Atualmente, observa-se um potencial ponto de inflexão tanto na situação política internacional quanto na nacional. Internacionalmente, destacam-se dois problemas interligados. O primeiro é a crise do imperialismo, desencadeada pela derrota dos EUA no Afeganistão, seguida pela crise ucraniana, a operação em Gaza e a instabilidade na África, culminando na recente derrota eleitoral dos partidos do imperialismo no Parlamento Europeu.
O segundo problema refere-se à crise política na França, onde a vitória do RN representou um desastre político significativo, com apoio alcançando quase 70% em algumas cidades. Macron foi amplamente derrotado, o que desencadeou uma desorganização inicial entre os setores da direita local. Uma semana após as eleições, observou-se um crescimento notável da extrema-direita, inclusive em áreas onde não venceu, sugerindo um apoio popular substancial.
O voto no Parlamento Europeu foi descrito por alguns como um protesto, minimizando a posição mais radical da extrema-direita. Contudo, relatos da imprensa francesa indicam confrontos nas ruas envolvendo grupos de extrema-direita, sinalizando uma possível escalada de tensões sociais e políticas.
Internamente, no Brasil, observa-se uma crescente deterioração do governo em relação à burguesia. A crítica e o boicote têm sido intensos, especialmente após as eleições municipais, onde a direita está em ascensão e o PT enfrenta desafios significativos. Paralelamente, o bolsonarismo tem se aproximado de setores tradicionais da burguesia, buscando consolidar seu apoio político.
Parte da liderança do PT demonstra preocupação com a falta de poder e a incapacidade de implementar políticas populares eficazes. A adoção de medidas de austeridade, mesmo que mitigadas, tem alienado setores populares, contribuindo para a vulnerabilidade do partido frente à ascensão da extrema-direita.
A situação nacional reflete uma dinâmica global onde a classe operária encontra-se paralisada e a esquerda, muitas vezes, subordinada aos interesses do imperialismo. O crescimento da extrema-direita é atribuído à implementação de políticas neoliberais que priorizam os interesses do grande capital e bancos em detrimento dos setores econômicos menores e menos lucrativos.
No contexto brasileiro, a crise reveste-se de características ainda mais severas, com resistência limitada dos trabalhadores ao neoliberalismo. Isso tem fomentado um ambiente propício ao surgimento e crescimento da extrema-direita como alternativa política.
A urgência de uma resposta eficaz a essas questões implica em uma necessidade de ruptura com a política pró-imperialista que tem dominado a agenda política da esquerda. A mobilização em torno de um programa político que atenda aos interesses dos trabalhadores e da economia nacional emerge como uma alternativa crucial frente à atual conjuntura política brasileira e internacional.