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Mato Grosso do Sul

Índios guarani-caiouá fazem manifestação em defesa de terras

Em Dourados, os guarani-caiouá erguem cartazes pedindo "demarcação já!", em meio a outras mobilizações, como as retomadas empreendidas em diversas localidades no Sul do Estado

Após a ofensiva violenta dos jagunços a serviço dos latifundiários do Sul do Mato Grosso do Sul, índios guaranis-caiouá de Dourados (principal cidade da região, cerca de 230km da capital, Campo Grande), realizaram uma manifestação demandando a demarcação de suas terras em caráter de urgência. O protesto ocorreu na Zona Rural da cidade e tinha como objetivo chamar atenção para o conflito que se abriu, decorrente da demora na proteção dos territórios já reconhecidos como pertencentes dos índios, porém que seguem sendo atacados pelos grandes fazendeiros.

Na última segunda-feira (15), em resposta à ofensiva dos guarani-caiouá pela retomada de territórios reivindicados, mas que permanecem expropriados, os latifundiários deslocaram caminhonetes com pistoleiros, para cercar as ocupações e aterrorizar os índios. Uma jovem índia que fotografava o conflito foi alvejada com um projétil na perna. Além dela, outros dois tiveram ferimentos graves, incluindo uma matriarca dedicada à manutenção dos ritos religiosos dos guarani-caiouá.

A manifestação do último dia 16 foi feita pela comunidade indígena de Lagoa Rica, que reivindica a conclusão da demarcação de um território já homologado e demarcado, mas que ainda não está definitivamente entregue aos índios devido aos trâmites burocráticos. “Eles ocuparam um pedacinho de espaço para poder ocupar 100% da área invadida [pelos fazendeiros]. Durante esse ato, o pessoal foi atacado pelos fazendeiros, jagunços e também por policiais, que se juntaram ao pessoal da fazenda e fizeram o ataque”, relata um índio do Comitê de Luta de Dourados, envolvido com as mobilizações.

“Tem lugar que já está há 40 anos à espera de homologações demarcações e o governo não deu resposta até o momento”, informa Josiel, acrescentando que um dos impulsionadores da revolta foi o anúncio do Plano Safra. Divulgado no último dia 3, o Plano prevê financiamento de mais de meio trilhão de reais para o latifúndio, eufemisticamente chamado “agro” pelos propagandistas dos latifundiários.

“O pessoal ficou muito revoltado quando viu que o governo Lula liberou tantos bilhões para o ‘agro’ e para demarcação de terra indígena não passou nenhum valor. Isso fez com que a comunidade de Mato Grosso do Sul fizesse essas ocupações, onde já está pronto, áreas que o governo deveria ter demarcado há mais de 40 anos”, disse o guarani-caiouá.

Sobre o processo de demarcação, Josiel reforça: “já estão tudo praticamente pronto. Todas as papeladas estão na Casa Civil, em Brasília”. Para pressionar pela celeridade da conclusão desses processos, os índios passaram a ofensiva.

“Em Douradina são cerca de 1.300 famílias envolvidas com a mobilização [das retomadas e manifestações]; em Carapó, são cerca de 4 a 5 mil famílias envolvidas e em Dourados, praticamente 15 mil famílias estão nessas manifestações na área de retomada”, diz Josiel. Segundo ele, “quando há uma manifestação, todos se envolvem. Envolve o Mato Grosso do Sul inteiro”, conclui.

Ao todo, as manifestações estão ocorrendo na retomada Lagoa Rica, no município de Douradina, que já é uma reserva. Cunumi, localizado no município de Carapó e por fim, em Dourados, todos na região Sul do MS e palco de um dos mais violentos conflitos de luta pela terra no País

Os Comitês de Luta tem se envolvido na luta , que até o momento, ainda não tem ainda apoio de outras organizações, segundo Josiel, que informa ainda que “o Ministério dos Povos Indígenas conseguiu um ofício para o envio das tropas da Força Nacional e também o envio de equipes da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), para atender os feridos no momento”, diz.

Segundo as lideranças do movimento, o conflito atual é resultado de mais de três anos marcados por vários protestos. Ao Diário Causa Operária, o guarani-caiouá Valdery disse que os índios de Dourados “não são produtores por falta de apoio governamentais”, acrescentando que ao contrário dos latifundiários, “não recebem nenhum um dos direitos fundamentais como água, espaço territorial, alimentos e saúde”. Segundo Valdery, “as crianças e os jovens não estão indo à escola”, devido às dificuldades como as condições precárias para “tomar banho e lavar as roupas”, diz. “E o pior sem alimentos”, conclui.

A isto, poderia se acrescentar todo o financiamento dedicado aos grandes fazendeiros, mas praticamente inexistentes no apoio à rudimentar atividade agrícola praticada pelos índios.

Na avaliação de Valdery, o cenário é de “insatisfação geral dos índios com a demora no atendimento das reivindicações”. O governo Lula deve demitir o quanto antes a golpista e ongueira Sonia Guajajara (PSOL) do Ministério dos Povos Indígenas e implementar uma política que atenda os interesses dos índios brasileiros, que junto a outros setores do campesinato, precisam de uma solução para o problema da terra que beneficie os setores hoje esmagados pelo latifúndio.

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