Nesta segunda-feira, dia 1 de julho, o jornal golpista O Estado de S. Paulo publicou um editorial intitulado “A Arcádia de Lula”. A peça é um verdadeiro ataque contra o governo e a Petrobrás, e tem sua origem nas declarações do presidente Lula em defesa de uma base fundamental da indústria nacional, que é justamente a petroleira brasileira, empresa mais importante do País. O Estado visa construir uma crise generalizada e inexistente nesse grau durante os governos anteriores de Lula e do PT.
“O Brasil já está tão habituado a ter sua inteligência ofendida pelo sr. Lula da Silva que passou sem causar a devida estupefação o discurso que o presidente da República fez na posse de Magda Chambriard na presidência da Petrobras.” Lula “quer fazer o País acreditar que os tenebrosos governos lulopetistas foram, na verdade, a época de ouro do Brasil e que, se a Lava Jato não tivesse aberto a caixa de Pandora, ainda estaríamos cercados de pastores e ninfas numa Arcádia onde reinaria a felicidade absoluta.”
De fato, os governos de Lula e Dilma foram o período em que a vida da população trabalhadora em seu conjunto viu uma medida de melhora inexistente em qualquer outro período no pós-ditadura. A indústria, ainda que em contínuo processo de redução seguindo a tendência internacional provocada pela política imperialista do neoliberalismo, pontualmente se desenvolveu no País, em setores como o petroquímico, a construção civil, a indústria naval, entre outros.
A Lava Jato, como corretamente colocado pelo presidente Lula, se tratou de um ataque movido pelos EUA, através do FBI, contra a indústria brasileira. O julgamento da Petrobrás nos EUA é prova disso, algo sem precedentes. A publicização de informações internas da indústria nacional para permitir tal desenvolvimento foi demonstração do compromisso dos agentes da operação e do ex-juiz Sergio Moro com os dólares norte-americanos. O Estado, ao atacar Lula, ataca toda a indústria e o conjunto da classe operária. Segundo a CUT, a operação golpista antinacional custou ao Brasil 4,4 milhões de empregos e mais de 170 bilhões de reais em investimentos. Fingindo ignorância total sobre elementos básicos de economia, continua o panfleto golpista:
“Disse o Guia Genial dos brasileiros que a Petrobras era a ponta de lança de um inebriante desenvolvimento nacional durante o mandarinato lulopetista. Por exemplo, o demiurgo festejou a criação, naquela época, de milhares de empregos com o impulso que deu à indústria naval, tendo a Petrobras como única cliente, ‘para atender à demanda intensa de um período de ouro’. Se piada fosse, não teria graça. Não sendo, é uma agressão aos fatos: como se sabe, grande parte dos estaleiros está abandonada em razão da evidente incapacidade do setor de concorrer com a indústria estrangeira – de resto um resultado óbvio diante da obtusa exigência de conteúdo nacional e da ausência de mão de obra qualificada, entre outros fatores que Lula e os petistas, na sua megalomania, ignoraram.”
O Estado de S. Paulo opera uma falsificação total da realidade. Em primeiro lugar, a Petrobrás de fato deu base a um projeto de desenvolvimento nacional que se estendia da indústria até mesmo ao setor cultural, com os investimentos da empresa na área. Em segundo lugar, o desenvolvimento da indústria nacional tem por necessidade um período de transição em que se desenvolve determinado setor, ou seja, que não será competitivo num primeiro momento mas que, com o investimento dedicado de um comprador como a Petrobrás, tem espaço para crescer até virar um expoente em sua área. E esse é o papel da empresa, por isso mesmo ela foi criada como empresa estatal, para servir como base para um projeto nacional. O Estado prega a cartilha neoliberal, segundo a qual o Brasil não deve ter indústria própria, mas submeter sua economia completamente ao imperialismo. É um projeto de submissão e escravidão nacional.
“E então, no melhor estilo lulopetista, o presidente atribuiu essa suposta ofensiva contra a Petrobras, capitaneada pela Lava Jato, à ‘elite política e econômica deste país’, que segundo ele ‘não tem nenhum compromisso com a soberania do Brasil e a vida do nosso povo’.”
Ora, mas a colocação do Estado nada mais do que comprova a colocação do presidente Lula. E segue o jornal comprovando as colocações de Lula:
“Ou seja, na mitologia de Lula, a ‘era de ouro’ do Brasil e da Petrobras foi subitamente encerrada quando uma tal ‘elite’ decidiu destruir o País. Lula foi claríssimo: ‘Eles querem que o Brasil seja pobre, eles querem que o Brasil seja pequeno, eles querem que o Brasil não possa tratar de seu povo. E nós queremos o Brasil exatamente ao contrário. Um Brasil grande, um Brasil rico e um país capaz de cuidar do seu povo com a dignidade que cada ser humano merece’.”
E justamente o jornal capacho do imperialismo defende na peça que o Brasil não deveria se debruçar sobre o desenvolvimento de uma indústria nacional, que não deveria se desenvolver. É uma demonstração cabal da caracterização correta feita pelo presidente.
“Mas os brasileiros não têm mais com o que se preocupar. ‘Aqui estamos, de volta, para reconstruir a Petrobras e o Brasil’, anunciou Lula, triunfante, como se sua parolagem bastasse para que o País esquecesse que, na longa e tenebrosa era do lulopetismo no poder, a Petrobras praticamente quebrou e o Brasil empobreceu. Deu muito trabalho para interromper a razia promovida por essa turma, impondo limites de governança à Petrobras e de gastos para o governo. Em outras palavras, são esses limites que Lula quer demolir, em nome, segundo ele, da ‘realização de um sonho do povo brasileiro’.”
A quebra da Petrobrás é outro ponto em que o Estado entrega o jogo. A política de desenvolvimento nacional utiliza a Petrobrás na função pela qual foi criada: de alavanca da economia nacional. Ou seja, a empresa investiria boa parte de seus lucros nos mais variados setores, como pesquisa e desenvolvimento, refino, e em toda a cadeia do setor petroquímico, entre outras áreas. Além disso, como produtora de combustíveis, cabe também uma redução nos preços para estimular outros setores da indústria com base na queda do custo energético, base econômica da sociedade que afeta desde o setor produtivo à distribuição para o varejo.
Naturalmente, essa política reduz os lucros imediatos da empresa, mas também a desenvolve e expande seu papel na economia do País. A chamada “quebra”, portanto, é uma farsa total. O Estado defende a política de maximização dos lucros da Petrobrás para inflar o repasse aos acionistas, não para desenvolver a empresa ou o Brasil.
O artigo, como tradicional do Estado de S. Paulo, é um ataque ao Brasil e a todos os trabalhadores do País. Uma matéria diretamente alinhada aos interesses do imperialismo e à destruição nacional. A mesma destruição promovida pela Lava Jato, da qual a imprensa burguesa, incluído o Estado, foi e é cúmplice.