No dia 19 de maio, o exército da República Democrática do Congo (RDC) anunciou ter frustrado uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Félix Tshisekedi. Pelo menos três pessoas foram mortas nos ataques em Kinshasa, e cerca de 50 pessoas envolvidas na tentativa de golpe foram presas, incluindo três cidadãos norte-americanos.
De acordo com informação da emissora catarense Al Jazeera, por volta das 4h da manhã, dezenas de homens vestindo fardas militares e armados com submetralhadoras e rifles atacaram a residência de Vital Kamerhe, um parlamentar federal que é aliado do presidente e que é considerado favorito para se tornar o próximo presidente da Assembleia Nacional.
Os golpistas também invadiram o Palais de la Nation, a residência e os escritórios oficiais do presidente, que não estava presente em nenhum dos locais.
Christian Malanga Musumari tem sido apontado como o suposto líder da tentativa frustrada. Ele é um empresário rico, capitão reformado militar do exército congolês. Ele residia nos Estados Unidos, onde sua família conseguiu asilo político quando era criança. Os militares congoleses também disseram que Malanga tentou dar um golpe pela primeira vez em 2017, mas não deram mais detalhes sobre isso.
Em uma transmissão ao vivo publicada no Facebook durante a tentativa de golpe de domingo, Malanga ameaçou o presidente e gritou “Novo Zaire!”, como era antes chamado o país.
“Nós, os militantes, estamos cansados”, disse Malanga. “Não podemos continuar com Tshisekedi e Kamerhe, eles fizeram muitas besteiras neste país”.
Após os militares frustrarem a tentativa de golpe, Malanga foi morto. Segundo as autoridades congolesas, ele teria resistido à prisão.
Em todo o mundo, formou-se um consenso de que a operação de Malanga foi um desastre.
“Em vez de atacar locais estratégicos como os dois aeroportos de Kinshasa, os campos militares e a RTNC (emissora nacional), a operação do comando de Malanga se dirigiu a alvos sem importância para derrubar o poder”, disse Albert Malukisa Nkuku, professor da Universidade Católica do Congo, que apontou que os presidentes da República Democrática do Congo raramente usam a residência oficial por questões de segurança. “Por que iniciar um ataque na residência de Vital Kamerhe e já perder uma grande quantidade de munições antes de acabar no Palácio da Nação?”.
A República Democrática do Congo é altamente rica em recursos minerais e é um dos maiores produtores mundiais de cobalto e coltan, usados na produção de eletrônicos como telefones celulares. Trata-se de um país importante, tanto por seu tamanho, quanto por sua localização.
Embora a tentativa de golpe tenha sido uma grande fanfarrice, resultando na morte de seu próprio líder, ela emite sinais perigosos. Afinal, é mais uma comprovação de que o imperialismo reagirá com muita violência à rebelião de países atrasados contra a sua dominação. Diante dos movimentos nacionalistas no Níger, no Gabão, em Senegal e em Burquina Fasso, a tentativa de golpe em um país-chave como a República Democrática do Congo mostra que o imperialismo atuará para impedir que mais países tentem se livrar da dominação que lhes é imposta.
A qualidade do golpe mostra que o imperialismo está com dificuldade de se organizar para enfrentar essa situação. Os donos do mundo estão tratando com um inimigo com o qual têm dificuldade de lidar. Trata-se, portanto, de uma grande oportunidade para vários povos porem abaixo regimes prepostos do imperialismo.
No entanto, a reação imperialista não deve ser subestimada. De um ponto de vista mais geral, o imperialismo se prepara para uma guerra de grandes proporções contra os países rebeldes.