Declarações de Larry Johnson, funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, dadas ao Washington Post no último dia 28 de janeiro, expressam que a CIA estaria perdendo o controle da África, aprofundando a crise política do imperialismo e de sua ditadura sobre as nações da África Ocidental.
Larry Johnson afirma que a dificuldade em manter o controle dos EUA sobre governos africanos se dá, pelo menos em parte, por conta da política do Partido Democrata de não cooperar com o que é definido por ele como ”tropas associadas a governos golpistas” e excluir tais tropas de “exercícios militares” conduzidos pelos Estados Unidos.
A declaração segue no sentido de dizer que haveria um vácuo deixado pela intervenção norte-americana, que seria suprido por “adversários dos Estados Unidos”.
O analista insinuou que a decisão do Níger, Mali e Burkina Faso, países que passaram por processos de expulsão da influência estrangeira de seus governos, poderia estar relacionada com essa falta de controle apontada por ele sobre os exércitos africanos. O afastamento desses países da CEDEAO seria equivalente a um afastamento de Washington.
Os três países citado acima anunciaram sua saída da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) em um comunicado conjunto, expressando “grande pesar, amargura e decepção” com a organização.
Eles alegaram que a CEDEAO “traiu seus princípios fundadores” sob influência estrangeira e denunciaram as “sanções ilegais, ilegítimas, desumanas e irresponsáveis” aplicadas pelo bloco. A deterioração das relações começou com a falta de apoio por parte da organização aos processos revolucionários anti-imperialistas que ocorreram nos referidos países.
O analista nigeriano Issoufou Boubacar Kado Magagi afirmou que os países da região não tinham alternativa a não ser sair da CEDEAO, destacando que a organização é manipulada pelo imperialismo, com atuação capitaneada pela OTAN.
Ele mencionou que os países do BRICS poderiam oferecer alternativas, visto que são potências emergentes dispostas a colaborar. Enquanto a CEDEAO afirmou que não recebeu nenhuma notificação oficial sobre a saída dos três países, o primeiro-ministro do Níger acusou a organização de desonestidade.
As relações entre Mali, Burkina Faso e Níger com a CEDEAO se deterioraram após mudanças de governo, resultando em governos militares de transição devido à crescente atividade terrorista. A CEDEAO impôs sanções e ameaçou usar força no Níger após a remoção forçada do presidente em julho de 2023, além de impor sanções similares ao Mali e Burkina Faso após golpes de Estado em anos anteriores.
“Assumindo plenamente as suas responsabilidades perante a história e respondendo às expetativas e preocupações das suas populações, os dirigentes do Burkina Faso, do Mali e do Níger decidiram, em plena soberania, retirar com efeitos imediatos os seus países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental”, disseram os três países em declaração conjunta, afirmando ainda que a organização, que foi importante no passado, agora teria ”traído seus princípios sob influência estrangeira”.
A situação evidencia que a crise que o imperialismo está enfrentando se amplia dia após dia, com os golpes de cunho nacionalistas na África ocidental minando o controle dos países imperialistas e intensificando o processo de emancipação e desenvolvimento dos países oprimidos.
Os governos dos EUA e dos países da União Europeia (além do próprio bloco), imediatamente suspenderam os subornos eufemisticamente chamados de “ajuda humanitária” aos países recém-liberados. Segundo o Banco Mundial, o Níger recebia até então cerca de US$ 2 bilhões anualmente em ajuda financeira. Parece um valor razoável, mas é uma pechincha perto do que o imperialismo roubava destas nações.
Os reflexos da política nacionalista desses países, e de sua determinação em enfrentar o imperialismo já se fazem sentir na economia de uma das mais pobres nações do mundo. Na sequência do ocorrido, uma onda de sanções foram aplicadas pelas nações desenvolvidas e pelos regimes pró-imperialistas da região ao bloco formado pelos que se retiraram da CEDEAO, que declarou uma intervenção armada ao Níger e países que se retiraram da CEDEAO.