Na quarta-feira (19), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, mais uma vez fez uma declaração vergonhosa sobre o genocídio na Faixa de Gaza. Ele, que desde o início da guerra já fez diversas declarações tenebrosas, algumas inclusive contra a posição de Lula, se coloca como um “sionista de esquerda”, ou seja, um defensor do genocídio em Gaza. É uma vergonha para a diplomacia brasileira e para todo o Brasil.
O ministro afirmou: “Brasil está do lado de Israel desde do nascimento de Israel, quando foi criado na ONU numa assembleia geral […] Mas nós temos uma posição crítica do atual governo do primeiro-ministro de Israel. Acreditamos haver uma reação desproporcional”.
Primeiro, é necessário destacar quão absurdo é afirmar neste momento em que o Estado de “Israel” comete uma das maiores monstruosidades da história da humanidade que o Brasil sempre esteve ao seu lado. Isso por si só já seria o suficiente para demitir o ministro.
No entanto, a utilização do termo “reação desproporcional” consegue ser ainda pior. É como se “Israel” tivesse o direito de massacrar a população palestina, mas que deveria fazer um massacre menos feio, mais palatável, mais fácil de esconder. A oposição que Vieira está defendendo é exatamente a posição dos “sionistas de esquerda”.
O que também está por detrás dessa colocação é a concepção de que o Hamas realizou um ataque terrorista contra “Israel” no dia 7 de outubro e, por isso, o Estado sionista reagiu. Ou seja, é a política de defesa da opressão total do povo palestino. A política de que os palestinos não têm o direito de lutar contra os nazistas do século XXI que os oprimem. É o equivalente a defender a França massacrar argelinos, pois a resistência da Argélia atacou franceses que ocupam seu país. É algo ultra reacionário.
O erro de categorizar o 7 de outubro como ataque terrorista e não como ato de resistência é o “pecado original” do Itamaraty. Desde então, as suas posições nunca saíram dessa armadilha do sionismo. O presidente Lula cometeu esse erro, mas ao longo dos meses, tentou se afastar dessa posição. Passou a fazer o mínimo, que era condenar o genocídio, mesmo sem se retratar, o que ainda é um erro seu.
Entretanto, Mauro Vieira tem uma posição diferente do presidente, uma posição profundamente reacionária. Ele assume, na verdade, a mesma política do governo dos Estados Unidos. Usa argumentos que aparentam ser a favor da Palestina quando, na realidade, estão a favor de “Israel”. Prova maior disso foi o documento assinado por Vieira que pediu a libertação dos prisioneiros do Hamas e ignorou completamente o genocídio em Gaza.
Mauro Vieira se mostra um amigo do sionismo, alguém inapto para atuar num governo de esquerda como o do presidente Lula.