Quase cinco meses após a operação Dilúvio de al-Aqsa por parte dos movimentos de resistência palestinos sob a liderança do Hamas, a importante mesquita volta ao centro das notícias. Situada em Jerusalém, ou al-Quds como chamam os árabes, a mesquita de al-Aqsa é palco de disputas entre muçulmanos e as forças de ocupação sionistas. Na semana anterior à operação de 7 de outubro, centenas de sionistas de extrema direita invadiram a mesquita agredindo os muçulmanos, no que foi assimilado como uma grave provocação religiosa nesse que é o 3º local mais sagrado para o islamismo.
Após todo o morticínio de civis palestinos, “Israel” segue sem vitórias militares importantes sobre a resistência palestina e a ditadura sionista se vê cada vez mais obrigada a ceder diante do Hamas. A recente vitória política foi contra a proibição do acesso dos palestinos à mesquita de al-Aqsa durante o Ramadã. Ramadã é o nono mês do calendário islâmico, que segue as fases da Lua, e é marcado pela prática de importantes rituais religiosos, especialmente o jejum (não absoluto) durante todo o mês.
Depois que o ministro da Segurança Nacional de “Israel” declarou que os palestinos que vivem na Cisjordânia deveriam ser proibidos de participar das orações na mesquita, o líder do Hamas convocou os palestinos a furar esse possível bloqueio logo no primeiro dia do Ramadã. Pouco depois, reportagem do Canal 12 israelense, replicada no portal Times of Israel, dava conta de que o “gabinete de guerra” desautorizou o ministro ao assumir como sua função qualquer decisão relativa ao fluxo de pessoas na mesquita. Chefiado por Netaniahu e composto por outros ministros do governo de ocupação, o gabinete tende a procurar “distensionar” essa situação.
Quando convocou os palestinos a ignorar as restrições ao acesso à mesquita, o líder do Hamas, Ismail Hanié, fez questão de lembrar que as seguidas violações israelenses contra a Mesquita de al-Aqsa e os fiéis islâmicos foram fator decisivo para a deflagração da Operação Dilúvio de al-Aqsa. Acrescentou que seria um delírio da ocupação israelense acreditar que mais restrições contra os fiéis serviria para enfraquecer os efeitos da operação. É preciso ter claro que, caso tivessem capacidade para impor esse tipo de coisa, os sionistas o fariam. O local onde fica a mesquita também é considerado sagrado para o judaísmo e figuras da extrema-direita israelense defendem uma crescente restrição ao acesso de muçulmanos no que chamam de Monte do Templo.
O diagnóstico da falta de capacidade da ocupação em lidar com as consequências de restringir o acesso aos palestinos durante o Ramadã foi comprovado pelo maior patrocinador de “Israel”, os Estados Unidos. Questionado sobre a convocação feita por Hanié, o porta-voz do Departamento de Justiça dos Estados Unidos tentou desconversar, mas acabou pontuando que “não é do interesse da segurança de Israel inflamar as tensões na Cisjordânia ou na região em geral”. Matthew Miller também criticou o anúncio de ampliação dos assentamentos de judeus na Cisjordânia, taxando a ação de “obstáculo à paz” e “inconsistente com o direito internacional”.
A preocupação do imperialismo se justifica pelo fracasso de “Israel” na sua tentativa de esmagar a resistência armada dos palestinos. Tivessem derrotado o Hamas militarmente, provocado um número elevado de baixas, assassinado suas lideranças militares, o ambiente no entorno da Mesquita de al-Aqsa não seria tenso, mas da dita “paz de cemitério”. Isso se novos grupos insurgentes não se mobilizassem rapidamente para dar vazão à revolta de um povo que sobrevive por décadas a um regime fascista, que não os considera seres humanos. Tentar impedir um povo desprovido de quase tudo de exercer sua fé mostra o nível de monstruosidade dos sionistas e tem se provado ser um verdadeiro “tiro no pé”.
A expectativa é que a mesquita seja visitada por dezenas a centenas de milhares de muçulmanos durante o mês do Ramadã. O medo dos Estados Unidos é que a repressão na mesquita possa ampliar as dimensões do conflito que tentam restringir à Faixa de Gaza, sendo que tanto o governo dos Estados Unidos quanto “Israel” já se encontram em grande medida expostos ao nível internacional por conta do genocídio contra os palestinos. As mentiras usadas para justificar a barbárie imposta vêm sendo esclarecidas para um número crescente de pessoas, o que prejudica a manutenção das ações militares na Palestina.
De qualquer forma, cabe destacar que o Hamas segue forte como a liderança real do povo palestino em busca da sua libertação. Caso contrário, a convocação feita por Hanié não abalaria tanto a coligação “Israel” – Estados Unidos.