Dia 17 de abril foi o dia dos prisioneiros palestinos, entretanto, os quase 10 mil palestinos prisioneiros do Estado de “Israel” foram ignorados pela imprensa burguesa. Nos últimos seis messes, a ocupação sionista, além de assassinar 34 mil palestinos, prendeu milhares de palestinos.
Segundo a Comissão para os Assuntos dos Detidos, 8.270 palestinos foram detidos até o dia 16 de abril. Entre estes estavam 275 mulheres, 520 crianças, 66 jornalistas, destes últimos 45 continuam sob custódia, com 23 em detenção administrativa, uma prisão que segue as leis coloniais britânicas da Palestina.
Cárcere indefinido
Entre os palestinos prisioneiros do regime sionista, algo em torno de um terço está sob “detenção administrativa”. Esse instrumento permite aos militares israelenses a “deter” as pessoas com provas secretas, sem apresentação para defesa, indefinidamente e sem julgamento.
Essa lei marcial, encontrasse em vigor desde 1948, sendo utilizada ostensivamente contra a população palestina. Um regime de exceção, no que seria a única “democracia” do oriente médio, que vem infringindo diretos básicos da população palestina, e perdura por mais de 7 décadas.
Ao menos 3660 palestinos estão presos sob detenção administrativa. Sendo 80 mulheres da Cisjordânia, 200 menores, e 40 crianças.
Lei dos Combatentes Ilegais
A detenção administrativa não é o único instrumento de perseguição do Estado sionista, a Lei dos Combatentes Ilegais é uma legislação específica contra os palestinos em Gaza. Estes são presos sob suspeitas de “combatentes ilegais”, sem provas de acusação ou representação legal de defesa.
Segundo a organização Al Mezan, estes palestinos de Gaza são “mantidos em total isolamento do mundo exterior” e “não lhes é concedido o estatuto de prisioneiros de guerra ao abrigo da Terceira Convenção de Genebra, nem lhes é concedida a proteção de detidos civis ao abrigo da Quarta Convenção de Genebra”.
Ao menos 1650 moradores de Gaza presos nos últimos messes estão sob efeito dessa normativa. Outros 300 estão detidos, sob “investigação” podendo ser enquadrados nesse instrumento, entre estes estão 10 crianças.
É uma normativa explicita de tomada de reféns palestinos de Gaza pelo Estado de “Israel”. A imprensa imperialista, e até da esquerda pequeno-burguesa, fala frequentemente dos reféns do Hamas e demais combatentes palestinos, mas nada é falado acerca do número centenas de vezes maior dos reféns do Estado de “Israel”.
Tortura, maus tratos e assassinatos
Segundo relatório da Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, após 7 de outubro, ao menos 16 prisioneiros palestinos na Cisjordânia morreram nas prisões sionistas devido a “medidas sistemáticas de tortura, crimes médicos, política de fome e muitas outras violações e agressões conduzidas contra detidos do sexo masculino e feminino, menores e idosos”.
O portal sionista Haaretz, complementa esse quadro afirmando que 27 palestinos de Gaza morreram em prisões israelenses desde o 7 de outubro: “Os detidos morreram nas instalações de Sde Teiman e Anatot ou durante interrogatórios em território israelense”.
No mesmo artigo é referido um relatório da UNRWA, agência da ONU para refugiados, publicado recentemente pelo The New York Times, onde os detidos libertos em Gaza testemunharam que tiveram acesso médicos e de defesa legal negado, além de serem espancados, roubados, despidos e sexualmente abusados.
As Guantánamos no Oriente Médio
Há um histórico de documentado de tortura indiscriminada promovida por “Israel”. Segundo organizações israelenses de direitos humanos, essa prática sofreu uma escalda no último período.
Para o grupo de diretos humanos B’Tselem: “todos os anos, Israel prende e detém centenas de menores palestinos ao mesmo tempo que viola rotineira e sistematicamente os seus direitos: durante a detenção [e] sob interrogatório”.
Para o executivo do Comitê Público Contra a Tortura em “Israel”, o cenário é extremamente preocupante, os 10 mil palestinos presos constituem “um aumento de 200% em relação a qualquer ano normal”.
Assim como em Guantánamo, a prisão ilegal norte-americana, os campos de detenção sionistas costumam ser grandes áreas planas demolidas, sem tendas ou abrigo. Descritos pelos libertos como “jaulas ao ar livre”, onde os presos são “algemados e vendados 24 horas por dia”.
Um crime documentado
Essa situação de tratamento desumano já foi documentada e relatada por várias organizações, entre esta a Adalah, HaMoked, os Médicos pelos Direitos Humanos de “Israel” e o Comitê Público Contra a Tortura em “Israel”. Estes apresentaram uma solicitação ao Relator Especial da ONU sobre tortura e outros tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou degradantes, “exortando o RE a tomar medidas imediatas para pôr fim ao abuso sistemático, à tortura e aos maus-tratos de prisioneiros e detidos palestinos nas prisões e centros de detenção israelenses”.
O Centro Al Mezan para os Direitos Humanos ou Al Mezan afirma ter visitado 40 prisioneiros palestinos nas prisões de Ashkelon e Ofer, o advogado da a organização que participou das visitas afirmou que nunca havia visto condições de prisão tão precárias em 20 anos trabalhando com detidos.
Um dos testemunhos ao Al Mezan foi de um jovem de 19 anos que “três das suas unhas foram removidas com um alicate durante o interrogatório” e ele foi “algemado e amarrado em posições desconfortáveis durante longos períodos – três vezes durante três dias de interrogatório”.
Segundo Al Mezan os palestinos “sofrem de emagrecimento agudo, fadiga e curvatura das costas por serem forçados a dobrar as costas e a cabeça enquanto caminham”. Estado compartível com os relatos.
O jornal Haaretz relata o tratamento de um médico aos palestinos pressos: “Ainda esta semana, dois prisioneiros tiveram as pernas amputadas devido a ferimentos algemados, o que infelizmente é um acontecimento de rotina”.
Segundo o relato do médico, todos os pacientes têm os quatro membros algemados, são vendados e alimentados com canudo, o que significa que “mesmo pacientes jovens e saudáveis perdem peso após uma ou duas semanas de internação”.
A realidade demonstra que toda a campanha da imprensa em torno dos reféns não passa de sionismo, não qualquer preocupação com as condições da população. Tratasse apenas de um instrumento político do imperialismo na sua luta pela opressão da região.
Os veículos de imprensa imperialista que questionam o tratamento dos reféns sob custódia dos combatentes palestinos ignoram as condições desumanas dos detidos nas prisões israelenses.