Desde o dia 7 de outubro, a situação na Faixa de Gaza, que já era de um racionamento de alimentos e água gigantesco por que a maior parte da chegada desses depende do Estado sionista de “Israel”, piorou muito. No caso de água, luz e Internet, os cortes foram inclusive informados oficialmente por membros do governo israelense. Famílias inteiras ficaram restritas de água e luz por dias, incluindo hospitais e campos de refugiados.
Após 100 dias de conflito, a situação é a seguinte: pelo menos 24.285 palestinos foram mortos, a maioria mulheres e crianças, e 61.154 feridos, segundo as autoridades de saúde palestinas. Segundo a ONU, 85% da população de Gaza já está deslocada internamente devido à escassez aguda de alimentos, água potável e medicamentos, enquanto 60% das infraestruturas do enclave estão danificadas ou destruídas.
De acordo com a agência de notícias estatal turca Anadolu Ajansı, pelo menos 350 mil pacientes com doenças crônicas não estão recebendo os seus medicamentos. O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al-Qudra, alertou para graves complicações de saúde que podem agravar o estado dos pacientes, apelando às organizações internacionais para que forneçam medicamentos com urgência.
Ainda segundo informações da Anadolu Ajansı, não há nada para ser usado como anestésico, ou para diminuir as dores durante as cirurgias ou amputações de membros do corpo causados pelos bombardeios israelenses. A situação de cadáveres pelas ruas, fome, falta de água potável está causando doenças inesperadas em proporções generalizadas. Ou seja, se o palestino não for assassinado através de bombas, tiros e mísseis que irão cair sobre sua cabeça, ele morrerá de alguma outra doença.
A situação é tão crítica que até mesmo órgãos do imperialismo como a ONU estão denunciando a situação catastrófica em Gaza neste momento. De acordo com o The Guardian, que é um jornal burguês britânico, nessa terça-feira (16), “agências da ONU afirmaram que Gaza necessita urgentemente de mais assistência humanitária”. Ainda segundo o jornal, “autoridades humanitárias acreditam que existem bolsões de fome em Gaza”.
A Unicef e a OMS, em declaração conjunta, afirmaram que é preciso abrir novos corredores para entrada de caminhões com alimentos e suprimentos em Gaza. As organizações também pediram ao Estado sionista que seus funcionários pudessem, através de autorização, circular pela região com segurança. Em tendas improvisadas no sul de Gaza, Mohammad Kahil, para o The Guardian, disse: “não há comida, nem água, nem aquecimento. Estamos morrendo de frio”.
“É horrível. Estamos fazendo apenas uma refeição por dia, de pão feito com farinha e sal. Talvez possamos conseguir alguns feijões enlatados se pudermos comprá-los no mercado negro. Caso contrário, passaremos fome”, afirmou Hussein Awda, 37 anos, que fugiu do norte de Gaza após ter sua casa bombardeada, matando toda sua família. Nesse momento Awda está Kahn Younis, onde vivem 35 mil pessoas deslocadas.
Especialistas da Iniciativa Integrada de Classificação da Fase de Segurança Alimentar (IPC), que mede o risco de fome em todo o mundo para a ONU, em um relatório publicado há três semanas, também concluíram que Gaza terá “a maior porcentagem de pessoas que enfrentam elevados níveis de insegurança alimentar aguda […] alguma vez classificada para qualquer área ou país” pela agência.
Os relatos dos médicos são chocantes, além de não possuírem anestesia, de hospitais estarem sendo atacados, com mulheres, crianças e civis vítimas de bombardeios ou doenças deitadas pelo chão, sem água ou comida. Segundo esses profissionais de saúde, crianças enfraquecidas por falta de comida estão morrendo de hipotermia, e vários bebês recém-nascidos, cujas mães estavam subnutridas, não sobreviveram durante mais do que alguns dias.