Um confronto armado na cidade egípcia de Ismaília entre o exército britânico e a polícia egípcia entrou para a história, ficando conhecido como a “Batalha de Ismaília”.
A batalha, que colocou em confronto os interesses nacionalistas dos egípcios e a dominação colonial britânica, abriu caminho para o fim do Reino do Egito, que estava diretamente subjugado ao Reino Unido.
A batalha começou com um ataque a uma instalação policial egípcia em Ismaília pelas forças policiais britânicas em 26 de janeiro de 1952, quando aproximadamente 50 policiais das tropas egípcias e auxiliares foram mortos, e mais 80 foram feridos, em um certo que contou com aproximadamente 7 mil soldados britânicos.
O ataque britânico às forças egípcias aconteceu como represália a uma ordem emitida pelo Brigadeiro Kenneth Exham, comandante britânico na região, que determinou aos policiais egípcios de Ismaília que entregassem as armas e abandonassem imediatamente a zona do canal de Suez, então a única área do Egito ainda efetivamente controlada pelos britânicos.
Os policiais egípcios da zona do Canal de Suez já haviam provocado a ira das forças armadas britânicas devido ao apoio dado aos grupos de milícias irregulares conhecidos como Fedayeen, as quais, por sua vez, tinham realizado uma série de ataques contra os britânicos.
A notícia deixou os egípcios enfurecidos e, como resposta a esse ataque cometido pelos britânicos, no dia seguinte, em 26 de janeiro de 1952 começou uma série de motins que ficaram conhecidos como “Sábado Negro”.
Trabalhadores de inúmeros setores recusaram-se a trabalhar. Os policiais do distrito de Abbássia no Cairo uniram-se aos estudantes universitários e juntos marcharam até o gabinete do primeiro-ministro britânico para exigir que o Egito rompesse imediatamente as relações diplomáticas com o Reino Unido e declarasse guerra à Grã-Bretanha, pedido ao qual o Rei Farouk I se opunha.
Além de um incêndio em Cairo, a revolta também provocou saques em centenas de edifícios, bares, restaurantes e casas de espetáculos no centro da cidade.
Seguiram-se, então, seis meses de absoluta instabilidade política que acabaram por culminar na Revolução Egípcia de 1952, quando o exército egípcio derrubou o fantoche britânico do poder no Egito, o Rei Farouk, encerrando um século de dominação entreguista do Egito pela chamada dinastia Muhammad Ali.