Segundo reportagem da emissora britânica BBC News, profissionais de saúde do hospital Nasser, em Khan Younis (sul da Faixa de Gaza), invadido pelas forças de ocupação israelense, denunciaram terem sido “humilhados, espancados, encharcados com água fria e forçados a ficar ajoelhados em posições desconfortáveis durante horas”. O artigo ainda informa que as vítimas “afirmaram ainda que ficaram detidos por dias antes de serem libertados”.
“Ahmed Abu Sabha, médico do Hospital Nasser, contou ter ficado detido durante uma semana — período em que, segundo ele, foi atacado por cães amordaçados e teve a mão fraturada por um soldado israelense.”
À BBC, Sabha informou que o hospital fora convertido em um centro de tortura, com a maternidade sendo o principal local da prática. Nele, outros ouvidos pela emissora inglesa informaram que ocorriam interrogatórios dos funcionários, que eram também espancados. O jovem médico, de 26 anos, relatou à rede britânica o que passou nesse local:
“‘Eles me colocaram em uma cadeira, parecia uma forca’, ele disse. ‘Ouvi sons de cordas, então achei que seria executado.’ ‘Depois disso, eles quebraram uma garrafa, e [o vidro] cortou minha perna, eles deixaram sangrar. Aí começaram a trazer um médico atrás do outro, e começaram a colocá-los um ao lado do outro. Eu ouvia seus nomes e suas vozes’, acrescentou.”
“‘Em determinado momento, a minha venda desceu um pouco, e minhas mãos estavam algemadas por trás, não consegui consertar.’
‘Eles me levaram para ser punido… Fiquei com as mãos levantadas acima da cabeça, e o rosto voltado para baixo, por três horas. Aí ele [um soldado] pediu para eu ir até ele. Quando fiz isso, ele não parou de bater na minha mão até quebrá-la.’
Ele contou que, mais tarde naquele dia, foi levado ao banheiro, espancado e atacado por cães com focinheira.
No dia seguinte, segundo ele, um médico israelense engessou a mão dele, e depois os soldados desenharam uma estrela de David no gesso.”
Outros três detidos ouvidos pela BBC relataram as agressões físicas que sofreram enquanto eram transportados, em um grupo considerável, para fora de Gaza. Eles relataram ter sido espancados com paus, mangueiras, pontas de rifle e punhos dos soldados.
“Estávamos nus. Só de cuecas. Nos empilharam um em cima do outro. E nos tiraram de Gaza”, disse um dos médicos ao órgão inglês. “Ao longo do caminho, fomos agredidos, xingados e humilhados. Derramaram água fria sobre nós”.
O hospital Nasser foi invadido pelas forças sionistas em 15 de fevereiro. Desde o dia 18 de fevereiro, contudo, o hospital não funciona mais.
Repetindo o padrão adotado pelos sionistas, as Forças de Ocupação de “Israel” usaram o pretexto de que o local abrigava “terroristas” do Hamas, o que, naturalmente, era mais uma das inúmeras mentiras contadas pela ditadura sionista. Os próprios relatos indicam qual era o objetivo dos israelenses na invasão:
“O pessoal médico contou que eles foram posteriormente forçados a se mudar para uma estrutura hospitalar, submetidos a agressão física e depois transferidos para um centro de detenção enquanto ainda não estavam vestidos.”
“Os demais membros da equipe descreveram ter sido instruídos a realocar pacientes gravemente doentes entre os prédios, serem interrompidos de suas funções para interrogatório e receberem pacientes com condições que não foram treinados para lidar, tudo enquanto trabalha em condições apertadas e insalubres.”
“De acordo com vários relatos de médicos, 13 pacientes morreram nos dias seguintes à ocupação do hospital”.
Além da óbvia intenção de humilhação do povo palestino com vistas à desmoralização da resistência, os relatos indicam uma estratégia deliberada para destruir ainda mais o já precário sistema de saúde de Gaza. Incapazes de derrotar militarmente o Hamas e a resistência armada, não sobrou outra opção aos invasores da Palestina, exceto massacrar e humilhar ao máximo a população para enfraquecer a determinação dos palestinos em resistir.
Nenhuma opção foi descartada nesse esforço desesperado de “Israel”, que apela até mesmo aos métodos mais brutais e desumanos, reforçando a natureza monstruosa dessa ditadura e a necessidade de uma luta decidida, até o fim do Estado nazista e a libertação da Palestina.