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Eleições na Venezuela

Imprensa imperialista prepara mundo para a derrubada de Maduro

Quando Trump adotou o comportamento da oposição venezuelana, foi tratado como criminoso, evidenciando dois pesos e duas medidas por parte da ditadura imperialista

Refletindo a importância que a Venezuela ganhou no cenário mundial, a imprensa imperialista está divulgando, em todo o planeta, a versão da oposição golpista sem absolutamente nenhum critério, evidenciando como a oposição a Maduro está umbilicalmente ligada aos interesses do imperialismo. Isso pode ser observado pela colocação de um dos principais órgãos de imprensa da burguesia imperialista norte-americana, o The New York Times, que publicou a matéria Maduro Is Declared Winner in Tainted Venezuela Election (Anatoly Kurmanaev, Frances Robles, Julie Turkewitz, 29/7/2024), referindo-se ao presidente venezuelano Nicolás Maduro como “líder autoritário”:

“O líder autoritário da Venezuela, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor da tumultuada eleição presidencial do país na madrugada de segunda-feira, apesar do enorme impulso de um movimento de oposição que estava convencido de que este seria o ano em que derrubaria o partido de inspiração socialista de Maduro.

O governo de Maduro já inventou resultados eleitorais anteriormente, e essa contagem foi imediatamente questionada pela oposição e por vários oficiais da região.”

Também órgão de primeira linha do imperialismo, porém britânico, o Financial Times destacou que a vitória de Maduro “contradisse as pesquisas de opinião pré-eleitorais e as pesquisas de boca de urna”, naturalmente, sem entrar no mérito da qualidade das tais “pesquisas”, que não eram outra coisa além de instrumento de propaganda contra o nacionalismo venezuelano. Disse o sítio do órgão, na matéria Pressure mounts on Venezuela’s Nicolás Maduro over contested presidential vote (Joe Daniels e Michael Stott, 29/7/2024):

“O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo Estado, esperou mais de seis horas após o fechamento das urnas antes de anunciar que Maduro havia garantido a reeleição com 51,2% dos votos contra 44,2% de seu principal adversário, Edmundo González, com 80% dos votos contados.

O resultado contradisse as pesquisas de opinião pré-eleitorais e as pesquisas de boca de urna, que previam uma grande vitória da oposição. A oposição também afirmou que sua própria contagem parcial dos locais de votação indicava que González estava vencendo por 70% a 30%. O CNE culpou um ataque hacker ao sistema eleitoral por uma potência estrangeira não especificada pelos atrasos na divulgação dos resultados.”

Outra matéria do mesmo órgão, com o título Maduro’s flawed victory won’t solve his problems (Michael Stott, 29/7/2024), destaca que:

“Nos dias tensos que antecederam as eleições presidenciais de domingo, os venezuelanos imaginaram cenários cada vez mais elaborados para o resultado. No final, o resultado foi o mais simples e previsível: o líder autoritário do país sul-americano, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor, enquanto a oposição gritava ‘não’.

‘Diante da alta participação dos eleitores e do forte apoio à oposição, o regime de Maduro tinha duas opções’, disse Ryan Berg, diretor do programa das Américas no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington. ‘Admitir a derrota … ou envolver-se numa fraude como nunca se viu antes na Venezuela’. A declaração de vitória ‘indica o caminho pelo qual optou: mega-fraude e potencial repressão dos protestos de rua’”.

As colocações chamam atenção pela discrepância entre as reivindicações da oposição venezuelana que alega fraude sem apresentar uma única prova do que diz e o norte-americano Donald Trump, que também denunciou a fraude nas eleições presidenciais de seu país em 2020, por exemplo, porém não foi agraciado com manchetes dos jornais em todo o planeta, como está sendo agora com a oposição da Venezuela. Longe disso, as alegações de Trump foram tratadas como criminosas, mesmo com a existência de elementos concretos para caracterizar o seu resultado eleitoral adverso como fraude, destacadamente os estranhos votos por correspondência.

Agora, por outro lado, as alegações de fraude são aceitas sem o menor questionamento, tendo como base pesquisas de opinião financiadas pelo imperialismo. Fossem coerentes, as forças imperialistas seguiram o seguinte roteiro: a autoridade eleitoral (o CNE) apresentou o resultado indicando a vitória de Maduro, logo, o país tem um presidente eleito. A oposição, no entanto, falou que foi fraude sem apresentar absolutamente nenhuma prova.

“Poucos ficarão convencidos com a vitória de Maduro”, continua Financial Times (Michael Stott), informando que “as pesquisas de opinião e as contagens de boca de urna não oficiais previam uma vitória esmagadora da oposição. A autoridade eleitoral, controlada pelo Estado, guardou um longo silêncio após o encerramento das urnas, seguido da declaração de um triunfo ‘irreversível’ do Presidente, sem qualquer repartição dos números. Seguiram-se as rápidas felicitações dos principais aliados, Rússia, China e Cuba, e ameaças contra quem questionasse o resultado”.

Outros exemplos pululam nas páginas dos principais órgãos de imprensa do mundo, mostrando uma diretriz política clara para o problema da eleição venezuelana, como o editorial do último dia 30 do brasileiro Estado de S. Paulo, para quem o imperialismo “jamais teve chance de derrotar Nicolás Maduro [chamado depois de ‘ditador’] no voto”:

A também golpista dedicou um editorial ao “ditador” que oprime o imperialismo, dizendo que “abundam evidências de fraude”, sem, no entanto, apresentá-las:

O Globo publicou um editorial dedicado a pressionar o governo a tomar o partido do imperialismo e condenar a vitória de Maduro:

Além destes, o britânico The Guardian também publicou matéria atacando não apenas as eleições, mas o regime bolivariano, “autoritário”, segundo o órgão:

“Os resultados, que se seguiram a uma eleição descrita por observadores independentes como a mais arbitrária dos últimos anos – mesmo segundo os padrões do regime autoritário fundado pelo mentor e antecessor de Maduro, Hugo Chávez – parecem ter frustrado as esperanças da oposição de pôr fim a um quarto de século de regime chavista e de turbulência econômica.”

Destaca-se, no caso, os dois pesos e duas medidas da propaganda imperialista. A um observador atento, torna-se ainda mais flagrante os interesses envolvidos no ataque a Maduro e a razão pela qual a vitória do bolivarianismo deve ser defendida por todas as forças da esquerda brasileira.

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