Em 1994, no local onde o profeta Abraão, pai do judaísmo, do cristianismo e do islã, está enterrado, um enorme massacre foi realizado pelos fascistas de “Israel”. O evento é conhecido como o Massacre do Túmulo dos Patriarcas, mais de 50 palestinos foram assassinados e mais de 100 ficaram feridos. O massacre foi organizado pelo partido fascista Kach, que como grande parte das organizações de “Israel”, remete ao fascismo dos anos de 1930. Os seguidores do Kach são hoje a ala direita do governo Netaniahu, os ministros Ben-Gvir e Smotrich.
O grande nome do Kach foi Meir Kahane, nascido Martin David Kahane nasceu em 1932 no Brooklyn, Nova Iorque. Quando adolescente, ele se juntou ao Betar, um grupo jovem paramilitar sionista revisionista, que buscava estabelecer um Estado judeu em toda a Palestina sob domínio britânico. Em 1968, Kahane, que era formado como advogado e rabino, fundou a Liga de Defesa Judaica, uma milícia que incentivava os judeus americanos a se armarem, sob a palavra de ordem “todo judeu, um calibre .22”.
Supostamente criado para combater o antissemitismo dos negros dos EUA, a LDJ passou a atacar escritórios e representantes de nações do bloco soviético, da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Estados árabes e de organizações judaicas que considerava moderadas.
O partido Kach (“Este é o Caminho”) foi um foi fundado por Kahene e sua LDJ, mas agora em “Israel”. A plataforma do Kach defendia a criação de leis para transferir a população árabe de “Israel” (territórios ocupados em 1948) antes que ela se tornasse maioria e colocasse fim ao Estado judeu.
O partido também defendia a imposição do Estado israelense sobre todas as partes da Terra de “Israel” a oeste do Rio Jordão (incluindo a Cisjordânia e a Faixa de Gaza), a transição para um Estado governado pela lei judaica e uma mudança radical no sistema educacional, priorizando o estudo da Torá e de religião em geral. Essa é a política geral da extrema direita do governo Netaniahu hoje, alguns chegam a falar que “Israel” teria a soberania do Egito até o Iraque.
O Kach participou das eleições para o oitavo, nono e décimo parlamento em 1973, 1977 e 1981, respectivamente, mas não alcançou o quórum eleitoral necessário. Antes das eleições de 1984 para o décimo primeiro parlamento, a Comissão Central de Eleições desqualificou o partido de participar.
No entanto, a Suprema Corte anulou a decisão, e o partido conquistou, pela primeira vez, uma cadeira. Em resposta a essa vitória e à presença de Meir Kahane como um de seus membros, o parlamento aprovou uma emenda à Lei Básica, proibiu o racismo nas eleições. A medida era contra a extrema direita, afinal o sionismo é um movimento racista, assim nas eleições de 1988 para o décimo segundo parlamento, o Kach foi, de fato, desqualificado de participar.
Kahane terminou sua vida de forma violenta, sendo assassinado em Nova Iorque, sua cidade natal. Após o seu assassinato em 1990, o Kach se dividiu em duas facções: uma que manteve o nome “Kach” e outra chamada “Kahane Hai” (ou “Kahane Chai,” que significa “Kahane Vive”). Ambas as facções foram desqualificadas de participar das eleições de 1992 para o décimo terceiro parlamento.
Em 1994, após o massacre na Caverna dos Patriarcas, cometido pelo Dr. Baruch Goldstein—que havia figurado na lista do partido e representado o partido no conselho local de Quiriate Arba—tanto o Kach quanto o Kahane Hai foram declarados organizações terroristas e tornaram-se ilegais. Ou seja, é uma extrema direita tão radical que o próprio sionismo foi obrigado a taxá-la de terrorista para reprimi-la. No entanto, essa repressão não conseguiu impedir a ascensão dessa direita.
Em 2005, um desertor do exército israelense, vestido com um uniforme militar, abriu fogo num ônibus que transportava palestinos no norte de “Israel”, assassinado quatro pessoas e ferindo mais de dez, antes de ser espancado até a morte por uma multidão furiosa, segundo autoridades e testemunhas. O ataque foi um dos mais mortais cometidos por um israelense até aquele momento.
O atirador foi identificado pelo Exército como Eden Natan Zada, de 19 anos. Ele era um dos discípulos de Kahane, além de ser muito jovem, mostrando que o movimento ainda tinha força.
Os apoiadores desse movimento ganharam força e se reorganizaram em um novo partido que tem como sua principal figura o atual ministro Ben-Gvir, o Partido do Poder Judeu. Ele foi fundado em 2012 e é considerado por todos o seguidor do Partido Kach.
Ben-Gvir é conhecido por citar em seus discursos os “mártires” do Kach. Em 2022 ele discursou “Seu [Kahane e Goldstein] sangue subirá”, acrescentando: “pois eu vingarei seu sangue, que ainda não vinguei. Pois o Senhor habita em Sião”.
Aos 16 anos, Ben-Gvir se juntou ao Kach como militante antes que o partido fosse designado como terrorista pelos Estados Unidos e banido em “Israel”. Um video de 1995 mostra Ben Gvir vestido como Goldstein para o feriado judaico de Purim, dizendo: “Ele é meu herói”.
Durante anos, ele pendurou um retrato de Goldstein na parede de sua casa próximo a Hebron. Ele só tirou a foto em 2020, para melhorar sua chance nas eleições.
Ou seja, o partido mais nazista de “Israel”, seguidor do Betar da década de 1930, do Kach dos anos 1970-90, está agora com uma enorme força no Estado de “Israel”. Isso porque o próprio Licude de Netaniahu também descende do Betar por uma linha fascista “mais moderada”.