O ato de 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, em São Paulo, foi marcado pela limitação ao acesso dos trabalhadores. Ocorrendo manifestações na parte externa da Neo Química Arena, conhecido Itaquerão, com palavras de ordem “Libera a água, libera o lanche do trabalhador” contra a política de “segurança” da organização.
O Diário Causa Operária (DCO) organizou uma cobertura da atividade, tendo como uma matéria chamada “Manifestantes barrados no 1º de Maio protestam contra burocracia”, publicada no sítio https://causaoperaria.org.br/2024/manifestantes-barrados-no-1o-de-maio-protestam-contra-burocracia.
Por princípio jornalístico, e pela gravidade dos acontecimentos, a redação do DCO tentou contato todas as entidades responsáveis pela organização para exporem sua “versão” do ocorrido. Foram comunicadas, solicitando esclarecimento, todas as “centrais sindicais”, mas até fechamento da matéria supracitada não houve resposta.
Entre os organizadores do evento estavam listados as seguintes organizações: CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central de Trabalhadores Brasileiros (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), Intersindical — Central da Classe Trabalhadora e Pública.
De todas as entidades interpeladas, apenas a Intersindical, após algum tempo, retornou o convite a esclarecimentos. Entretanto, a resposta beira a escatologia, necessitando a divulgação e devida critica.
O problema do ato de 1º de Maio realizado em São Paulo foi devidamente descrito na supracitada matéria, os trabalhadores queriam participar do dia do trabalhador, mas foram impedidos. O comunicado da Intersindical ignora esse fato e se preocupa apenas em afirmar que a culpa de serem barrados é dos trabalhadores, que desobedeceram às regras para participarem que a burocracia inventou.
Entretanto, a resposta da Intersindical expõe um conceito comum na burocracia sindical, o de que “a culpa é dos trabalhadores”. A burocracia não organiza os trabalhadores para luta, pelo contrário, como demonstrado no 1º de Maio, atrapalha sua iniciativa, desmobilizando os trabalhadores mais conscientes que tendem a se mobilizar espontaneamente.
Quem já frequentou algum ambiente em comum com a burocracia sindical, com certeza já foi vítima dessa campanha. Os mais prejudicados, que pagam severamente pelo ônus das derrotas trabalhistas, acabam culpados por aqueles que facilitaram entregar da luta.
Resposta da Intersindical na íntegra:
“Agradecemos o contato e a oportunidade de esclarecer os acontecimentos referentes ao ato de 1º de Maio em São Paulo, organizado pelas centrais sindicais.
Gostaríamos de informar que, conforme comunicado previamente divulgado, houve uma distribuição gratuita de água no local do evento, visando garantir o conforto e a hidratação de todos os participantes. Além disso, ressaltamos que medidas foram tomadas para garantir a segurança e o bem-estar de todos os presentes, incluindo a proibição da entrada de alimentos e bebidas externas ao evento.
Lamentamos qualquer inconveniente causado aos participantes que não estavam cientes dessas diretrizes e que, por isso, foram barrados de entrar no ato. Entretanto, salientamos que tais medidas foram adotadas com o intuito de assegurar a ordem e o bom andamento do evento, pois a entrada de todos seria permitida mediante ao descarte dos mesmos.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais e agradecemos pelo interesse em cobrir o evento.
Atenciosamente
INTERSINDICAL CENTRAL DA CLASSE TRABALHADORA.”
A resposta da central é uma lástima e explica por qual motivo a classe trabalhadora se encontra paralisada no Brasil. Diante disso, se coloca a tarefa de uma ampla campanha de mobilização dos trabalhadores em torno dos seus direitos mais elementares, para, quem sabe, fazer mover os sindicalistas para uma política verdadeiramente combativa.