De acordo com o cálculo do “Monitor do debate político”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), o ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a Praia de Copacabana, realizado no dia 21 de abril, contou com a presença de 32,7 mil pessoas. O mesmo instituto considerou que a presença no ato no Rio de Janeiro teria sido dez vezes menor que a registrada na manifestação ocorrida no dia 25 de fevereiro em São Paulo.
É difícil estimar quantas pessoas de fato estiveram presentes na última manifestação, assim como também é difícil confiar no que dizem os institutos de pesquisa. Segundo o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, em fala durante o programa Análise da 3ª, da Rádio Causa Operária, o mais provável é que algo em torno de 15 mil pessoas tenham atendido ao chamado do ex-presidente.
Independentemente dos números, uma coisa é fato: o ato no Rio de Janeiro foi consideravelmente menor que a manifestação que ocorreu em São Paulo. Considerando que aliados de Jair Bolsonaro chegaram a cogitar publicamente levar um milhão de pessoas às ruas, teria sido um fracasso total. No entanto, levar um milhão de pessoas não seria possível em circunstância alguma em um ato convocado por Bolsonaro – provavelmente, nunca na história da humanidade houve um ato desse tamanho.
As questões que ficam para serem respondidas são: do ponto de vista da extrema direita, o ato ter sido menor foi um retrocesso na luta política? E para a esquerda, o ato em Copacabana teria sido uma demonstração de fraqueza de seu adversário?
Não é difícil responder a isso. O fato é que a manifestação no Rio de Janeiro, ainda que tenha sido menor que a de São Paulo, foi relativamente grande. Foi muito maior, por exemplo, que as manifestações do dia 23 de março organizadas pela esquerda. Segundo o Poder360, o ato de 23 de março em Salvador, que foi o maior do País naquele dia e contou com a participação da presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann; contou com, no máximo, mil pessoas. Merece destaque, ainda, o fato de que chegou a cogitar-se que o presidente Lula estivesse presente e de que o PT governa o estado da Bahia.
Desse ponto de vista, o ato foi um enorme sucesso. Bolsonaro, finalmente, fez um ato que foi, no mínimo, 15 vezes maior que o ato organizado pela esquerda. E esse não é o único ato que o ex-presidente participou – Bolsonaro está em uma verdadeira campanha em torno de sua figura.
A esquerda, ao adotar como política subestimar a capacidade de mobilização do bolsonarismo, está, na verdade, ignorando que a correlação de forças, nas ruas, está ficando cada vez mais desfavorável. Enquanto Bolsonaro está mobilizando milhares de pessoas, a maioria da esquerda nacional fez de sua política o apoio ao Judiciário e às instituições do Estado.
É um caminho perigoso, que levará inevitavelmente ao desastre. A esquerda precisa ir às ruas