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União Europeia

Imperialismo finge que está tudo bem

Derrota acachapante do setor principal do imperialismo nas eleições para o Parlamento Europeu o levam ao desespero para salvar as aparências frente à esquerda centrista

Na última segunda-feira, 10 de junho, a Folha de S.Paulo publicou uma coluna assinada por Hélio Schwartsman, de título Avanços extremistas. A peça é uma tentativa do setor majoritário do imperialismo — em franca decadência política, como demonstrado pelos resultados parciais das eleições para o Parlamento Europeu, cuja apuração ainda segue — com o fim de manter uma aparência de estabilidade ao comentar o pleito.

“O centro foi o grande vitorioso nas eleições para o Parlamento Europeu, mas a extrema direita obteve avanços importantes em vários países, notadamente a França. É difícil avaliar o alcance exato dessa votação. Eleições para o Parlamento Europeu costumavam ser uma ocasião privilegiada para o voto de protesto. Nelas, o eleitor podia mostrar sua insatisfação para com os governantes nacionais sem arriscar bagunçar muito a política local.”

Em primeiro lugar, o centro político derrete no Parlamento Europeu e em todo o planeta. Em todas as frentes, esse dito centro, que nada mais é que o setor fundamental do imperialismo, a direita “democrática”, perdeu cadeiras, enquanto a extrema direita, também em todas as frentes, ganhou assentos. A votação aponta para uma crise total do bloco imperialista da União Europeia, enquanto bloco controlado pela ala majoritária do imperialismo europeu. É também por isso que Schwartsman diminui a importância da eleição para o Parlamento Europeu, com vistas a mascarar o tamanho da crise pela qual passa o setor político composto no Brasil também pela Folha. E ele segue:

“É um pouco com isso que conta o presidente francês, Emmanuel Macron, ao dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas. Seu cálculo é que, diante da perspectiva real de a extrema direita obter maioria na Assembleia, os eleitores de esquerda, centro e da direita republicana se mobilizarão para evitar tal desfecho. Foram ‘cordons sanitaires’ como esse que asseguraram as duas vitórias de Macron contra Marine Le Pen nas presidenciais.”

Macron, um banqueiro, sem qualquer base social, odiado em toda a França e pelo planeta, busca pressionar a esquerda a ceder espaço e se alinhar novamente a ele, como nas últimas eleições, sob a ameaça de uma vitória acachapante da extrema direita. Da mesma maneira, é o que defende o articulista da Folha, ao mencionar um “cordão sanitário” (uma frente ampla). O fato é demonstrativo da impopularidade de Macron já há pelo menos duas eleições. Ou seja, o atual presidente francês ganhou ambas as vezes não por sua política, mas por chantagear a população com a ameaça da extrema direita nazista, representada por Le Pen.

Caso a esquerda perceba o verdadeiro derretimento do “centro” político, a direita “tradicional” ou “democrática”, tenderá a não abandonar seu próprio programa para aderir aos políticos tradicionais do capital financeiro, dos bancos. Tal é a razão para a absoluta falsificação apresentada por Hélio Schwartsman.

Sem qualquer popularidade, para não ser engolida pela situação política, a direita tradicional busca se apoiar na esquerda para sustentá-la. Assim, contudo, ganha uma sobrevida artificial, e a esquerda vai falindo junto a ela, o que leva de fato ao crescimento desimpedido da extrema direita.

A falência econômica e política do setor majoritário do imperialismo leva a uma perda total de credibilidade em suas instituições e governos. Apesar de demagógica, a extrema direita faz críticas veementes a tais instituições, e ganha politicamente com isso. A anulação política da esquerda através da frente ampla mantém a extrema direita como campo isolado de crítica ao regime político estabelecido, portanto, ela cresce exponencialmente. Essa é a política da Folha e de Schwartsman, que continua em sua farsa:

“O avanço da extrema direita na Europa me leva a duas constatações, uma mais tranquilizadora e outra bastante inquietante. Pelo lado menos negativo, como já observou Adam Przeworski, a direita radical da Europa Ocidental é de uma variante menos tóxica do que suas congêneres das Américas e da Europa Central. É uma direita nacionalista, anti-UE, anti-imigração e anti-Islã, mas que, ao contrário de Trump, Bolsonaro e Orbán, não viola as regras básicas da democracia.

“Do lado mais preocupante, o crescimento global da extrema direita está calcado no voto jovem. Nós fizemos algo de bastante errado se não conseguimos convencer as novas gerações de que o pacto liberal-democrático é algo em que vale a pena apostar.”

Ambos os pontos apresentados pelo colunista são absurdos. A extrema direita europeia, também no “Ocidente”, tem suas raízes no fascismo e no nazismo, o que é simples de verificar na própria argumentação do articulista. O “nacionalismo” dos países imperialistas nada mais é do que o fascismo puro e simples, é o orgulho de um país que esmaga os outros, que pisa sobre os trabalhadores de todo o planeta e também em casa. As políticas anti-imigração e anti-islã acabam por ter por um lado uma raiz econômica, mas por outro um conteúdo racial, não necessariamente difundido entre a população, mas flagrantemente presente na extrema direita europeia e explorado por ela. Saudações romanas abundam, e suásticas são substituídas por símbolos análogos frente à proibição daquelas. Perto da extrema direita europeia, Jair Bolsonaro é uma verdadeira Barbie.

Já o crescimento da extrema direita calcado na juventude nada mais é que a expressão da insatisfação social pela falência do setor que governa os países europeus em sua maioria, a ala principal do imperialismo. A juventude expressa primeiro tal insatisfação, e não havendo alternativa à esquerda, resta apenas recorrer à extrema direita.

O pacto liberal-democrático do qual Hélio e a Folha querem convencer a juventude é o pacto liberal-democrático que prende, espanca e reprime de todas as formas manifestantes em defesa do fim do genocídio na Palestina. Não há convencimento possível, a direita tradicional é forçada a fechar o regime político por não conseguir conter a crise por outras vias, e a extrema direita veio para ficar. A questão que está colocada é: frente a isso, o que fará a esquerda?

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