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HISTÓRIA DA PALESTINA

Joseph Berger: a sabotagem stalinista da luta palestina – Parte 3

O stalinismo destituiu um dos principais dirigentes do Partido Comunista da Palestina e o prendeu em gulags por 20 anos, um destino comum para revolucionários do mundo inteiro

O dirigente do Partido Comunista da Palestina, Joseph Berger, foi uma das vítimas do stalinismo na década de 1930. Ele foi um dos fundadores do partido, rachando com o sionismo em sua juventude e levando uma grande quantidade de militantes de outra organização a criar o PCP. A história até 1929 é contada nas partes 1 e 2 deste artigo. Em 1929, após uma grande luta política em Jerusalém, a Internacional Comunista começa uma intervenção no partido, e Berger, um dirigente de sua ala esquerda, é uma das vítimas.

O Comitê Executivo da Internacional Comunista, CEIC, definiu uma diretriz para reorganizar o partido de forma burocrática, incluindo dirigentes palestinos. O PCP havia sido formado pelos europeus judeus que imigraram para a Palestina, com o tempo, caso tivesse a política revolucionária, naturalmente agruparia os palestinos, essa era a sua política. Mas o stalinismo impôs algo semelhante no mundo inteiro, em outros países isso foi chamado de “obrerismo”, incluir operários na direção de forma burocrática. Assim poderia se destituir a direção tradicional dos partidos.

Joseph Berger ajudou a reorganizar o partido para incluir a liderança palestina, mesmo com membros do partido sendo contra a avaliação do Comintern sobre os eventos de 1929. Nomeado Secretário do Partido, Berger preparou militantes palestinos para estudar na escola do Comintern em Moscou. A CEIC, insatisfeita com a política de arabização, ordenou a formação de um Comitê Central com maioria árabe.

Embora isso não tenha sido alcançado, Nadjati Sidqi foi eleito primeiro secretário de origem árabe em 1931, seguido por Raduan al-Hilu em 1933. Berger, ao perder sua relevância como dirigente do PCP, deixou a Palestina em 1930, indo para Moscou e depois para Berlim, onde trabalhou para a Liga Contra o Imperialismo de Willi Münzenberg. Em 1931, foi preso e passou meses na prisão de Moabit. Após sua libertação, editou publicações e escreveu panfletos sobre a revolta árabe contra o imperialismo.

Em janeiro de 1933, Berger e sua família foram chamados a Moscou. Após um curto período como professor na Universidade de Moscou, ele se tornou um oficial do Comintern responsável pelo Departamento do Oriente Próximo, cargo que ocupou por dois anos. Em 1933, ele recebeu a cidadania soviética sob o nome de Joseph Berger e se tornou membro do Partido Comunista da União Soviética.

No entanto, com o início das perseguições stalinistas em 1934, Berger se tornaria uma das vítimas. Ele foi demitido de seu cargo e expulso do partido sem nenhuma razão aparente. Durante alguns meses, ele trabalhou em uma gráfica. Em 27 de janeiro de 1935, foi preso e acusado de ser um agitador trotskista. Interrogado por dois meses, ele se recusou a “confessar” e foi sentenciado a cinco anos em um campo de trabalho.

Primeiro, foi preso em Mariinsk na Sibéria Central, depois foi enviado para Gornaia Shoria na fronteira mongol. Em 1936, ele foi levado de volta à prisão de Lubianca em Moscou como uma testemunha potencial no julgamento de Kamenev e Zinoviev. As autoridades, ao descobrirem que não poderiam usá-lo, o sentenciaram à morte, mas por sorte o veredito foi alterado para oito anos de prisão.

Antes de retornar à Sibéria, Berger exigiu ver sua esposa e fez uma greve de fome de 44 dias até obter permissão para o encontro. Depois disso, ele foi levado para uma prisão em Vladimir, reservada para criminosos, depois para Solovki perto da fronteira finlandesa, posteriormente para Dudinka no Rio Ienisei, e depois para Norilsk na Sibéria do Norte.

Esse foi o tratamento que o stalinismo deu para revolucionários do mundo inteiro, em primeiro lugar aqueles que fizeram a Revolução de Outubro, os bolcheviques. Berger poderia ter sido um grande dirigente comunista na Palestina, já havia se tornado uma importante figura política com menos de 30 anos de idade. No entanto, o stalinismo o retirou da Palestina e depois o reprimiu de forma brutal. Esse é um dos motivos que o PCP não cresceu durante o período revolucionário de 1936-1939.

Em 1941, Berger foi acusado em Moscou de organizar um grupo de prisioneiros para derrubar as autoridades e foi novamente sentenciado à morte. Ele fez uma greve de fome por 56 dias e também se recusou a cumprir a regulamentação que exigia que ele assinasse seu próprio mandado de execução; devido a essa omissão, a burocracia não ratificou a sentença. Em vez disso, ele recebeu mais dez anos de prisão. Entre os lugares onde foi confinado estavam Alexandrovsk, uma prisão de segurança máxima perto de Irkutsk, e Taishet, um campo de trabalho siberiano para criminosos particularmente perigosos.

Em 1951, ele foi liberto e logo depois sentenciado ao exílio perpétuo na Sibéria. Sua esposa e seu filho Joseph, de 25 anos, também foram perseguidos por sua causa, e só puderam vê-lo após quinze anos de separação, quando tiveram permissão para visitá-lo na Sibéria. Durante as décadas de prisão ele conheceu todo tipo de figura, até mesmo um dos filhos de Leon Trótski.

Foi apenas três anos após a morte de Stálin, em 1956, que Berger foi oficialmente autorizado a deixar a União Soviética para a Polônia. Sua esposa o acompanhou, enquanto seu filho já vivia em “Israel”. Em Varsóvia, Berger começou a trabalhar no Instituto Polonês de Assuntos Internacionais, mas logo ele e sua esposa decidiram imigrar para “Israel”. Ele se estabeleceu em Telavive, assumiu o nome Barzilai (ou Berger-Barzilai) e viveu como um judeu ortodoxo. Logo após sua chegada, foi convidado a dar palestras na Universidade Bar-Ilan. Mais tarde, a universidade o nomeou professor associado de ciência política.

Berger viveu o resto de sua vida em “Israel”. A desilusão com o stalinismo e a opressão brutal que sofreu na URSS acabou com sua vida política. Ele escreveu livros que são críticas diretas ao stalinismo apenas por contra suas memórias. Sua vida é a expressão de como o stalinismo foi um fenômeno contrarrevolucionário extremo. Que conseguiu transformar um jovem dirigente comunista e um preso político que ao fim da vida preferia morar em “Israel” que na Polônia controlada pelo stalinismo.

Um Partido Comunista Palestino com uma verdadeira tendência revolucionária, mesmo que confuso, poderia ter mudado a história durante a Revolução de 1936 ou durante a criação do Estado de “Israel” em 1948. O stalinismo realmente foi uma das principais forças por detrás da criação de “Israel” e da catástrofe palestina.

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