Na última quarta-feira (22), milhares de trabalhadores, estudantes e dirigentes sindicais realizaram, em Brasília, uma plenária comandada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras “centrais”, seguida de uma marcha em direção ao Congresso Nacional.
Os dirigentes das centrais pelegas, como a Força Sindical, UGT e CSB, depois de discursos vazios na plenária, sem apontar qualquer perspectiva de mobilização, não participaram da Marcha, que foi impulsionada pela CUT e seus sindicatos, amplamente majoritários na mobilização.
Apesar de ser convocada pela maioria das direções com uma pauta genérica que contava com reivindicações como:
- “Reconstrução do estado do Rio Grande do Sul e por medidas de proteção e amparo a seus trabalhadores e trabalhadoras”, sem levantar o “fora Leite” e sem defender, por exemplo, a estabilidade no emprego para todos os gaúchos, por exemplo;
- “Valorização do Serviço Público”, sem se colocar no apoio à greve das universidades e institutos federais em cursos e sem se colocar contra o reajuste zero para os servidores em 2024;
- “Trabalho decente: redução da jornada de trabalho e empregos decentes”, sem apresentar uma proposta efetiva de redução, para 35 horas semanais, por exemplo;
- “Menos impostos para trabalhadores”, sem defender que não haja os impostos sobre os salários que não são renda e sequer exigir que se cumpra – imediatamente – a promessa de campanha de isenção para quem ganha até cinco salários mínimos;
- “Valorização do salário mínimo e das aposentadorias”, sem apresentar uma proposta efetiva de aumento de verdade dos salários, diante da violenta expropriação dos anos de regime golpista (como 100% de reposição das perdas);
O ato teve como centro e foi impulsionado por questões reais da luta dos trabalhadores neste momento, justamente como a greve dos servidores – maior contingente no ato – que completou, dia 22, 50 dias, e a luta dos professores e estudantes pela “Revogação do Novo Ensino Médio”, um dos poucos itens concretos da pauta da Marcha.
Em tais condições, a mobilização evidenciou, mesmo que de forma confusa, uma tendência de luta que não se desenvolveu no último período em atos que estiveram totalmente sob o controle da burocracia sindical, como no caso do 1º de Maio, por conta da paralisia da maioria das direções sindicais que não apontam uma perspectiva de luta.
Ficou evidente que foi a greve das federais contra o “congelamento” dos salários da política neoliberal de “déficit zero” da direita de fora e dentro do governo que impulsionou a mobilização.
É preciso que o movimento sindical, a partir dos sindicatos e locais de trabalho, discuta essa situação e supere os limites atuais, apresentando um programa próprio dos trabalhadores diante da crise.