Um dos principais motivos da queda do governo sírio no dia 8 de dezembro são as séries de sanções impostas pelo imperialismo contra a população do país nas últimas duas décadas. A situação ficou ainda mais grave quando, em agosto de 2011, a União Europeia também adotou várias sanções. A miséria e a pobreza do povo sírio foram fatores determinantes na campanha para a derrubada do governo.
Neste momento em que o país se encontra totalmente ocupado por um grupo terrorista apoiado principalmente pelos governos imperialistas, incluindo o Estado fictício de “Israel”, a imprensa ligada a esses setores da burguesia se esforça para afirmar que estes estão tentando “salvar” o povo sírio da “ditadura” de Assad. O terrorista líder do HTS (Hay’at Tahrir al-Sham) Abu Mohammed al-Jolani, tem dado entrevistas e depoimentos pedindo o fim das sanções contra o país.
Durante uma coletiva de imprensa em Damasco, ele pediu à comunidade internacional que reconsiderasse sua abordagem, enfatizando a necessidade de reconstrução e fornecimento de apoio humanitário. al-Jolani pediu a remoção da designação de terrorista e o levantamento das sanções, argumentando que tais medidas são essenciais para a recuperação da Síria.
Segundo o órgão libanês Al Mayadeen, esse apelo gerou debate nos círculos de política externa dos EUA, com alguns legisladores defendendo uma suspensão temporária das sanções para agilizar a ajuda. O senador Chris Murphy, democrata de Connecticut, pediu ação imediata, afirmando: “os EUA devem suspender temporariamente as sanções que dificultam o aumento muito necessário na assistência humanitária e na reconstrução que será necessária para apoiar o povo sírio no curto prazo”.
O vice-diretor da Divisão do Oriente Médio e Norte da África da organização Human Rights Watch pediu à UE que reavalie suas sanções à Síria, afirmando que elas obstruem a ajuda humanitária e agravam os desafios econômicos enfrentados pelos sírios. Nesta mesma linha, a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, enfatizou a importância da reconstrução da Síria para a UE, sugerindo o potencial envolvimento do bloco nos esforços de reconstrução de uma Síria pós-Assad.
Leyen anunciou planos para enviar o chefe da Delegação da UE de volta a Damasco, efetivamente reabrindo a representação do bloco europeu no país árabe. Ela acrescentou: “temos que intensificar e continuar nosso engajamento direto com o HTS e outras facções”, referindo-se a Hay’at Tahrir al-Sham, as novas forças do regime liderando a recente ofensiva que capturou Damasco em 8 de dezembro.
É importante ressaltar que al-Jolani é considerado por todos os setores do imperialismo como “terrorista”, inclusive havendo uma recompensa de US$ 10 milhões por sua captura. Como, neste momento, ele está servindo bem aos interesses do imperialismo na região, que há anos tenta derrubar Assad sem sucesso, existe toda uma diferença no tratamento dado ao indivíduo. Por exemplo, na imprensa ligada ao imperialismo, o mercenário passou de “terrorista” para “líder rebelde sírio”.
Estamos falando de um novo serviçal do imperialismo na região. Levando em conta a importância econômica e política da Síria, a derrubada de Assad é uma dura derrota para o Eixo da Resistência iraniana, libanesa, palestina, iemenita e outros grupos que lutam contra a ocupação sionista há mais de um século. Por outro lado, a bajulação do mercenário pelo imperialismo mostra que a destruição econômica e social da Síria tende a se aprofundar nas mãos desses criminosos.