O governo da República Bolivariana da Venezuela anunciou no último dia 7 a decisão de revogar imediatamente a aprovação concedida ao Governo da República Federativa do Brasil para representar a Argentina e também, a custódia das instalações da missão diplomática, incluindo seus bens e arquivos no País. O informe foi realizado pelo chanceler Yván Gil, no Telegram, afirmando que o país se viu “obrigado a tomar essa decisão motivado pelas provas sobre o uso das instalações desta missão diplomática para o planejamento de atividades terroristas e intenções magnicidas contra o presidente Nicolás Maduro a vice-presidente executiva Delcy Rodriguez Gomez pelos fugitivos da justiça venezuelana que permanecem dentro dela”, diz.
Disposto a manter a afronta a soberania venezuelana, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou ter recebido a comunicação “com surpresa”, mas afirmou ao jornal Estado de S. Paulo que continuará defendendo a embaixada “até que o governo argentino indique outro Estado aceitável para o governo venezuelano para desempenhar essas funções”. “De acordo com o que estabelecem as Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e sobre Relações Consulares, o Brasil permanecerá com a custódia e a defesa dos interesses argentinos até que o governo argentino indique outro Estado aceitável para o governo venezuelano para exercer as referidas funções”, disse o Itamaraty (sede da chancelaria brasileira), acrescentando que a defesa inclui “a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente abrigam seis asilados venezuelanos além de bens e arquivos”.
A decisão da Venezuela de revogar o benefício concedido ao Brasil para a custódia da embaixada da Argentina na capital venezuelana, Caracas, expõe a submissão vergonhosa do governo Lula aos interesses do imperialismo norte-americano. Já configura uma afronta o País furar o rompimento das relações entre o regime bolivariano o governo fantoche do presidente argentino Javier Milei, mas a insistência em manter a política demonstra que o governo brasileiro está mais preocupado em apoiar os interesses dos golpistas abrigados na embaixada do que em respeitar a soberania de um país vizinho e amigo.
A Venezuela luta bravamente contra as tentativas de desestabilização promovidas pelo imperialismo na América Latina. Ao se oferecer para representar a Argentina Lula rebaixa o Brasil a um estado de aríete dos interesses dos EUA, que querem derrubar Maduro a qualquer custo e colocar a Venezuela de joelhos. A custódia da embaixada argentina é apenas mais um exemplo de como o governo brasileiro age contra a soberania da Venezuela e apoia as ações de desestabilização, ao invés de fortalecer a luta da América Latina contra a ditadura norte-americana contra o subcontinente.
Manter a proteção desse local, sob a justificativa de inviolabilidade diplomática, é uma desculpa esfarrapada para encobrir a participação do Brasil nesse esquema. A missão diplomática foi transformada em um refúgio seguro para os opositores ao governo venezuelano, muitos dos quais são procurados pela justiça venezuelana.
Ao proteger esses elementos, Lula vai na contramão dos interesses da Venezuela e, mais uma vez, cede às pressões do imperialismo. Os governos norte-americanos e europeus, por sua vez, seguem pressionando pela sabotagem de governos que não se dobram aos seus interesses, ganhando força a cada vacilação do Brasil, o que termina influenciando os demais países latino-americanos.
A Venezuela, um dos principais líderes da resistência ao imperialismo na região, está constantemente sob ataque de todos os lados. O uso da embaixada argentina para fins golpistas não é uma exceção; é a regra que o imperialismo impõe em sua guerra contra os países atrasados. E o Brasil, ao invés de apoiar a luta legítima da Venezuela contra esses ataques, se coloca ao lado dos inimigos do povo venezuelano.
Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tenta estabelecer uma política nacionalista, chegando a apoiar veladamente a iniciativa russa de combater a OTAN, mas desde a capitulação contra o Hamas e o nacionalismo palestino, deu uma guinada em sua política. Ele já havia apunhalado Nicolás Maduro ao furar o rompimento das relações diplomáticas entre Venezuela e Argentina, posicionando-se como intermediário em uma situação que não deveria envolver o Brasil.
Agora, a decisão de manter a custódia da embaixada argentina na Venezuela é uma capitulação ainda mais vergonhosa diante da pressão imperialista. Ao se submeter aos monopólios, o presidente brasileiro enfraquece não só a soberania venezuelana, mas também a resistência anti-imperialista na América Latina.
A política atual de Lula, ao invés de proteger a autodeterminação dos povos, fortalece as forças golpistas que buscam desestabilizar governos legítimos, como o de Gustavo Petro na Colômbia, que também enfrenta uma onda de manifestações articuladas por setores golpistas. Ao agir assim, o Brasil corre o risco de alimentar a mesma ameaça em seu próprio território.
Golpistas organizados pelo imperialismo são os principais fortalecidos pela política de afronta à Venezuela e não hesitarão em tentar desestabilizar o governo brasileiro no futuro. O que Lula deve fazer é se retirar imediatamente da custódia da embaixada argentina e reconhecer a legitimidade da vitória de Maduro, ajudando a encerrar essa disputa antes que ela se agrave ainda mais.
Só assim será possível frear o avanço das forças imperialistas na América do Sul e proteger a soberania dos países da região, incluindo o próprio Brasil. A decisão de Lula, se mantida, servirá apenas para dar fôlego aos inimigos internos e externos que já operam para desestabilizar a ordem política do continente.