Nesta sexta-feira (20), Lula deu uma série de declarações em relação ao Banco Central (BC) e a seu novo presidente, Gabriel Galípolo. Expressando uma política econômica ainda pior do que aquela defendida no último período, o presidente afirmou que o novo chefe do BC será o mais autônomo da história.
“Queria, Galípolo, dizer para você uma coisa muito importante, quero que você saiba que está aqui por relação de confiança minha e de toda equipe de governo. Quero que saiba que jamais, jamais haverá, por parte da Presidência, qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central
Quero te dizer que você será certamente o mais importante presidente do BC que esse país já teve, que vai ser o presidente com mais autonomia que o BC já teve, porque tenho certeza que sua qualidade profissional, experiência de vida e seu compromisso com povo brasileiro, certamente, você vai dar uma lição de como é que se governa o BC com a verdadeira autonomia”, disse em vídeo publicado nas redes sociais.
Ao validar a “independência” da autarquia, Lula também reforça o controle do capital financeiro sobre o Brasil. Se for levada a sério, sua declaração, nesse sentido, expressa a política de entregar as chaves do cofre nacional para os verdadeiros inimigos do povo, os vampiros do capital financeiro.
Além disso, em sua fala, o presidente tentou criar amizade com o chamado “mercado”, um eufemismo para a burguesia ligada ao capital financeiro: “aprendi a não brigar com o mercado financeiro, mas a tratar com jeitinho”.
Não há jeitinho que funcione com banqueiros e especuladores. Para eles, cada concessão é apenas um degrau rumo a mais exploração e mais lucros à custa do sofrimento dos trabalhadores.
Essa promessa de autonomia é, na verdade, uma capitulação diante da pressão do imperialismo e dos grandes bancos. Não é à toa que, após a publicação do vídeo em questão, o “mercado” reagiu derrubando o preço do dólar e aumentando o valor da bolsa, evidenciando o “alívio” dos capitalistas com a certeza cada vez maior de que Galípolo seguirá a mesma política de Campos Neto.
A situação é ainda mais grave porque o governo parece não compreender que não existe possibilidade de conciliação com esses setores. A política de cortes de gastos, liderada por Fernando Haddad e aprovada recentemente no Congresso, é mais um exemplo de que o governo tem cedido em pontos fundamentais. Enquanto o mercado finge aprovação momentânea, já exige mais austeridade, mais cortes, mais ataques aos direitos do povo.
Com suas declarações, Lula tenta convencer que as medidas adotadas são necessárias para o equilíbrio econômico. “Estou mais convicto do que nunca que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras”, disse. Contudo, como proteger salários quando a política adotada favorece apenas aos banqueiros? Afinal, o corte de gastos significa menos investimento em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura, enquanto a população enfrenta o desemprego e o alto custo de vida.
A história demonstra que ceder ao mercado é um erro que custará caro. Não importa o quanto o governo tente agradar, o capital financeiro nunca estará satisfeito. Cada concessão apenas fortalece aqueles que trabalham contra os interesses nacionais e do povo trabalhador.
O verdadeiro caminho para o governo Lula é romper com essa política de conciliação e adotar medidas que enfrentem diretamente o poder dos grandes bancos e do imperialismo. Suspender o pagamento da dívida pública, reduzir os juros, reverter os cortes de investimentos e priorizar as demandas populares é o único meio de garantir a estabilidade necessária para o País.
Ceder às exigências do mercado não trará paz ao governo. Pelo contrário, cada passo dado nessa direção apenas aumenta a fome de quem quer explorar o Brasil até o último centavo.
Lula, é hora de dar um basta e mobilizar a população para enfrentar os verdadeiros inimigos do Brasil.