No dia 20 de novembro de 1935, há exatos 89 anos, Izz al-Din al-Qassam foi assassinado pelas forças britânicas no distrito de Jenin, na Palestina. Sua morte marcou profundamente a luta palestina contra a ocupação sionista e foi um catalisador para a Revolução de 1936, um dos momentos mais significativos da resistência contra o Mandato Britânico e a ocupação do imperialismo. Hoje, seu legado permanece vivo como símbolo de resistência e inspiração para movimentos como o Hamas, cujo braço militar e foguetes levam o nome do herói martirizado.
Izz al-Qassam nasceu entre 1881 e 1882 em Jableh, na Síria, tendo estudado na Universidade de al-Azhar, no Egito. Sua trajetória de luta começou contra os italianos durante a guerra ítalo-turca (1911-1912), quando arrecadou fundos, organizou voluntários e defendeu a jiade como forma de combater a ocupação.
Posteriormente, al-Qassam participou da Primeira Guerra Mundial no exército otomano, atuando como capelão militar. Após a derrota otomana, voltou-se contra os franceses que ocuparam a Síria e esmagaram a monarquia liderada pelo Emir Faisal. A perseguição francesa forçou al-Qassam a refugiar-se na Palestina, onde iniciou uma nova etapa de sua vida como professor e pregador em Haifa.
Foi na Palestina que al-Qassam se destacou como reformador social e líder da resistência. Ele fundou a organização secreta conhecida como “Mão Negra” em 1930, que se dedicava a combater tanto a ocupação britânica quanto a colonização sionista. Sob sua liderança, o grupo realizou ataques contra forças britânicas e colonos judeus armados, tornando-se uma força importante da resistência armada na Palestina.
Em 1935, os britânicos intensificaram a perseguição contra al-Qassam e sua organização. Em novembro, ele e seus companheiros foram emboscados pelas forças britânicas em uma caverna nas colinas de Jenin. Após uma intensa troca de tiros, al-Qassam foi morto. Sua morte não foi o fim de sua luta, mas sim o início de um movimento ainda mais amplo.
O funeral de al-Qassam em Haifa reuniu milhares de palestinos e foi acompanhado por manifestações contra o enclave imperialista. A revolta popular que se seguiu culminou na Revolução de 1936, uma greve geral que evoluiu para uma insurgência armada contra as forças de ocupação e os colonos sionistas, e que se estenderia por mais três anos.
Conforme destacado pelo escritor palestino Ghassan Kanafani, os eventos de 1936 foram, em grande parte, espontâneos, mas inspirados pelo sacrifício de al-Qassam e pela organização de seus seguidores. Kanafani descreve a Revolução como um momento crucial no surgimento da identidade nacional palestina, marcando a transição de uma luta fragmentada para uma resistência coletiva mais articulada.
A influência de al-Qassam ultrapassou os limites de sua época. Ele é considerado um dos precursores da luta palestina moderna por libertação. O nome “al-Qassam” tornou-se sinônimo da oposição à ditadura sionista, sendo adotado tanto pelo braço militar do Hamas, as Brigadas al-Qassam, quanto pelos foguetes utilizados pelo movimento para enfrentar a ocupação israelense.
Como ressalta Kanafani, al-Qassam emergiu como uma figura central nesse cenário, preenchendo um vácuo político com seu carisma e sua luta. O martírio de al-Qassam e a Revolução de 1936 marcaram o início de uma longa trajetória de resistência palestina contra a invasão e a ocupação. O impacto de sua luta é sentido até hoje, não apenas na memória palestina, mas também nos movimentos que continuam enfrentando a opressão.
Em uma época em que a Palestina segue sob ocupação política e militar e os direitos do povo palestino inexistem, a figura de al-Qassam ressurge como um lembrete da importância da resistência. Sua vida e morte são símbolos de um compromisso inabalável com a luta pela libertação nacional e pelo imediato fim do Estado de “Israel”.
Passados 89 anos, sua história continua sendo contada, não apenas como uma homenagem ao passado, mas como inspiração para o presente e o futuro. O túmulo de al-Qassam, localizado no cemitério muçulmano de Haifa, já foi alvo de ataques por israelenses, mostrando que sua luta permanece relevante e seu nome, temido por aqueles que ainda tentam silenciar a resistência palestina, mesmo depois de martirizado.