Este domingo marcou o início do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos de todo o mundo. Uma época de grande devoção religiosa, quando os adeptos do Islã jejuam do nascer ao pôr do sol como uma forma de exercer o autocontrole e se aproximar mais de Deus. Pela noite, o jejum é quebrado, ocasião em que famílias e conhecidos se reúnem, em comunhão. É, igualmente, um mês de caridade, para que os necessitados também possam desfrutar do desjejum ao fim do dia.
Contudo, em razão do genocídio e das ações nazistas que “Israel” perpetra contra a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, os palestinos estão sendo, mais uma vez, privados do Ramadã. Especial alvo de ataque por parte dos israelenses é a Mesquita de Al-Aqsa, um dos três locais mais sagrados para o Islã.
Antes da construção de Al-Aqsa, uma pequena casa de oração erguida na colina, próxima do local onde o templo foi eventualmente construído. Essa casa de prece foi erguida durante o reino de Omar, do Califado Rashidun ou do reino de Muaia I, não se sabe ao certo. Por sua vez, a mesquita original foi construída pelo quinto califa omíada Abd al-Malik ou seu sucessor al-Walid I no mesmo da Cúpula da Rocha, também construída por Abd al-Malik, esta durante a Segunda Fitna, uma época de desordem política e militar geral e de guerra civil na comunidade islâmica durante o início do Califado Omíada.
Ao longo dos séculos, a Mesquita de al-Aqsa foi destruída duas vezes, em razão de terremotos, uma no ano de 758 e outro em 1033. Naturalmente, em ambas às vezes ela fora reconstruída, passando por modificações e acréscimos, tanto ornamentais quanto de natureza prática. Chegou a ser capturada pelos Cruzados em 1099, que não a destruíram, mas a usaram como um palácio. Ainda sob o domínio cristão, foi também utilizada como quartel-general dos Cavaleiros Templários. Até ser reconquistada por Saladino, um importante líder militar que lutou durante a Terceira Cruzada liderando as campanhas militares dos muçulmanos contra os Estados Cruzados na região do Levante.
Mas por que a Mesquita de al-Aqsa é um local sagrado para os muçulmanos de todo o mundo, tão sagrado a ponto de se tornar um símbolo da resistência palestina contra o sionismo?
Isto se deve, pois, segundo o Islã, foi a partir da colina onde for erguida a mesquita que o profeta Maomé ascendeu aos céus, onde se encontrou com os profetas que o antecederam e também o com Deus.
Este evento é chamado de a Jornada Noturna, a qual, segundo o Corão (livro sagrado do Islã) é dividida em duas fases, a Isra e a Miraj.
A Isra, que significa caminhar ou viajar à noite, foi quando Maomé teria viajado de Meca (na atual Arábia Saudita) para al-Aqsa (isto é, a colina onde hoje se localiza a mesquita) em um Buraq, um animal alado semelhante a um cavalo. Ao chegar lá, em orações, teria levado até a colina os profetas que o precederam, nomeadamente, Abraão, Moisés e Jesus.
A história é descrita brevemente no 17º capítulo do Corão, cujo nome é al-Isra. Segue abaixo um trecho:
“Glória àquele que levou Seu servo Maomé à noite da Mesquita Sagrada até a Mesquita Mais Distante, cujos arredores abençoamos, para que possamos mostrar-lhe alguns de Nossos sinais. Na verdade, somente Ele é o Oniouvinte e Onividente.”
Há consenso no Islã de que o Corão, ao se referir à Mesquita Sagrada, refere-se à Grande Mesquita de Meca, na Arábia Saudita. É lá que está localizada a Caaba, que é a qibla, isto é, para onde os muçulmanos devem se direcionar ao fazerem suas orações. Por sua vez, A Mesquita Mais Distante seria referente ao monte do templo, local onde seria erguida a Mesquita de al-Aqsa.
Da colina, Maomé ascendeu ao céu com o arcanjo Gabriel, evento conhecido como a Miraj, que significa ascensão.
Lá se encontrou com cada um dos profetas, individualmente, em cada um dos sete níveis do céu, na seguinte ordem: Adão, João Batista, Jesus, José, Idris, Aarão, Moisés e Abraão.
Então, já sem ser acompanhado pelo arcanjo Gabriel, Maomé se encontrou com Deus, que teria dito que seu povo deveria orar cinquenta vezes ao dia. Contudo, com a intervenção de Moisés, Maomé teria convencido Deus a reduzir o número de orações a apenas cinco, as quais seriam realizadas com grande devoção.
Atualmente, os muçulmanos são obrigados a realizar cinco orações diárias, sendo elas Fajr, Zuhr, Asr, Maghrib, and Isha.
Durante o Ramadã, pela noite, é realizada também a Tarauí, durante a qual são realizadas leituras em grupo de longos porções do Corão.
Por esta razão a Mesquita de al-Aqsa é um dos três locais mais sagrados do Islã. Pois, segundo o Corão, foi daquela colina que Maomé ascendeu ao céu e se encontrou com Deus.
O que torna os constantes ataques, restrições e provocações de “Israel” contra a mesquita ainda mais criminosos. E a revolta do povo palestino contra o sionismo ainda mais justificada.