Há exatos 400 dias, no dia 12 de novembro de 2023, o brasileiro Lucas Passos Lima era preso preventivamente pela Polícia Federal, como desdobramento da Operação Trapiche. Desde então, ele nunca mais viu a luz do dia. Quase um ano depois, em 6 de setembro de 2024, Lucas Passos foi condenado pela 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte a 16 anos de cadeia, dificultando ainda mais a sua soltura.
A prisão de Lucas Passos se tornou um divisor de águas no regime político brasileiro. Ele é a maior prova da subordinação total das instituições brasileiras ao sionismo. Afinal, de forma inédita, um brasileiro foi preso e condenado em uma operação marcadamente comandada pelos serviços de inteligência israelenses e norte-americanos.
O caso de Lucas Passos é assombroso desde o primeiro momento. Ele foi preso junto a outros brasileiros que, de acordo com a Polícia Federal, haviam sido recrutados pelo partido libanês Hesbolá (Partido de Deus) para praticar “atentados terroristas” no Brasil.
Antes de se analisar as “provas”, já chama a atenção o próprio tipo de acusação. O Hesbolá não é considerado uma organização terrorista no Brasil. Tampouco realiza “atentados terroristas” em lugar algum do mundo. Não se tem conhecimento de uma única sinagoga que o Hesbolá tenha explodido. Por que, então, seria crível que o Hesbolá teria recrutados brasileiros para atentar contra mesquitas no Brasil?
O que se sabe, por outro lado, é que, há décadas, o imperialismo norte-americano e o sionismo acusam, sem provas, o Hesbolá e a República Islâmica do Irã de atentados para, com isso, justificar uma perseguição contra seus adversários. Recentemente, a ex-presidente Cristina Kirchner, vítima de um processo golpista na Argentina, passou a ser investigada por supostamente ter encoberto “crimes” atribuídos pela grande imprensa ao Irã e ao Hesbolá.
Ao analisar as “provas” da Operação Trapiche, tudo fica ainda mais grotesco. Um dos investigados era um pagodeiro que passou a ser considerado “suspeito” simplesmente por ter ido ao Líbano. Já Lucas Passos, embora tenha tido a sua privacidade inteira violada, não foi encontrado em posse de explosivos, armamentos pesados ou qualquer coisa que indicasse que iria realizar um atentado. Além de algumas mensagens, as “provas” da Polícia Federal são coisas tão robustas como pesquisas na Internet.
Pela total ilegalidade da prisão de Lucas Passos, não há dúvidas de que se trata de uma perseguição política. Mas para quem ainda tivesse dúvidas, ninguém menos que Benjamin Netaniahu ajudou a esclarecê-las: o primeiro-ministro de “Israel” apresentou orgulhosamente a informação de que a PF deflagrou a Operação Trapiche graças à “colaboração” com o Mossad, o mais famoso serviço de inteligência de “Israel”. Em outras palavras, trata-se de uma operação encomendada.
A infiltração do sionismo na Polícia Federal não causa surpresa alguma. A PF foi, afinal, um dos principais pilares do golpe de Estado de 2016. Seus agentes agiam sabidamente sob orientação do Departamento de Estado norte-americano.
Também não é surpresa alguma que o Judiciário tenha agido sob ordens do sionismo. No próprio Supremo Tribunal Federal (STF), ministros como André Mendonça nem mesmo escondem suas relações com o Estado de “Israel”, participando de excursões promovidas pela Confederação Israelita do Brasil.
Embora Lucas Passos seja uma figura desconhecida da esmagadora maioria da população, a perseguição contra ele tem o claro objetivo de reprimir o conjunto da população árabe e do movimento de apoio à causa palestina. Afinal, o que o sionismo quer estabelecer é que qualquer pessoa que tenha ligações com países como o Irã ou o Líbano é necessariamente “terrorista”. É uma tentativa clara de estabelecer um precedente para calar, pela força, aqueles mais propícios a defender o povo palestino.
O cerco àqueles que se voltam contra o sionismo é cada vez maior. O jornalista petista Breno Altman, por exemplo, já acumula duas condenações criminosas contra a sua liberdade de expressão. O Partido da Causa Operária (PCO) corre o risco de perder o seu registro por defender a resistência palestina. Com o precedente estabelecido com a prisão de Lucas Passos, todos esses casos tendem a se agravar.
É por isso que, diante dos 400 dias de prisão de Lucas Passos, é fundamental erguer um grande movimento por sua liberdade.