As Brigadas de Jerusalém, ou Liua al-Quds é uma milícia popular síria, formada principalmente por refugiados palestinos que vivem naquele país. Surgiu no ano de 2012, na conjuntura da chamada Guerra Civil Síria, ou seja, a guerra da Síria contra a intervenção imperialista. Fundada pelo engenheiro Muhammad al-Sa’eed, seu principal território de atuação vem sendo nas cidades de Alepo e Daara.
A Guerra na Síria começou em 2011, quando da Primavera Árabe, uma época de mobilização generalizada dos povos árabes e muçulmanos do Oriente Próximo e da África do Norte, mobilização surgida da crise geral do imperialismo, que havia se aprofundado em 2008.
Mobilizações populares também ocorreram na Síria, cobrando o governo por melhores condições de vida. Contudo, ante a ausência de uma direção revolucionária para a revolta das massas, os Estados Unidos interviram impulsionando parte da população Síria contra o governo de Bashar al-Assad. Assim o imperialismo organizou grupos armados para derrubar o governo. O mais famoso foi o Exército Livre da Síria, mas o próprio Estado Islâmico surgiu dessa forma.
Desde que foi criada, as Brigadas de Jerusalém, participaram de inúmeras batalhas combatendo tais forças pró imperialistas. Foram elas:
Batalha de Alepo (2012–2016)
Operação Canopus Estrela
Operação Arco-Íris
Ofensiva de Alepo (julho de 2015)
Ofensiva Ithriah-Raqa (fevereiro de 2016 até os dias atuais)
Ofensiva de Alepo (outubro-dezembro de 2015)
Campanha Sul de Alepo 2016
Ofensiva do Norte de Alepo (2016)
Ofensiva de Aleppo (junho a dezembro de 2016)
Campanha no Deserto da Síria (maio a julho de 2017)
Ofensiva do sul de Raqa (junho de 2017)
Campanha da Síria Central (2017)
Ofensiva Rif Dimashq (fevereiro-abril de 2018)
Ofensiva do Noroeste da Síria de 2019
Campanha no Deserto da Síria (dezembro de 2017 até os dias atuais)
A população de palestinos da Síria foi duramente afetada nessa guerra. O princial local onde viviam, o campo de refugiados de al-Iarmuc foi palco de uma violenta batalha. No fim, a Liua al-Quds venceu, mas não lutou sozinha. Outra organização palestina também atuou, a FPLP, Frente Popular para a Libertação da Palestina, que agora luta na Faixa de Gaza ao lado do Hamas.
Nessas batalhas, não combateu apenas milícias pró imperialistas ditas de oposição à Assad. Lutou contra o Estado Islâmico, organização através da qual os Estados Unidos e “Israel” atuaram para desestabilizar e destruir governos nacionalistas e movimentos de libertação nacional no Oriente Próximo, especialmente a Síria e o Iraque. Por exemplo, em maio de 2018, as Brigadas, em colaboração com as Forças de Defesa Nacional (milícia síria nacionalista), fez ofensiva contra o território controlado pelo EI no deserto de Deir ez-Zor. Durante essa operação conjunta, a vila de Faidat Umm Muuainah foi conquistada,
Travando a luta aintiimperialista na Síria contra o EI e outras milícias, as Brigadas de Jerusalém receberam apoio da Rússia e do Irã, países atrasados cujo auxílio vem sendo fundamental ao governo Bashar al-Assad e o povo sírio a derrotar a agressão norte-americana contra o país.
Mas o envolvimento do Irã na guerra contra o imperialismo na Síria não foi apenas um auxílio. O país persa, através da Força Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária liderada pelo general Qassem Soleimani, no combate ao Estado Islâmico, expandiu o Eixo da Resistência, de forma que as forças nacionalistas sírias do governo Al-Assad, e milícias populares como as Brigadas de Jerusalém passaram a fazer parte dessa coalizão de forças aintiimperialistas e antissionistas no Oriente Próximo, da qual também fazem parte o Hesbolá, o Ansar Alá e as Forças Populares de Mobilização iraquianas.
Quanto à estrutura militar das Brigadas de Jerusalém, ela possui quatro batalhões, nomeadamente, o Batalhão dos Leões de Jerusalém, o Batalhão dos Defensores de Alepo, o Batalhão de Dissuasão e o Batalhão dos Leões de al-Shaba.
Em demostração da derrota dos EUA em sua tentativa de derrubar o governo nacionalista sírio, no ano de 2018, combatentes sírios que inicialmente haviam pegado em armas contra o governo passaram a ser recrutados pelas Brigadas de Jerusalém. Em 2019, 150 combatentes que haviam deixado o Exército Livre da Síria, passaram a fazer parte das brigadas palestinas. No mesmo ano, as brigadas foram incorporadas ao Quinto Corpo de Assalto, do exército sírio, mas mantendo sua autonomia. Atualmente, possui algo entre 5 mil a 7 mil combatente, os quais se referem a si como Guerrilheiros Palestinos (Fedaim) do Exército Sírio Árabe.