Diante da pressão cada vez maior da direita desde o início de seu terceiro mandato, o presidente Lula, que historicamente sempre se posicionou como uma liderança popular, comprometida com o desenvolvimento do Brasil, a geração de empregos e o combate à fome, capitulou completamente diante da política neoliberal. A recente reunião com os principais banqueiros do País, realizada nesta quarta-feira (16), no Palácio do Planalto, é expressão disso.
O encontro contou com a presença de líderes do setor financeiro, como Luiz Carlos Trabucco (Bradesco), Isaac Sidney (Febraban), Milton Maluhy Filho (Itaú) e André Esteves (BTG Pactual), além da equipe econômica do governo, liderada pelos fantoches do mercado financeiro Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central. O objetivo do encontro, segundo a imprensa, teria sido o de elogiar a gestão econômica do governo e sugerir um “Pacto pela Estabilidade Fiscal”, que visaria garantir o retorno do grau de investimento ao Brasil.
Os banqueiros, além de elogiar o desempenho econômico do governo, defenderam a necessidade de contenção de gastos públicos e ajuste fiscal, medidas que atingem duramente os trabalhadores. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem defendido abertamente o controle das despesas em áreas essenciais, como saúde, educação e programas sociais, alegando que os gastos “cresceram mais que a receita”.
A ministra do Planejamento, a golpista Simone Tebet (MDB), reforçou essa política ao afirmar que “chegou a hora de levar a sério a revisão de gastos públicos”. Revelando-se um verdadeiro Cavalo de Troia da burguesia no governo, Tebet defendeu que o governo não pode mais depender apenas do aumento de receitas para resolver o desequilíbrio fiscal, e que cortes em áreas sensíveis, incluindo “supersalários” do funcionalismo, estão na mesa de discussão.
A política de ajuste fiscal que o governo está levando adiante é tão agressiva que tem gerado críticas de setores de dentro do próprio Partido dos Trabalhadores. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, recentemente manifestou sua preocupação com a direção que o governo Lula está tomando. Hoffmann criticou a revisão de programas sociais, como o seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que estão na mira da equipe econômica como parte de um pacote de cortes. Ela destacou que, enquanto esses benefícios, que impactam diretamente os mais pobres, estão sendo revistos, a prometida reforma do Imposto de Renda, que deveria taxar os mais ricos e aliviar os trabalhadores, segue sendo adiada. “Já vimos esse filme antes e o final não é bom para o país”, disse ela.
As declarações de Hoffmann mostram que a política de austeridade do governo não está apenas afastando o apoio popular, mas também criando fissuras dentro do próprio partido do presidente. A equipe econômica, pressionada pelo mercado financeiro, está revisando políticas sociais essenciais, enquanto continua a priorizar o controle fiscal. O resultado é uma política que favorece os banqueiros e sacrifica a população mais vulnerável.
Esse cenário se assemelha cada vez mais à era neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), marcada pelo arrocho fiscal e pelo sacrifício das áreas sociais em nome da “responsabilidade fiscal”. Sob a gestão de Haddad, o governo Lula está trilhando um caminho perigoso, alinhando-se aos interesses do grande capital e ignorando as demandas das camadas populares. As recentes medidas anunciadas, como os cortes de R$25,9 bilhões em despesas obrigatórias, são apenas o início de um processo que tende a aprofundar o fosso entre o governo e sua base.
Se o governo Lula não mudar de rumo completamente, perderá todo o seu apoio popular rapidamente. Se isso acontecer, as condições para uma derrota eleitoral em 2026 ou mesmo um golpe de Estado estarão dadas.