Previous slide
Next slide

Eleições gerais britânicas

O Partido Trabalhista inglês se prepara para assumir já em crise

É consenso que o partido conquiste uma ampla maioria, mas nunca tantos britânicos concorreram como independentes, em claro sinal da falência do centro político

Segundo levantamento realizado pela agência inglesa de pesquisa de mercado Survation, o Partido Trabalhista britânico teria 99% de chances de conquistar uma votação histórica nas eleições gerais do Reino Unido e ganhar 484 de 650 assentos no Parlamento, no escrutínio marcado para esta quinta-feira (4). Desde o dia 30 de maio, a Casa dos Comuns (câmara baixa do parlamento, similar à Câmara dos Deputados do Brasil) está dissolvida até que um novo Parlamento seja eleito.

Conforme a mesma pesquisa, os trabalhistas conseguiriam aumentar em 42% sua votação nas eleições, enquanto os conservadores são esperados para terem 23% dos votos, 22 pontos percentuais a menos do que em 2019. Governando o Reino Unido há mais de uma década, os conservadores devem ter apenas 64 cadeiras, o que se concretizar, será uma queda acentuada em relação aos 365 assentos conquistados no pleito de 2019.

Segundo a Survation, o resultado se deve, também, à pressão que os conservadores têm sofrido em áreas tradicionalmente dominadas pelos tories (como são conhecidos). Veja a nota:

Os conservadores têm sofrido pressão tanto dos liberais democratas quanto dos trabalhistas em suas áreas centrais no sul e no leste da Inglaterra. Estamos projetando que muitos desses assentos da ‘Blue Wall [‘parede azul’, em português]’ – definidos como distritos eleitorais que os conservadores detêm atualmente, onde se estima que a maioria tenha votado pelo Remain [contra o Brexit] em 2016 e a proporção de graduados esteja acima da média nacional – mudarão de mãos na quinta-feira. Desses 52 assentos, nossas estimativas sugerem que os conservadores manterão apenas 10.

Antes da pesquisa, no entanto, a burguesia já contava com uma expressiva derrota dos conservadores, que desde maio de 2010, governam um dos três principais países imperialistas do mundo. No último dia 27 de junho, o semanário britânico The Economist já antecipava que o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, “deve ser o novo primeiro-ministro” (“Keir Starmer should be Britain’s next prime minister”):

Você nunca saberia disso por uma campanha de baixa intensidade, mas após 14 anos de governo conservador, a Grã-Bretanha está no limiar de uma vitória trabalhista tão abrangente que pode bater recordes. Nenhum partido adere totalmente às ideias que a The Economist defende. O consenso econômico na Grã-Bretanha se afastou dos valores liberais – livre comércio, escolha individual e limites à intervenção do Estado. Mas as eleições são sobre a melhor escolha disponível e isso é claro. Se tivéssemos uma votação no dia 4 de julho, nós também escolheríamos o Partido Trabalhista, porque ele tem a maior chance de resolver o maior problema que a Grã-Bretanha enfrenta: uma falta crônica e debilitante de crescimento econômico.

Considere primeiro as alternativas. Podemos descartar algumas imediatamente. O Partido Nacional Escocês quer desmembrar a Grã-Bretanha, não a administrar. Os Verdes fazem com que a política estudantil pareça rigorosa. O Reform UK, o grupo de Nigel Farage, oferece uma visão febril e nativista da Grã-Bretanha que aceleraria o próprio declínio que ele diz estar tentando evitar.”

Antes disso, no dia 26, o semanário já antecipava que “megapesquisa revela que o Partido Trabalhista está a caminho de conquistar 465 das 632 cadeiras na Inglaterra, Escócia e País de Gales, o que lhe dará a mais expressiva maioria desde a Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, o Partido Conservador, que conquistou 365 cadeiras em 2019, deve cair para apenas 76, o menor número de sua história“.

No último dia antes da votação (3), o Partido Conservador lutava para diminuir o impacto da derrota. No perfil oficial do X da agremiação, as publicações eram dominadas por mensagens como:

Keir Starmer tentou fazer de Jeremy Corbyn primeiro-ministro. Duas vezes.

Uma supermaioria trabalhista colocaria a esquerda radical no poder.

Vote conservador na quinta-feira.”

Em outra publicação, os tories tentam associar os trabalhistas aos russos e em tom de ameaça, alertam para uma eventual possibilidade de o governo trabalhista deixar o país “dependente da energia russa”: 

As políticas trabalhistas significarão contas mais altas e nos deixarão dependentes da energia russa. 

Não fique no escuro.

23 horas para travar a supermaioria trabalhista.”

Em todas as publicações, a batalha para “travar a supermaioria trabalhista” é constante, como um reconhecimento de que a concretização de um retorno dos trabalhistas ao governo britânico é inevitável. Já o Partido Trabalhista, liderado pelo ex-chefe do Ministério Público britânico Keir Starmer, dedicou-se a aterrorizar o público britânico ante a possibilidade de um “já ganhou” premeditado, a exemplo da publicação abaixo:

“O Partido Trabalhista proporcionará mudanças para o País de Gales e em todo o Reino Unido. Mas a mudança só vai acontecer se você votar a favor. 

Votem amanhã [4] no Partido Trabalhista.”

A opção do imperialismo pelos trabalhistas não seria exatamente uma novidade na história britânica. Após 11 anos do massacre da era Margaret Thatcher e sete de John Major, o desgaste sofrido pelos conservadores levou os monopólios britânicos a alçarem os trabalhistas ao poder e Tony Blair a 10 Downing Street (sede do governo britânico). Uma vez instalado, Blair implementou um programa tão ferozmente imperialista que levou o país a apoiar todas as loucuras criminosas lideradas pelos EUA contra os povos oprimidos, em especial o ataque contra a antiga Iugoslávia, além dos países árabes e o Afeganistão, cuja invasão fora realizada pelas duas maiores forças imperialistas do planeta.

Apesar da perspectiva de ampla maioria, um número chama atenção: mais de quatro mil pessoas estão concorrendo na eleição de hoje, um número recorde para o Reino Unido segundo a emissora nacional BBC, e destes, cerca de 10% (459) são independentes. Um reflexo da crise de autoridade que vivem os partidos britânicos e um indicativo de que as tendências vistas na França, onde o centro político simplesmente derreteu, estão a caminho de ocorrer também no Reino Unido.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.