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HISTÓRIA DA PALESTINA

Lênin: a ideia de que os judeus formem um Estado é reacionária

“É absolutamente insustentável cientificamente, a ideia de que os judeus formam uma nação separada é reacionária politicamente”

O principal dirigente da Revolução Russa, Vladimir Lênin, conviveu com o movimento sionista em seus princípios na Rússia. Ele sempre compreendeu quão reacionário era o movimento e já em 1903 o criticava de forma pesada. Em um debate com um setor de socialistas judeus, conhecido como Bund, que faziam parte do Partido Operário Social Democrata Russo, Lênin comentou rapidamente sobre a tese sionista. Suas críticas são muito claras, mostram que o marxismo é incompatível com o sionismo.

Lênin afirma: “é absolutamente insustentável cientificamente, a ideia de que os judeus formam uma nação separada é reacionária politicamente. Provas práticas irrefutáveis disso são fornecidas pelos fatos geralmente conhecidos da história recente e das realidades políticas atuais. Em toda a Europa, o declínio do medievalismo e o desenvolvimento da liberdade política ocorreram paralelamente à emancipação política dos judeus, ao abandono do iídiche pela língua do povo entre os quais viviam e, em geral, à sua inegável assimilação progressiva com a população circundante. Vamos novamente reverter às teorias excepcionalistas e proclamar que a Rússia será a única exceção, embora o movimento de emancipação judaica seja muito mais amplo e profundo aqui, graças ao despertar de uma consciência de classe heroica entre o proletariado judeu? Podemos possivelmente atribuir ao acaso o fato de que são as forças reacionárias em toda a Europa, e especialmente na Rússia, que se opõem à assimilação dos judeus e tentam perpetuar seu isolamento?

Aqui, Lênin deixa claro um aspecto que os sionistas escondem nos dias de hoje. O sionismo tem como aliado o antissemitismo. Invés de lutar contra a segregação dos judeus na Europa, a política correta, ele defende que essa segregação seja “resolvida” por meio de uma espécie de limpeza étnica “voluntária” que leve os judeus a migrarem para a Palestina. Por isso os sionistas conseguiram se aliar com os setores mais antissemitas do mundo. Na Primeira Guerra Mundial, com o Czar russo, e na década de 1930, com os nazistas.

Lênin, então, faz a explicação completa: “é precisamente disso que se trata o problema judaico: assimilação ou isolamento?—e a ideia de uma ‘nacionalidade’ judaica é definitivamente reacionária não apenas quando defendida por seus proponentes consistentes (os sionistas), mas também nas palavras daqueles que tentam combiná-la com as ideias da social-democracia (os bundistas). A ideia de uma nacionalidade judaica vai contra os interesses do proletariado judeu, pois fomenta entre eles, direta ou indiretamente, um espírito hostil à assimilação, o espírito do ‘gueto’. ‘Quando a Assembleia Nacional de 1791 decretou a emancipação dos judeus’, escreve Renan, ‘pouco se preocupava com a questão racial… É tarefa do século XIX abolir todos os ‘guetos’, e não posso elogiar aqueles que procuram restaurá-los. A raça judaica prestou ao mundo os maiores serviços. Assimilada às várias nações, harmoniosamente integrada às diversas unidades nacionais, prestará não menos serviços no futuro do que no passado’”.

Lênin faz referência à Revolução Francesa, ela foi um enorme avanço na luta contra a opressão dos judeus na França. As “minorias”, para deixarem de ser oprimidas, devem sair da situação de segregação, de isolamento. Por isso também os identitários se identificam tanto com os sionistas, seguem as mesmas teses de segregar populações.

Ele continua: “Karl Kautsky, referindo-se especificamente aos judeus russos, expressa-se ainda mais vigorosamente. A hostilidade em relação às seções não nativas da população só pode ser eliminada ‘quando as seções não nativas da população deixarem de ser estranhas e se integrarem à massa geral da população. Essa é a única solução possível para o problema judaico, e devemos apoiar tudo o que contribua para o fim do isolamento judaico’. No entanto, o Bund está resistindo a essa única solução possível, pois está ajudando, não a acabar, mas a aumentar e legitimar o isolamento judaico, ao propagar a ideia de uma ‘nação’ judaica e um plano de federação entre proletários judeus e não judeus. Esse é o erro básico do ‘bundismo’, que os social-democratas judeus consistentes devem e irão corrigir. Esse erro leva os bundistas a ações inauditas no movimento social-democrata internacional, como incitar desconfiança entre os judeus em relação aos proletários não judeus, fomentando suspeitas sobre estes últimos e disseminando falsidades sobre eles”.

Aqui, Lênin mostra que não precisa nem mesmo ser sionista para ser reacionário. Até mesmo os grupos propriamente de esquerda eram reacionários para o movimento operário. A realidade é que os judeus se emanciparam por meio dos partidos operários. A Revolução Russa acabou com o regime mais antissemita do planeta naquele momento. O nazismo surgiu da derrota dos partidos operários alemães. Ou seja, a luta da classe operária é a que emancipa os judeus e todas as minorias oprimidas.

Ele ainda conclui: “aqui está uma prova, retirada deste mesmo panfleto: ‘Tal absurdo (como a ideia de que a organização do proletariado de toda uma nacionalidade deveria ser negada representação nos órgãos centrais do Partido) só poderia ser abertamente defendido [marque isso!] em relação ao proletariado judaico, que, devido às peculiares vicissitudes históricas do povo judeu, ainda tem que lutar pela igualdade [!!] na família mundial do proletariado’. Recentemente, encontramos um truque semelhante em um folheto sionista, cujos autores deliram e fervem contra o Iskra, pretendendo detectar em sua luta com o Bund uma recusa em reconhecer a ‘igualdade’ entre judeus e não judeus. E agora encontramos os bundistas repetindo os truques dos sionistas! Isso é disseminar uma falsa verdade, pois ‘defendemos’ ‘negar representação’ não ‘apenas’ aos judeus, mas também aos armênios, georgianos e assim por diante, e, no caso dos poloneses, também chamamos à união e fusão mais próximas de todo o proletariado que luta contra a autocracia czarista”.

Qualquer semelhança com os identitários não é coincidência. Os sionistas e os extintos bundistas eram uma força de divisão do movimento operário tal qual são os identitários hoje. A tese do “Estado judeu” termina, assim, com uma linha reacionária infiltrada dentro do movimento operário. Lênin sem nem imaginar o que aconteceria 45 anos depois, demoliu completamente os argumentos em defesa do Estado de “Israel”.

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