Na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrida na última terça-feira (23), o presidente Lula afirmou que a atual guerra entre o Estado terrorista de “Israel” e o povo palestino teria começado com a “ação terrorista de fanáticos religiosos contra civis israelenses inocentes se transformou numa punição coletiva de todo o povo palestino”.
Antes de qualquer análise que se possa fazer, é preciso dizer claramente: trata-se de uma calúnia contra a resistência palestina. Não há nenhum fanático religioso, nem fanático de qualquer tipo na Palestina. O pessoal está resistindo a uma opressão brutal que dura cem anos. Se resistir contra a opressão do seu povo por cem anos é ser fanático religioso, então não existe luta libertadora no mundo, é tudo fanatismo.
Falar que a luta dos palestinos é uma luta de “fanáticos religiosos” é uma coisa monstruosa de se falar. Primeiro porque ali não tem nenhum fanático religioso ou fanático de qualquer tipo. O Hamas é um partido que tem raízes profundas em toda a comunidade palestina. Se o Hamas é “fanático religioso”, então os palestinos são todos fanáticos religiosos.
A ação do dia 7 de outubro não foi exclusiva do Hamas. Participaram grupos que não têm nada de religiosos. Por exemplo, a Frente Popular pela Libertação da Palestina participou. Foi uma ação comum da resistência palestina, toda ela. Os únicos que não participaram dessa luta foram os que o Lula saudou no começo: as pessoas ligadas a Mahmoud Abbas, que é um cachorro do sionismo.
Para Lula, para fazer seu jogo — que já está se esgotando completamente, de dar uma no cravo e outra na ferradura —, ele decidiu caluniar a luta do povo palestino. É uma coisa horrenda.
É também uma vergonha que o governo brasileiro ignore que a maioria dos civis inocentes israelenses foi morta pelo próprio exército israelense. O governo brasileiro e a diplomacia brasileira ignoram esse fato sistematicamente, mesmo isso já tendo sido comprovado por vários órgãos de imprensa.
Logo após o 7 de outubro, Lula falou em “terrorismo”. Não foi um atentado terrorista. A Faixa de Gaza, todo mundo sabe, é um campo de concentração. Os palestinos escaparam do campo de concentração e atacaram as bases militares israelenses que cercam toda a Faixa de Gaza. Não teve nada de ataque contra civis inocentes. Isso é uma mentira, uma mentira que é contada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu, e Lula repete essa mentira na Assembleia Geral da ONU.
O governo brasileiro se mostra composto pelos piores ignorantes de política internacional que existem ou por pessoas que estão mentindo deliberadamente.
Também é vergonhoso falar em crise humanitária. Há um massacre da população civil, deliberado, consciente. É uma tentativa de limpeza étnica, é uma coisa monstruosa.
Os responsáveis por isso são os Estados Unidos. Esses são os grandes responsáveis. Em seu discurso Lula não condenou nem Netaniahu, nem os Estados Unidos, nem o imperialismo europeu. Mas falou que a resistência palestina é composta por fanáticos religiosos que atacam civis inocentes. É uma colocação monstruosa.
É sintomático também o silêncio dos integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT). Ninguém fala absolutamente nada. Mas é preciso ser dito: o que Lula falou na ONU é a versão da extrema direita, ele está corroborando a versão dos bolsonaristas. Não é de se espantar que a extrema direita não pare de crescer. Não é de se espantar que a Polícia Federal seja controlada pelo Mossad.
Em nome do tal “pragmatismo”, o PT não falará nada e deixará o bolsonarismo ir ganhando terreno até tomarem conta por completo do País? É uma capitulação monstruosa.
É curioso que, mesmo com essa capitulação, a direita e a burguesia não acharam boa a declaração dele sobre a Palestina, apesar de ser uma declaração horrenda. Os sionistas criticaram, acharam que ele não foi suficientemente duro com os terroristas na Palestina.
O governo do PT está tão pressionado pelo imperialismo e pela burguesia que ele decidiu abaixar a cabeça diante disso para ver se sobrevive. É o caminho inevitável da derrota.