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Brasil

Jornalista utiliza atentado para exigir mais repressão

Jornalista se utiliza de um atentado provocado por uma pessoa com problemas mentas para exigir mais repressão e fortalecimento do Estado burguês

Mais repressão

O artigo Reação institucional está aquém da gravidade do ato terrorista, de Jeferson Miola, publicado no Brasil 247 nesta sexta-feira (15), é um exemplo de como setores de esquerda estão lutando pelo fortalecimento do Estado burguês, de suas instituições e pedindo abertamente o aumento da repressão.

Utilizando o acontecimento em Brasília na noite de terça-feira (13), quando Francisco Wandeley Luiz, uma pessoa com visíveis problemas mentais e emocionais, se aproximou do Supremo Tribunal Federal (STF) carregando artefatos explosivos feitos a partir de fogos de artifício. O articulista procura utilizar o medo, o pânico, e cobra rigor do estatal. Como se lê nos parágrafos iniciais:

A reação política e institucional ao atentado perpetrado pelo bolsonarista radicalizado Francisco Wanderley Luiz está muito aquém da gravidade do ataque terrorista ao STF”.

Chama atenção o silêncio do presidente Lula a esse respeito. E nenhuma autoridade se pronunciou oficialmente em nome do governo federal”.

Não foi um ato qualquer. E não foram meras ‘explosões’, como se referiram ao acontecido os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco”.

Não se tratou de um ato terrorista, não como se costuma classificar politicamente. A começar pelas explosões, onde se verifica o amadorismo de Francisco Wanderley.

O medo como justificativa

Miola diz que “O que aconteceu foi um evento de máxima gravidade: foi um atentado terrorista com todas características descritas em manual”. Qual manual? Somos obrigados a questionar. E completa “um ato de terror político executado com violência e emprego de explosivos para produzir danos impactantes e matar pessoas com o objetivo de causar pânico e disseminar um clima de medo na sociedade”.

A própria explicação de Jeferson Miola se vê em contradição, quando diz que “As autoridades policiais concluíram tratar-se de terrorismo. Ainda que tenha sido executado in loco por um único indivíduo radicalizado”. E ele se vê obrigado a dizer que “não foi um ato isolado, mas um evento associado a uma estratégia de ação política violenta, vocalizada pelas lideranças extremistas, Bolsonaro à frente”.

Foi necessário incluir a figura de Bolsonaro para dar alguma consistência ao argumento do articulista, que também se vale de palavras como ‘radicalizado’. No entanto, não se pode atribuir responsabilidade a Jair Bolsonaro sobre esse evento, ainda que se tratasse de um bolsonarista.

Jeferson Miola sustenta que “a auto-explosão do autor não tem o significado de um suicídio convencional, porque foi um ato extremado, de auto-imolação, que evidencia que o bolsonarista radicalizado estava determinado a fazer tudo que fosse necessário para concretizar seu ataque terrorista, inclusive o ‘gesto glorioso’ de exterminar a própria vida”.

O que seria um suicídio convencional? Se atirar de uma ponte? Estourar os miolos? Tomar veneno? Quanto ao ‘ato extremado’, todo suicídio, até onde se sabe, é um ato extremado. No que diz respeito à auto-imolação, esse pode partir de uma pessoa com convicções de esquerda. Em fevereiro deste ano, Aaron Bushnell, de 25 anos, ateou fogo no próprio corpo dizendo que não seria cúmplice do genocídio em Gaza, e que seu sofrimento seria nada se comparado àquilo por que passam os palestinos. Bushnell ateou fogo em si enquanto gritava várias vezes “Liberte a Palestina”.

“Mais repressão, por favor”

Não satisfeito com o nível de cerceamento que já sofremos atualmente, Jeferson Miola alega que “Por enquanto, a resposta da institucionalidade democrática a este grave acontecimento ainda é bastante tíbia, quando poderia representar uma oportunidade para uma vigorosa ofensiva democrática contra o extremismo cada vez mais radicalizado”. A palavra ‘democrática’, na frase, serve apenas para colocar um chantili sobre a excrescência que é a censura. Quem vai fazer essa “vigorosa ofensiva” se não a direita, que domina as instituições do Estado? (grifo nosso)

Disseminar o medo é fundamental para o Estado suprimir os direitos democráticos da população, tudo em nome da democracia, claro. Após o atentado às Torres Gêmeas em Nova Iorque, o governo americano conseguiu aprovar o Ato Patriota (Patriot Act), que permite que o Estado investigue pessoas sem que haja nada contra elas. Um cidadão poderia ser preso e interrogado por uma semana antes de ter direito a um advogado etc.

No Brasil, durante a Pandemia de COVID-19, se proibiu discutir sobre as vacinas, que eram todas experimentais e, hoje, sabemos que há, sim, diversos efeitos colaterais. Os algoritmos das redes sociais detectavam o uso de determinados termos, como vírus, e censuravam as pessoas em tempo real. Qualquer opinião, ou notícia, contrária ao que se era permitido dizer virava ‘negacionismo’ ou ‘fake news’. E o STF pairava sobre a sociedade como Deus sobre as águas no Gênesis.

Miola lamenta “O sepultamento do PL da Anistia, a retomada do PL 2630 de regulamentação das fake news”, uma verdadeira aberração, onde uma pessoa pode ser investigada e processada sem ter acesso aos autos para se defender.

O articulista quer o “funcionamento verdadeiramente ‘normal’ das instituições, em especial da PGR”. Ora, quem não se lembra do papel criminoso da Procuradoria Geral da República na Operação Lava Jato, para ficarmos em apenas um exemplo? E Miola acredita que essa instituição fará “julgamento justo dos criminosos que atentaram contra a democracia”?

Extremismo só quando interessa

No artigo lemos que “O extremismo não pode continuar sendo normalizado e naturalizado”. No entanto, o extremismo é utilizado pelas forças reacionárias para combater a esquerda. Hoje, no Brasil, qualquer um pode ser processado ou preso se denunciar as atrocidades cometidas pelos sionistas contra palestinos e libaneses. Sim, pois, supostamente, estará apoiando extremistas, terroristas, radicais, xiitas e coisa que o valha.

No Brasil, existe um homem, Lucas Passos, condenado há 16 anos de prisão por “ligação ao Hesbolá”, acredite quem quiser, principalmente porque o governo brasileiro não considera o Hesbolá uma entidade terrorista. Então, a mando do Mossad, argumentaram não que Passos cometeu, mas que cometeria atentados contra sinagogas e alvos judeus. Eis aí o “funcionamento verdadeiramente normal” das instituições.

Radicalização

Terminando seu artigo, Jeferson Miola alega que “A ausência de respostas eficazes das instituições, dos partidos políticos, das organizações sociais e da sociedade encoraja a escalada do extremismo com seus terrorismos”. Mas está enganado, pois é a polarização social que pode produz ‘atos extremos’ como, por exemplo, os sem-terra invadirem órgãos públicos ou fechando estradas com barreiras de fogo.

A defesa da “democracia” nos termos que o artigo coloca, nada mais é que o fortalecimento do Estado. E este, a cada dia, conforme se polariza a sociedade, aperta um pouco mais o nó em volta do pescoço do trabalhador, o principal alvo de suas instituições.

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