América Latina

Lições e limites da ‘greve geral’ argentina

A covardia da burguesia e a capitulação da esquerda colocam cada vez mais a tarefa de derrotar os capachos do imperialismo nas mãos da classe operária

No último dia 24, convocados pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT), centenas de milhares de trabalhadores argentinos aderiram à paralisação de 24 horas contra o pacote de medidas anunciado pelo ultra reacionário governo de Javier Milei, eleito no final do ano passado.

O “Projeto de Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos”, mais conhecido como “Lei Ônibus”, elimina praticamente todos os direitos dos trabalhadores e adota medidas de liquidação da economia argentina em favor do grande capital internacional, com privatizações, demissões em massa, terceirizações, corte de gastos públicos etc., além de propor uma legislação repressiva para impedir que os trabalhadores possam se mobilizar contra a ditadura que o novo governo busca impor.

Tentativa de acordo

Os protestos foram marcados por reivindicações econômicas diante do projeto, com a burocracia sindical claramente buscando um acordo (ou no máximo “pressionar”) setores do peronismo que vem apoiando o pacote apoiado pelo FMI e pelo governo norte-americano.

A burocracia sindical, dominada pelo peronismo, não apresentou qualquer proposta de continuidade da mobilização, fazendo da “greve geral” um ato demonstrativo e que claramente visa abrir uma negociação com o governo golpista que quer promover o maior retrocesso nas condições de vida do povo trabalhador argentino, que enfrenta uma inflação de mais de 200% ao ano e uma desvalorização sem igual dos salários e aposentadorias, recorde de desemprego, de fome e miséria.

A paralisação contou com a adesão dos principais partidos da esquerda não peronista argentina, mas estes setores também se mostraram – uma vez mais – incapazes de apresentar uma alternativa política aos trabalhadores diante da crise.

Cadê o fora Milei?

O governo servo do imperialismo ataca impiedosamente o povo e a economia argentina. Os “nacionalistas” (peronistas) capitularam diante do imperialismo e colaboram buscando apenas reduzir minimamente a dosagem do ataque brutal. A burocracia sindical capitula diante do peronismo e evita uma mobilização mais ampla e que possa, efetivamente, derrubar o pacote. E a esquerda que se reivindica como socialista e até revolucionária, procura apenas “radicalizar” a política da burocracia e não coloca como perspectiva a necessidade de derrubar o governo golpista.

A situação de conjunto expressa o estrondoso fracasso da política de frente ampla no país vizinho, que acabou levando à vitória toda a direita que governa com Milei (incluindo os “tucanos” neoliberais argentinos, o “macrismo”, com apoio de setores do peronismo), reafirmando a inviabilidade da política de conciliação e capitulação da burguesia nacionalista e da esquerda parlamentar diante da direita e do imperialismo.

Apesar do caráter um pouco mais amplo da mobilização dessa semana, diante do crescimento da revolta popular, esta segue contida pela esquerda, pelas direções da classe trabalhadora, que se mostra incapaz de levantar a reivindicação de “fora Milei” e apontar claramente que a única alternativa dos trabalhadores é colocar abaixo o regime pró-imperialista e anti-operário que se procura impor.

A covardia da burguesia nacional (comum a todos os países atrasados), coloca cada vez mais a tarefa de derrotar os capachos do imperialismo nas mãos da classe operária, para o que é necessário superar os estreitos limites da política conciliadora e eleitoreira da esquerda, na Argentina e no Brasil e avançar na organização independente dos trabalhadores e da juventude.

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