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HISTÓRIA DA PALESTINA

Jamal Abu Samhadan, fundador das Brigadas de Saladino o Vitorioso

Um dos maiores líderes da resistência armada em Gaza participou do governo do Hamas e pagou com a vida pela luta por liberdade e dignidade do seu povo

“Nunca abandone suas armas, não importa o custo. Continue a luta. Continue a atacar o inimigo em todos os lugares que puder alcançar.”

Filho de Gaza, nasceu em 1963 no campo de refugiados de Maghazi. Preso e preso novamente, foi forçado a deixar sua terra natal na década de 1980, onde liderava a resistência. Como importante comandante militar, ele libertaria, cinco anos após seu martírio, mais de mil prisioneiros. Esta é a história do comandante Abu Ataya, Xeique Jamal Abu Samhadana, fundador dos Comitês de Resistência Popular da Palestina (CRP) e de seu braço armado, as Brigadas Nasser Al-Salah Al-Din, (Brigadas de Saladino, o Vitorioso, em árabe), assassinado pelas forças sionistas em 8 de junho de 2006. 

“Temos apenas um inimigo. Continuarei carregando o rifle e puxando o gatilho sempre que necessário para defender meu povo.” 

De Gaza, Abu Ataya foi para o Egito. O seu percurso o levou à Síria, a Marrocos, à Tunísia e até à Alemanha, onde se matriculou numa academia militar durante três anos. Viajou para a Argélia e depois para o Iraque antes de terminar a sua viagem pelo mundo árabe e regressar finalmente a Gaza em 1993, apesar da sua forte oposição aos então recém-assinados Acordos de Oslo. Trabalhou nas forças de segurança da Autoridade Palestina (AP) como oficial e logo se tornou membro eleito do Fatá. Mas Abu Ataya estava insatisfeito com o nível de corrupção no Fatá. O partido expulsou-o depois dos seus protestos contra a corrupção. Era conhecido pela sua oposição à coordenação e cooperação entre as forças de segurança israelenses e palestinas e às atividades de normalização com “Israel” e criticou a AP por prender membros do Hamas e da PIJ, o Movimento da Jiade Islâmica na Palestina. A AP chegou a raptá-lo durante 19 meses em suas prisões por trabalhar com a Jiade Islâmica.

Abu Ataya logo percebeu que precisava criar seu próprio projeto. Com a ajuda dos líderes da Saraya Al-Quds e com a centelha da segunda intifada em 2000, ele anunciou o início dos Comitês de Resistência Popular de Rafá em Gaza e formou as Brigadas Nasser Al-Salah Al-Din, o seu braço militar. Os seus combatentes eram na sua maioria ex-membros das forças da Fatá e da AP, juntamente com combatentes do Hamas e da PIJ. Abu Ataya estabeleceu extensas relações com outras forças de resistência e, como tal, o CRP manteve e ainda mantêm uma relação muito estreita com o Hesbolá. Depois das Brigadas Al-Qassam e Saraya Al-Quds, as Brigadas Nasser Al-Salah Al-Din são o braço militar mais forte em Gaza. Suas operações são muitas, dolorosas e precisas. As Brigadas Nasser Salah Al-Din foram as primeiras na Palestina a explodir o “indestrutível” tanque Merkava israelense, ferindo e matando vários soldados das Forças de Defesa de “Israel” (FDI). Sob o comando de Abu Ataya, os combatentes infiltraram-se em vários assentamentos sionistas e, numa ocasião, em 2003, atacaram um comboio dos EUA matando cinco soldados em Gaza. Anos depois do seu martírio, os combatentes do CRP continuam a realizar operações destrutivas e criativas, como a Operação “Emboscada à Bandeira” de 2018, na qual explosivos foram escondidos dentro de um mastro de bandeira na fronteira de Gaza. 

Sob Abu Ataya e agora, os foguetes “Nasser” e “Abu Ataya” do CRP causam destruição à frágil entidade sionista, atingindo “Tel Aviv” e além, os seus drones suicidas AQ atacam alvos das FDI, e os seus combatentes estão ativos na Cisjordânia. Em sua jornada heróica, ele sobreviveu a três tentativas de assassinato por parte da entidade sionista. Homem cauteloso, ele não carregava telefone; o contato com ele era possível por meio de associados. Em agosto de 2004, ele sobreviveu a um bombardeio sionista direcionado. Após essas tentativas de assassinato, ele decidiu caminhar por toda parte, abandonando o uso de automóveis.

“Vamos atingi-los em seus corações assim como eles nos atingiram em nossos corações.” 

Abu Ataya se tornou o primeiro comandante da resistência a ocupar uma posição governamental em Gaza sob o governo do Hamas. Em 20 de abril de 2006, foi nomeado Diretor Geral da Força Executiva, uma nova força de segurança em Gaza que seria uma espécie de polícia formada por voluntários, combatentes da resistência de cada região. Abu Ataya era o comandante da resistência mais procurado pela entidade sionista depois do comandante-chefe das Brigadas Al-Qassam, Mohammed Deif. A nova posição o colocou em condições ainda piores com o inimigo. Confrontado com ameaças dos EUA e da entidade sionista, ele declarou: 

Não temo ameaças sionistas. Não temos medo da entidade sionista. Todo o nosso povo está dentro do seu círculo de alvos, e usaremos todos os meios para proteger a resistência e o nosso povo, não temos medo da morte. Lutamos pelo martírio“.

Em 8 de junho, há 18 anos, helicópteros Apache guiados por drones de reconhecimento da Força Aérea israelense financiados pelos EUA, bombardearam com 4 mísseis um local de treinamento do CRP em Rafah, tendo como alvo o Xeique Jamal, embora Israel reconhecesse que o Hamas estava em grande parte aderindo a um cessar-fogo. Ele ascendeu ao martírio com seus companheiros, cumprindo, de acordo com suas crenças, seu destino. A morte de um dos militantes mais renomados nos territórios palestinos tirou de casa quase todos os milhares de residentes de Rafah – homens, mulheres e crianças lotaram as ruas, alguns indo para o hospital, alguns do lado de fora de suas casas, ou em varandas.

“Este é um assassinato criminoso e os palestinos têm o direito de responder a este crime hediondo por todos os meios”, disse Khaled Abu Hilal, porta-voz do Ministério do Interior do governo do Hamas. “Abu Samhadana pagou com a vida pela liberdade e dignidade do seu povo.”

Imediatamente após a notícia do seu martírio, o assentamento “Sderot”, na fronteira de Gaza, foi bombardeado pelos mísseis da resistência e os seus combatentes realizaram operações contra soldados e colonos. Uma página da luta palestina foi virada, mas o capítulo estava longe de terminar, o 7 de outubro de 2024 ainda estava por vir e os esforços do comandante certamente influenciaram as ações da resistência naquele glorioso dia. A batalha de “Sderot” foi uma das mais famosas da operação “Dilúvio de Al-Aqsa”. Na verdade, no momento do seu martírio, Abu Ataya traçava estratégias com o mártir Ahmed Al-Jabari para uma operação conjunta cuidadosamente planejada para destruir a ilusão de segurança do inimigo. Esta operação, apropriadamente denominada “Operação Ilusão Dissipada”, foi realizada por combatentes das Brigadas Nasser Al-Salah Al-Din 17 dias após o martírio de Abu Ataya. Às 5:15 da manhã em Rafah, onde o CPR marcou o seu início, seus combatentes bombardearam uma torre de vigia das FDI e abriram fogo. Eles atravessaram as fronteiras da Palestina ocupada, abatendo soldados. Ao final da operação, dois soldados das FDI foram mortos, cinco ficaram feridos e o soldado das FDI Gilad Shalit, de cidadania francesa, foi levado por combatentes que regressaram a Gaza. Dois combatentes ascenderam ao martírio na heróica operação. No mesmo dia, combatentes do CRP na Cisjordânia realizaram a operação “Fúria dos Cavaleiros”, na qual sequestraram um policial sionista e o mataram. Em Gaza, Shalit foi cuidadosamente guardado, apesar dos ataques maníacos das FDI para o encontrar, enquanto os combatentes do CPR o entregavam às Brigadas Al-Qassam para proteção. Cinco anos depois, Gilad seria trocado por mais de mil reféns mantidos nas prisões sionistas na operação “Fiéis aos Livres” mediada pelo Hamas; um vídeo dele de apenas 1 minuto libertou 19 prisioneiros dois anos antes disso. 

Hoje, honramos o legado deste grandioso líder, que o mártir Basil Al-Araj descreveu como “um homem de mentalidade militar brilhante – o Artaban da Palestina”. O Xeique Jamal Abu Samhadna enfatizou, como poucos, a importância da luta armada dos povos oprimidos: 

“As nossas vitórias sobre a ocupação sionista provaram o seu fracasso e a sua impotência. Provaram que não há astúcia no ‘negociador palestino’, mas que a verdadeira astúcia vem do combatente palestino que manchou a honra de “Israel” esfregando-a no chão. A posição mais honrosa que um palestino pode alcançar é tornar-se um combatente e proteger seu povo e sua santidade, sacrificando tudo o que ele tem pelo bem da liberdade de seu povo.”

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