Após Kamala Harris ter publicado em suas redes sociais um comunicado em que afirma ter o apoio de delegados suficientes de seu partido para ser candidata à Presidência dos Estados Unidos, a vice-presidente norte-americana já vem sendo tratada pela grande imprensa como a inevitável adversária de Donald Trump nas eleições. Diante disso, já começam as tentativas de fazer o eleitorado norte-americano ver com simpatia a candidatura da ex-promotora.
Assim que Joe Biden desistiu de sua candidatura, o apoio a Harris já estava implícito nas posições dos grandes jornais do imperialismo. Todos diziam o mesmo: que Biden teria prestado um grande serviço ao país enquanto presidente, mas que agora precisaria deixar o caminho livre para que alguém em melhores condições conseguisse derrotar a “ameaça” Donald Trump.
Agora, o apoio já é mais explícito. Os elogios a Kamala Harris e a sua “trajetória” são tão frequentes que estão sendo reproduzidos pela esquerda pequeno-burguesa internacional. Uma deputada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ficou tão empolgada com a campanha que, mesmo sem ter título de eleitor nos Estados Unidos, prometeu “eleger” a ex-promotora!
Outro dado interessante que surgiu foi o volume de dinheiro doado para Kamala Harris – supostamente, a maior arrecadação já feita por um candidato em apenas 24 horas. Foram R$451 milhões investidos, de acordo com o Partido Democrata, o que vem sendo apontado pela imprensa como motivo para muita empolgação:
“Os apoiadores estão entusiasmados e animados em apoiá-la como candidata democrata”, disse no X a ActBlue, plataforma que reúne e consolida as doações.
Mais o mais interessante na questão das doações não é tão-somente o valor, mas, fundamentalmente, que os capitalistas voltaram a investir na candidatura democrata. Em artigo publicado pela emissora britânica BBC, lê-se:
“Joe Cotchett, um angariador de fundos político para os democratas com sede em São Francisco, disse à emissora NBC News que os doadores ‘agora estão prontos para tirar de seus bolsos’.
Entre eles está Gideon Stein, presidente do Fundo Moriah e doador do partido, que disse à agência de notícias dos EUA que retomará seu financiamento após uma pausa devido a preocupações com a elegibilidade de Biden.
Vários outros doadores também indicaram apoio a Kamala Harris como candidata do Partido Democrata.
Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, chamou a vice-presidente de “a pessoa certa na hora certa”.
“Eu apoio de todo coração Kamala Harris e sua candidatura à presidência dos Estados Unidos em nossa luta pela democracia em novembro”, disse ele em um post no X”.
O cenário é claro: a retirada da candidatura de Joe Biden fez com que as esperanças dos capitalistas de eleger uma alternativa a Donald Trump cresceram. Em outras palavras, a substituição de Biden por Kamala é uma obra dos grandes capitalistas, que estão preparando uma manobra contra o maior fenômeno eleitoral dos EUA, que é Donald Trump.
Esse movimento dos grandes capitalistas em apoio a Harris se confirma na medida em que aparecem as primeiras pesquisas, que são controladas por esses capitalistas. Harris aparece em primeiro lugar nas intenções de voto, o que será largamente explorado para turbinar a campanha democrata.
Após o atentado contra a vida de Trump fracassar, agora a burguesia parece unificada em um novo projeto eleitoral: eleger Kamala Harris a qualquer custo, para impedir que Trump retorne à presidência.