Joshua Schulte, ex-funcionário da CIA (Agência Central de Inteligência) está preso e sendo torturado por ter entregue dados da agência ao WikiLeaks, portal que divulgou os crimes de guerras dos Estados Unidos no Afeganistão. Schulte foi acusado pelo governo norte-americano de vazar dois bilhões de páginas dados da CIA com nomes de códigos como Brutal Kangaroo, AngerQuake e McNugget. Além dos “crimes” previstos pela Lei de Espionagem, foi indiciado por 13 crimes relacionados à pornografia infantil, um pretexto clássico para perseguir inimigos do chamado “Estado profundo”.
Schulte foi a julgamento em Nova Iorque no início de 2020, com o Departamento de Justiça acusando-o de “o maior vazamento de informações de defesa nacional classificadas na história da CIA”. Ele está preso desde outubro de 2018, com julgamentos adiados e indícios de tortura.
Joshua Schulte está preso no Centro Correcional Metropolitano (MCC) de Nova Iorque. O hacker está submetido a maus tratos por parte do Estado. Por exemplo, quando vai ao tribunal, é algemado de maneira peculiar; é obrigado a usar algemas nos tornozelos e na cintura vai uma corrente onde suas mãos algemadas estão presas. Suas mãos ainda são fechadas por uma caixa de aço, cujo fechamento depende de outra chave. Quando solicita seus advogados, é tratado como os prisioneiros da Al-Qaeda. Não pode sequer utilizar o banheiro, sendo obrigado a utilizar um saco para suas necessidades fisiológicas. Seu dia a dia na prisão é ainda mais difícil. Ele está submetido a “Medidas Administrativas Especiais” (SAMs), ou seja, está confinado na solitária em uma gaiola de concreto. Tem direito ao chuveiro duas vezes por semana e não tem permissão para utilizar telefone e e-mail, assistir televisão, ouvir rádio e nem ter visitas, com exceção dos seus advogados, que denunciaram os abusos cometidos para esmagar o prisioneiro:
“Trancados em uma gaiola em uma caixa de concreto do tamanho de uma vaga de estacionamento com vistas propositadamente obstruídas para o exterior. As gaiolas estão sujas e infestadas de roedores, fezes de roedores, baratas e mofo; não há aquecimento ou ar condicionado nas gaiolas, não há encanamento funcionando, as luzes queimam brilhantemente 24 horas por dia, e os detentos são privados de visitas normais, acesso a livros e material jurídico, cuidados médicos e odontológicos. Todo privilégio de cliente-advogado também é anulado, já que a prisão confisca, abre e lê toda correspondência legal. O processo imposto é arbitrário e não adaptado a nenhum interesse legítimo do governo”.
“(…) Independentemente do crime que uma pessoa seja acusada de ter cometido, a Constituição dos Estados Unidos concede a todos a presunção de inocência. De fato, nenhum americano deseja ser tratado como um animal enjaulado se acusado de um crime – dependente, abandonado, desumanizado, desmoralizado e detido.”
A fiança foi um dos primeiros direitos a ser retirado. Já no atual estágio, Schulte está submetido a um regime de tortura, sem ver a luz do dia há dois anos, sem ser atendido devidamente por médicos, o que está sendo responsável por uma piora constante do seu quadro cardíaco. A situação ilustra que Julian Assange não é um caso isolado, o país dito “democrático” esmaga os opositores da sua política imperialista e genocida. Além de Joshua Schulte, Julian Assange também foi acusado dos mesmos crimes, inclusive o golpe baixo da acusação de “crimes sexuais”. Este último foi responsável por fundar o WikiLeaks e divulgar “documentos sigilosos”, que provaram a política criminosa dos norte-americanos no Oriente Médio [em especial no Iraque e no Afeganistão] e em Guantánamo. O tratamento dado ao jornalista é tão cruel quanto. Seus direitos estão sendo totalmente negligenciados e sua pena é desumana: 175 anos de cadeia. Em 2010, ele publicou cerca de 250.000 arquivos, entre fotos, vídeos e documentos do Pentágono. A consequência foi a acusação de 18 crimes diferentes envolvendo “espionagem”.
Fica claro que o verdadeiro jornalismo é penalizado e tipificado como crime de espionagem, restando o jornalismo da burguesia, o mesmo que noticia que o Hamas decapitou 40 bebês, defende a política nazista do Estado de “Israel” e foi responsável por divulgar uma série de notícias falsas desde o conflito Rússia-Ucrânia até o conflito Palestino-Israelense.