O coronel Mauro Cid foi preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Oficialmente, o motivo não foi um suposto golpe de Estado ou algo do tipo. O ministro Alexandre de Moraes decretou sua prisão preventiva por obstrução de Justiça após a Veja publicar áudios vazados nos quais ele fala sobre os processos que está sofrendo.
As falas de Cid que fizeram com que ele fosse preso foram sobre o próprio STF e Alexandre de Moraes. O coronel afirmou que o STF o obrigou a falar o que eles queriam que ele falasse na delação premiada. Alegou que já estavam com um discurso pronto, com uma “narrativa pronta”, e que foi coagido pela Polícia Federal a corroborar fatos que supostamente nunca aconteceram. Métodos arbitrários que foram amplamente utilizados durante a Lava Jato para perseguir a esquerda.
Outra questão que demonstra a arbitrariedade do processo é a notícia publicada por uma colunista do jornal O Globo que diz que o pai e a irmã do coronel Cid temem ser os próximos alvos do processo. Outro método utilizado pela Lava Jato: perseguir a família dos acusados para que eles concordem com os termos da delação premiada.
Voltando para o conteúdo dos áudios, Cid denuncia a farsa do STF e de seus ministros. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o tenente-coronel. Outra fala de Mauro Cid é sobre a Polícia Federal já estar “com a narrativa pronta”. “Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, afirmou.
No decorrer de seus áudios vazados, Cid constatou que os agentes “já estão com a narrativa pronta deles”. Ele revela, porém, que se sentiu abandonado. “Quem mais se f. fui eu. Quem mais perdeu coisa fui eu. O único que teve pai, filha, esposa envolvido, o único que perdeu a carreira, o único que perdeu a vida financeira fui eu”. Por que, uma vez mais, a esquerda apoia essa arbitrariedade? No Brasil, até que se prove, uma pessoa tem o seu direito de responder em liberdade até o trânsito em julgado do processo. “Os bagrinhos estão pegando 17 anos”.
Outra fala relevante do coronel Cid foi quando ele afirmou que os agentes da Polícia Federal queriam que ele falasse sobre muita coisa que ele sabe que não aconteceu. “O Moraes já tem sua própria sentença formada”. Sobre essa questão, ele afirmou que “o Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”. Tais falas são referentes aos inúmeros casos onde pessoas foram condenadas ou inquéritos foram abertos sem precedentes legais. Um exemplo, embora não seja ao que Cid esteja remetendo, é a inclusão do Partido da Causa Operária no inquérito das fake news – ou até o próprio inquérito. Não há precedente legal para a criação de um inquérito onde o Supremo aja, ao mesmo tempo, como, relator, acusador e vítima, mas assim foi feito e as sentenças foram dadas. Outro exemplo é o julgamento dos réus de 8 de janeiro. Diversas pessoas foram presas sem respaldo jurídico, como um morador de rua, um funcionário da Sabesp e uma manicure sob acusação de tentativa de subverter a ordem democrática pela violência.
Outra revelação do coronel Cid é sobre um suposto encontro às escondidas entre Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes, dando a entender que a perseguição ao bolsonarismo de Moraes de fato é uma farsa. Nas palavras de Mauro Cid: “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’”. Essa alegação, na prática, tem a ver diretamente com a fala dos setores de esquerda sobre um suposto enfrentamento do bolsonarismo por parte do ministro Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer, e de todo o Supremo Tribunal Federal.
Na fala em que alega que Moraes já tem as próprias sentenças, no entanto, Cid alegou que “no momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo”. De forma geral, a fala reflete na crença do coronel de que o sistema judiciário está aparelhado e as ordens de Alexandre de Moraes, ou de quem lhes dá as ordens, são como leis.