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Oriente Médio

Líder golpista na Síria defende ‘aliança’ com a Rússia

A Rússia foi derrotada com a queda de seu aliado Bashar al-Assad, mas o destino da Síria ainda é muito incerto tamanha a fraqueza do imperialismo

O novo regime sírio, liderado pelo grupo mercenário Haiat Tahrir-al-Sham (HTS), reiterou sua disposição de manter laços estreitos com a Rússia. Ahmed Hussein al-Sharaa, conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammad al-Jolani, destacou em entrevista ao canal Al Arabiya que não pretende pressionar a Rússia a retirar suas instalações militares do território sírio. “A Rússia é o segundo Estado mais poderoso do mundo. Ela é de grande importância. A Síria compartilha interesses estratégicos com a Rússia“, disse, em meio a questionamentos sobre o futuro das bases russas em Khmeimim e Tartus, localizadas na costa mediterrânea do país.

Desde que os grupos mercenários pagos pelo imperialismo assumiram o controle de Damasco, obrigando o ex-presidente Bashar al-Assad a renunciar e buscar asilo na Rússia, a presença militar russa em solo sírio tem sido motivo de especulações. No entanto, al-Jolani enfatizou que a Síria tem “interesses estratégicos” em preservar relações positivas com os russos. “Não queremos que a Rússia saia da Síria de forma que comprometa o histórico de relações de longo prazo entre os dois países”, afirmou, durante a entrevista concedida no último domingo (29).

Em declaração anterior, al-Jolani já havia declarado que o governo interino está empenhado em evitar provocações contra potências estrangeiras e que espera oferecer à Rússia a oportunidade de reavaliar sua relação com a Síria de forma que beneficie ambos os lados. Essas posições têm sido vistas como um esforço para garantir estabilidade em meio a uma transição política complexa, que está programada para durar até 1º de março do próximo ano.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Rússia Serguei Lavrov, afirmou que os acordos que regem a presença militar russa no país continuam válidos e foram firmados dentro das normas do direito internacional. Ele também esclareceu que Moscou está disposta a discutir o futuro de suas bases com o novo governo sírio após o término do período de transição.

A instalação de bases militares russas na Síria é estipulada por acordos interestaduais válidos, concluídos de acordo com as normas do direito internacional. Cada um deles define as condições operacionais dessas instalações e inclui obrigações específicas para ambos os lados“, disse Lavrov também no domingo (29), em entrevista ao órgão russo RIA Novosti. O porta-voz do Kremlin Dimitri Peskov, reforçou essa postura, afirmando que o diálogo com os representantes das forças que controlam a Síria será a chave para resolver quaisquer questões pendentes.

Segundo fontes citadas pela agência russa TASS, a Rússia obteve garantias temporárias de segurança para suas bases, que continuam operando normalmente. Essas bases têm um papel crucial na projeção de poder russo no Mediterrâneo e na preservação de uma relativa estabilidade regional, mesmo diante das turbulências internas da Síria.

O novo regime sírio, formado após uma ofensiva relâmpago que culminou na captura de vastas áreas do país em novembro, enfrenta desafios tanto internos quanto externos. A rapidez com que as forças lideradas pelo HTS tomaram o controle de Damasco surpreendeu observadores regionais e internacionais, levando a um colapso do governo anterior.

Enquanto isso, a situação continua a ser influenciada por forças externas, especialmente os Estados Unidos e o Reino Unido. Seguindo relatos da agência russa Sputnik, o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR) acusou os EUA e o Reino Unido de planejar ataques terroristas contra bases russas em território sírio. Segundo a SVR, comandantes do Estado Islâmico teriam recebido drones armados para realizar tais ataques, como parte de uma estratégia para impedir a estabilização do país.

O objetivo desses ataques, conforme o SVR, seria prolongar o caos no Oriente Médio e garantir o controle sobre regiões ricas em petróleo, como as áreas a leste do rio Eufrates, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico. Essa política reflete interesses mais amplos do imperialismo em manter a região sob seu controle e neutralizar a presença russa.

Ao mesmo tempo, Lavrov assegurou que a cooperação entre Rússia e Irã, outra potência envolvida na conjuntura síria, permanece intacta. Ele destacou que um acordo abrangente entre os dois países está pronto para ser oficializado, independentemente das mudanças no regime sírio. Esse pacto visa reforçar a parceria estratégica entre os dois países, garantindo continuidade em suas ações conjuntas.

As declarações de al Jolani sem dúvida são simpáticas à Rússia e um tanto surpreendentes porque, finalmente, os EUA e “Israel” são os maiores impulsionadores do HTS, de sua vitória e da ascensão dos mercenários ao governo sírio. Será preciso acompanhar a evolução da situação síria para uma compreensão melhor sobre o que esse posicionamento (que não recebeu maiores comentários nem dos russos e nem do imperialismo) indica. Não deixa de ser marcante, porém, que al Jolani escolha enaltecer o gigante eslavo como “segundo mais poderoso do mundo”, claramente em oposição à ordem geral da ditadura mundial de atacar os russos.

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