Cerca de 500 pessoas estiveram presente na praça Oswaldo Cruz, em São Paulo, no último domingo (28), para o ato em defesa da Palestina convocado por organizações de esquerda, o primeiro do gênero desde o ato nacional ocorrido no dia 30 de junho. O Partido da Causa Operária (PCO) e os comitês de defesa da Palestina compareceram à convocação, organizando seu bloco, chegando mais cedo com sua tradicional banca de materiais, protagonizando uma situação de repressão aos direitos democráticos por parte da Polícia Militar.
Segundo Francisco Muniz, dirigente do PCO, a ação truculenta da PM contra a loja se deu em dois momentos distintos, sempre quando a presença do público na praça era menor. Ao Diário Causa Operária, Muniz explicou como se deu a ação repressora:
“A gente chegou lá com duas horas de antecedência em relação ao ato e logo montamos a nossa tradicional banca de materiais, como fazemos em toda manifestação, com materiais em defesa da Palestina, camisetas, bottons, canecas, publicações, materiais do Partido e etc. O curioso é o seguinte: a gente montou tudo e logo que viram que a gente não ia colocar mais nada na mesa, vieram um monte de policiais falar com a gente. Não sei quantos eram, seis ou sete, mas chegaram questionando se a gente tinha autorização da prefeitura para montar material. Fale que gente estava participando da manifestação, que a banca era do ato, ao que ele questionou: ‘mas vocês não têm a atualização da prefeitura pra vender essas coisas?’ Expliquei que era um material da Palestina, da manifestação, que a gente não tava lucrando nada, mas ele retrucou: ‘olha, vamos fazer o seguinte, vou recolher tudo aqui e deixar com a prefeitura, a não ser que vocês tirem agora’. Aí a gente teve que tirar, né?”
Muniz informa que a banca foi então desmontada, com a mesa vazia, sob o olhar atento dos policiais, segundo o jovem militante, “olhando a gente para ver se não colocávamos nada”, disse, acrescentando que “em um dado momento, quando tinha mais movimento, mais gente, a gente remontou a banca.”
“A gente achou que já tava mais tranquilo, montou [a banca], tinha outras bancas de materiais lá também e a gente organizou a nossa de novo. Nessa hora, já tinha um monte de gente na praça com banca e aí, a PM não foi mexer com a gente”. Tudo mudou, disse Muniz, “assim que a manifestação começou a se direcionar para rua”.
“Quando os manifestantes começaram a andar, a sair da praça de Oswaldo Cruz e ir para a passeata, a polícia veio de novo para a nossa banca e de novo, mandou a gente desmontar, ameaçando confiscar nossas coisas e tudo mais. A gente desmontou, eles não pegaram nada, ainda bem, mas foi uma truculência, um negócio absurdo e muito arbitrário. Você vai fazer uma manifestação, só que você não pode nem levar materiais relacionados à manifestação? É totalmente arbitrário.”
Vinda de Limeira para participar da manifestação, Monique Carvalho também testemunhou a ação truculenta da PM e estranhou a ação voltada contra a banca de materiais do PCO. “Vi a polícia tirando a banca. Eles tiraram a do PCO, mas deixaram a loja das outras pessoas, o que achei muito estranho”, diz. “Acho que a gente devia ter questionado o motivo”, continua Carvalho, concluindo crer que se tratava de “uma perseguição mesmo”.
Apesar da repressão policial ocorrida na praça, o transcorrer da manifestação, não registrou maiores incidentes. A marcha de manifestantes seguiu para o MASP, chegando à entrada do tradicional museu paulistano por volta das 13h30. Carvalho diz não ter conseguido participar da manifestação do dia 30 de junho, mas conseguiu vir de Limeira a São Paulo e “amado”, destacando a bateria Zumbi dos Palmares: “amei. Amei a bateria, o pessoal toca muito bem, super certinho”.
Para o mês de setembro, o PCO e os comitês de defesa da Palestina preparam um novo dia nacional de defesa da Palestina, a ser realizado nas capitais dos estados. As manifestações estão sendo preparadas para ocorrer em um momento de deterioração da crise sionista, que no último dia 24, se aprofundou com a ida aos EUA de Netaniahu para requisitar “mais ferramentas” para “Israel” enfrentar o Irã e o Hamas, evidenciando que todos os esforços feitos pelo imperialismo para sustentar o enclave imperialista têm sido insuficiente.