inspirado por Alexandre de Moraes, indica que já vivemos sob o domínio de decisões judiciais arbitrárias e desmandos.

As ilusões das direções da esquerda brasileira quanto uma suposta “ajuda” (dada à base das mais aberrantes ilegalidades) do sistema judicial no enfrentamento ao bolsonarismo deve, com muita rapidez, dar lugar a um senso de urgência com relação ao perigo iminente. O uso da Constituição de Alexandre de Moraes contra a esquerda dá um passo mais ousado em sua ofensiva contra a organização dos trabalhadores brasileiros.

Se não for enfrentada agora, a ditadura judicial manterá sua ofensiva até que as condições da classe trabalhadora para se defender das arbitrariedades sejam tão ruins quanto as que ameaçam, atualmente, o povo argentino. É preciso uma ampla mobilização pela reforma total do Judiciário, cuja degeneração já ultrapassou o ponto em que pode ser corrigido sem uma transformação profunda.

Para isso, é preciso que organizações como a CUT mobilizem suas bases, coloquem os trabalhadores em cena e enfrentem as ameaças que cercam as organizações da esquerda classista. O Partido da Causa Operária já anunciou uma manifestação em defesa das liberdades democráticas, duramente conquistadas na luta dos trabalhadores contra a Ditadura Militar. Esta convocação deve ser apoiada pelas demais organizações da esquerda, sem o que, os ataques do regime oriundo do Golpe de 2016 se intensificarão, sabe-se lá até onde.

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