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Eleições americanas

“Israel” burla legislação americana e manipula a política dos EUA

Documentos revelam interferência ilegal de “Israel” na política doméstica e na opinião pública dos EUA

Documentos vazados revelam que funcionários do governo israelense e grupos de lobby sionistas utilizaram aconselhamento jurídico para burlar a legislação americana referente à Lei de Registro de Agentes Estrangeiros (FARA) com intuito de influenciar as eleições norte-americanas e promover legislações inconstitucionais.

A Lei de Registro de Agentes Estrangeiros determina que certos “agentes de empresas estrangeiras que estejam envolvidos em atividades políticas ou outras atividades especificadas na lei divulguem periodicamente ao público seu relacionamento com a empresa estrangeira, bem como atividades, recebimentos e desembolsos em apoio a essas atividades”, segundo o próprio site do governo americano. A legislação existente desde 1938 tem por objetivo promover a transparência das ações de entes estrangeiros na política e opinião pública americana, um mecanismo de defesa da soberania nacional, para impedir a manipulação da opinião, política e legislação americana.

“Israel” consultou especialistas jurídicos – incluindo o ex-conselheiro do Comitê Nacional Democrata Joseph E. Sandler e o especialista na Lei de Registro de Agentes Estrangeiros Joshua I. Rosenstein – os quis aconselharam o governo sionista para que criassem organizações sem fins lucrativos (ONGs) com sede nos Estados Unidos para evitar o registro como agentes estrangeiros. Estas ONGs, embora não estivessem oficialmente operando a partir de “Israel”, estariam recebendo ordens a partir de “mecanismos informais de coordenação”, afirmou consultor jurídico do Ministério de Assuntos Estratégicos de “Israel”. Desta forma os lobistas sionistas poderiam influenciar a política americana de dentro dos EUA sem a necessidade de responder à jurisdição americana sobre influência estrangeira.

Apesar do lobby sionista e sua capacidade de influência na política americana seja amplamente divulgada e conhecida pelo público americano, como as articulações do Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC), há uma miríade de campanhas secretas do governo israelense nos EUA. Tais campanhas são projetadas para circular abaixo do radar e envolvem esforços sofisticados para moldar a política americana e a opinião pública em favor de Israel sem chamar a atenção para a fonte da influência.

O governo israelense intensificou sua intervenção ilegal na política americana após 2016. Com a eleição de Donald Trump e o Russiangate, as autoridades americanas intensificaram o uso da Lei de Registro de Agentes Estrangeiros, aumentando as preocupações de “Israel” quanto a sua atuação nos EUA. Um fator agravante da preocupação israelense foi a utilização da lei contra aliados dos Estados Unidos, principalmente depois da acusação contra Thomas Barrack – colaborador próximo de Trump e chefe de seu comitê inaugural. Barrack foi acusado de atuar como agente estrangeiro dos Emirados Árabes Unidos – governo fantoche dos EUA.

Os documentos revelam também que as discussões referentes às campanhas da “Israel” nos EUA se concentraram em uma parceria público-privada chamada “Unidade de Comando de Relações Públicas”, formada pelo Ministério de Assuntos Estratégicos de “Israel” em 2017. A unidade tem por objetivo melhorar a imagem de “Israel” no mundo e combater movimentos de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) – movimento corrente nos EUA de boicote e combate contra empresas, pessoas e organizações envolvidas no genocídio perpetrado por “Israel”.

A Unidade de Comando de Relação Públicas coordenou esforços para combater o levante dos estudantes universitários americanos em defesa da Palestina e financiou organizações sionistas cristãs nos EUA, como a Cristãos Unidos por “Israel”. Para além disto, a unidade também apoiou diretamente ONGs americanas que promoviam legislação anti-BDS – pelo menos 38 estados dos EUA aprovaram leis e ordens executivas anti-BDS, impedindo efetivamente que cidadãos e empresas boicotem “Israel”, infringindo a Primeira Emenda dos EUA.

O Ministério das Finanças de “Israel” aumentou o orçamento de propaganda em 63 milhões de shekels – mais de 90 milhões de reais – no fim de 2023. O incremento na propaganda sionista ressalta a importância de driblar a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros, isto pois, doadores da campanha sionistas não estavam dispostos a serem expostos pela legislação. Em 2022, o gabinete israelense aprovou US$30 milhões em financiamento secreto para a Unidade de Comando de Relações Públicas.

Outra investigação realizada pelo The Guardian revelou que membros do Congresso do Partido Democrata que se opuseram à candidatos progressistas foram os principais beneficiários do financiamento do lobby sionista. O jornal revelou ainda que os congressistas que apoiavam o genocídio israelense em Gaza no início do conflito e defendiam com veemência a intervenção militar dos EUA no conflito foram os que mais receberam financiamento do lobby sionista.

A bilionária israelense Miriam Adelson prometeu, também, US$100 milhões para a campanha de Trump, supostamente em troca do apoio do candidato à anexação da Cisjordânia ilegalmente ocupada. As contribuições de sionistas à campanha de Trump aparentam ser, igualmente, um grande fator para a decisão do ex-presidente de reconhecer Jerusalém como capital e “Israel”, destacando o impacto significativo do financiamento pró-“Israel” nas decisões políticas dos EUA.

Apesar de grande parte do lobby sionista nos EUA ser legal perante a legislação americana, revelações recentes sugerem que as autoridades israelenses têm se preocupado com a legalidade das suas operações nos Estados Unidos. A influência de lobistas legais e as operações ilegais promovidas por ONGs, quando somadas, levantam a questão do quão profunda é a penetração do sionismo na política doméstica americana e na formulação da opinião pública do país. 

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