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HISTÓRIA DA PALESTINA

Izzat Darwaza, pan-arabista e organizador da Revolução de 36

Morto em 1984, em Damasco, aos 96 anos, sem nunca mais voltar à sua cidade natal, Darwaza teve grande destaque na primeira etapa da luta revolucionária dos palestinos

No dia 21 de maio, o Diário Causa Operária (DCO) publicou um artigo destacando a fundação do Partido da Independência da Palestina (Hizb al-Istiqlal), uma importante organização dedicada a dirigir a luta nacionalista contra o Mandato Britânico, domínio colonial da Palestina pelo imperialismo inglês. Um de seus fundadores e secretário-geral do partido era Mohamed Izzat Darwaza (1888–1984), oriundo de uma família de comerciantes pequeno-burgueses sunitas de Nablus, na Cisjordânia.

Nacionalista, Darwaza foi professor ainda durante o período do Império Otomano, unindo-se à Grande Revolta Árabe de 1916. Nesta ocasião, o futuro líder da al-Istiqlal participa da Sociedade da Juventude Árabe (al-Fatat, em árabe), lutando pela independência dos países árabes e a constituição da chamada Grande Síria, compreendendo a região do Levante e os atuais países do Chipre, Egito, Iraque, Jordânia, Palestina, Líbano, Síria e Turquia.

Inicialmente um entusiasta do Império Otomano, trabalha na administração otomana de Nablus como escriturário no Departamento de Serviços Telegráficos e Postais (DTPS) da cidade em 1906. Em 1908, eclode a Revolução dos Jovens Turcos, responsável por instaurar um regime constitucionalista contra o sultanato comandado por Abdul Hamid II.

Desilude-se com o novo regime, considerando-o opressivo contra os árabes. Devido a essa insatisfação, rompe com o Comitê de União e Progresso (CUP, organização criada para impulsionar a revolução) e com os Jovens Turcos ainda em 1908. Em 1911, participa da fundação da seção de Nablus do Partido da Harmonia e Liberdade, fundado em Istambul e responsável por unir árabes para combater as políticas da CUP.

Em 1913, junta-se a um grupo antissionista em Nablus, dedicado a lutar contra a venda de terras de propriedade árabe a imigrantes judeus levados à Palestina pelo movimento sionista. Em junho do mesmo ano, ajudou a preparar o Primeiro Congresso Palestino (também conhecido como Congresso Árabe de 1913) em Paris, do qual se torna secretário. No Congresso, foi também o delegado para o subdistrito de Jamma’in, de Nablus. No ano seguinte, organiza a Sociedade Científica Árabe, para a difusão da cultura árabe, porém, os esforços são malfadados devido ao estouro da Primeira Guerra Mundial.

Com a eclosão do conflito imperialista, Darwaza serve o exército otomano na Península do Sinai, mantendo, no entanto, seu ativismo nacionalista clandestinamente, no al-Fatat. Em 1916, com a explosão da Grande Revolta Árabe, Darwaza deixa seu cargo nos Correios do Império Otomano e serve o governo provisório do rei Faisal em Damasco.

Após o fim da Primeira Grande Guerra, torna-se secretário-geral do al-Fatat de maio de 1919 a março de 1920, além de secretário do ramo Nablus da Associação Muçulmano-Cristã e secretário do Primeiro Congresso Árabe da Palestina em Jerusalém, ocorrido em 1919. No mesmo ano, uma campanha política travada pelos políticos árabes na Palestina dividiu “Políticos Jovens” e “Políticos Mais Velhos” na luta pelo futuro político da Palestina. Darwaza une-se à ala dos “Políticos Mais Jovens”, nacionalistas árabes que procuravam unir a Palestina à Síria, sob o Rei Faisal, em oposição aos “Políticos Mais Velhos”, que defendiam uma Palestina independente.

Após uma série de articulações, desempenha um papel central para unir ambos os lados em torno da Grande Síria. Em Jaffa, uma comissão conclui o acordo entre as facções, porém, é estabelecida a unidade sírio-palestina sob o Mandato Britânico. Em julho de 1919, o Congresso Geral Sírio (GSC, na sigla em inglês) organiza sua primeira reunião em Damasco, tendo Darwaza como secretário. O Congresso pede a independência imediata da Síria sob uma monarquia constitucionalista e destaca, também, a oposição ao estabelecimento da colônia sionista na Palestina. No mesmo ano, junta simpatizantes para fundar a Sociedade Palestina em Damasco, organização criada para se opor ao domínio britânico sobre a Palestina e a Transjordânia, estabelecido na Conferência de San Remo em 24 de abril de 1920, que oficializa o Mandato Britânico da Palestina, um eufemismo para uma colônia.

O rei Faisal dá uma guinada à direita, sofrendo oposição de Darwaza, que vê no monarca uma crescente submissão ao imperialismo e ao movimento sionista. Ainda assim, em julho de 1920, o imperialismo francês derruba Faisal.

Mesmo com as derrotas sofridas, Darwaza mantém sua atividade política, representando sua cidade no IV Congresso Palestino (ocorrido em maio de 1921) e no sétimo, em junho de 1928. De 1922 a 1927, atuou na educação e na cultura, escrevendo peças teatrais com temas históricos e de cunho nacionalistas.

Em 1930, torna-se membro do Comitê Executivo Árabe, sendo também nomeado por Haj Amin al-Husseini (Grande Mufti de Jerusalém na época) como Administrador Geral do Waqf (fundo religioso islâmico) sob o Conselho Muçulmano Supremo. Na época, seu apoio ao pan-arabismo unido ao islamismo e a dedicação ao ideal de libertação dos palestinos era único entre o movimento nacionalista árabe.

Ainda no começo da década de 1930, começa a editar o jornal al-Ja’miyya al-Arabiyya, para o qual escreve artigos incentivando o povo árabe a enfrentar a dominação britânica no Oriente Médio. Em agosto de 1932, participa da fundação do partido Istiqlal (“Independência”, em português), uma ramificação do al-Fatat na Palestina.

O partido impulsiona o enfrentamento político do povo palestino ao domínio colonial britânico. Impulsiona manifestações ocorridas em 1933, na cidade de Jaffa, onde manifestantes protestam contra a política britânica e a contínua imigração judaica. Com a radicalização crescente da população palestina, estoura três anos depois, em 1936, a Revolução Árabe, do qual se torna um dos mais destacados organizadores, tendo como epicentro sua cidade natal, Nablus, de onde se inicia uma greve geral. É preso pelas autoridades britânicas em junho e encarcerado no campo militar de Sarafand al-Amar. Em 1937, é exilado da Palestina para Damasco pelo imperialismo britânico.

Na capital síria, Darwaza dirigiu o Comitê Central para a Jiade Nacional na Palestina, impulsionando o apelo do mártir Izz al-Din al-Qassam por uma “guerra santa” contra os britânicos e contra o sionismo. Continua seu trabalho levantando apoio e suprimentos para a sustentar a revolução na Palestina. Em 1939, no entanto, a revolução é derrotada, levando-o a ser preso pelos franceses, condenado a cinco anos de prisão em Damasco.

Após a derrota da Revolução de 1936, reduz sua luta política, até finalmente abandonar o ativismo e concentrar-se na atividade literária, não sem antes participar dos acordos que firmaram a República Árabe Unida, entre Egito e Síria, no ano de 1958. Morre em 1984, em Damasco, aos 96 anos, sem nunca mais voltar a Nablus por decisão do imperialismo.

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