No dia 4 de março, as Nações Unidas lançou um relatório sobre violência sexual cometida contra as mulheres israelenses em meio à operação Dilúvio de Al-Aqsa.
Automaticamente, a imprensa capitalista internacional divulgou a notícia como se fosse um fato consolidado, que os militantes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) haviam cometido “estupro em massa”, apesar da escassez notória de provas. O próprio New York Times estampou a notícia dos crimes do Hamas na manchete, insistindo que a ONU havia descoberto a “Evidência de Ataque Sexual no Ataque liderado pelo Hamas em Israel”. A Associated Press noticiou que a própria ONU alegou falta de evidências, “alegações de violação que ainda não puderam ser verificadas.”
Segundo o portal The GrayZone, a imprensa “ocidental” falsificou o relatório enviado a ONU. Conforme a imprensa independente, os próprios autores do relatório admitiram que só foi localizada uma única vítima, sugerindo que as autoridades israelenses encenaram a cena do suposto crime sexual: “interpretações forenses imprecisas” foram os termos utilizados na matéria. Apesar da total falta de evidências, os sionistas alegam haver “razão razoável para acreditar”.
Pramila Pratten, representante especial da ONU sobre violência sexual, alegou ter “informações claras e convincentes”, sobre o suposto crime, porém não conseguiu encontrar vestígios que comprovassem suas alegações:
“Enquanto a equipe da missão revisava extenso material digital retratando uma variedade de violações graves, não foram encontradas evidências digitais especificamente retratando atos de violência sexual em fontes abertas”.
O jornalista responsável pela matéria intitulada “A mídia ocidental fabrica ‘evidências’: relatório da ONU sobre crimes sexuais em 7 de outubro não cumpriu o prometido” alega que as investigações da ONU comprovam várias tentativas das autoridades israelenses de forjarem cenas de estupros para incriminar os palestinos que estão na frente militar contra o estado de “Israel”, citando o caso de uma garota que foi encontrada separada dos pais e “nua da cintura para baixo” no rescaldo do ataque ao Kibbutz Be’eri.Eles escreveram que “a equipe da missão determinou que a cena do crime havia sido alterada por uma equipe antibombas e os corpos movidos, explicando a separação do corpo da menina do restante de sua família“.
Falando após Patten, Chloe Baszanger-Marnay, líder da Equipe de Especialistas da ONU em Estado de Direito e Violência Sexual em Conflitos, disse aos jornalistas:
“Em [Kibbutz] Be’eri, apenas para esclarecer, o que encontramos foi que havia duas alegações que investigamos e que eram infundadas. E elas são muito bem descritas nos relatórios, e você as reconhecerá porque foram amplamente divulgadas na imprensa. O restante, não pudemos verificar. Então… não, não pudemos verificar nenhuma violência sexual em Be’eri neste momento.”
Patten interveio, dizendo que “havia uma alegação de que objetos como facas foram inseridos nos órgãos genitais de uma mulher… a equipe revisou as fotos e não encontramos nada parecido com isso.“
O próprio relatório da ONU culpou abertamente o governo israelense pela incapacidade da equipe de determinar quem pode ter cometido supostos crimes sexuais, observando que:
“A falta de acesso e cooperação das autoridades israelenses com a Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre o Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental e Israel (CIITO), e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), apesar de seus pedidos oportunos para investigar os eventos de 7 de outubro e suas consequências, resultou na indisponibilidade de informações da ONU fonte ou verificadas sobre violência sexual ligada aos ataques cometidos pelo Hamas e outros grupos armados.”
O portal The GrayZone, para corroborar sua versão dos acontecimentos, tentando estabelecer a verdade, apresenta uma entrevista de um apresentador, visivelmente frustrado ao apontar que o Hamas não é culpado pelas acusações, no dia 6 de março ao Canal 12 News de “Israel”:
“Posso apenas perguntar, por que não atribuir a responsabilidade e culpar as atrocidades de maneira simples aos perpetradores e dizer ‘foi o Hamas que fez isso’?” exigiu o apresentador.
Patten respondeu que a missão de sua visita a Israel era “apenas para reunir e analisar informações”, não para atribuir crimes a qualquer perpetrador.
“Está bastante claro quem fez isso, depois de falar com sobreviventes que retornaram – não foram os belgas que fizeram isso”, zombou o apresentador.
“Acho que cabe ao seu governo dar acesso, e essa foi uma das minhas primeiras recomendações”, respondeu Patten.
A representante da ONU se referia a supostas sobreviventes israelenses de agressão sexual que ela não conseguiu encontrar durante sua visita, mas que, segundo o governo de “Israel”, realmente existem.
Ao contrário da versão “oficial” propaganda pela imprensa capitalista de que o Hamas efetivamente estuprou israelenses, os fatos deixam evidente que não há provas.