Na última semana, a escalada da guerra imperialista no mundo árabe atingiu a Síria, repetindo crimes de guerra já vistos na Palestina, no Líbano e no Iêmen. Alepo, a maior cidade do país, se tornou palco de uma tragédia humana, com mais de 150 mil pessoas forçadas a fugir em menos de uma semana. A ofensiva, liderada por grupos mercenários apoiados pelo imperialismo, agravou ainda mais a situação humanitária em uma região já marcada por anos de destruição.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) alertou que o número de deslocados deve continuar crescendo. Gonzalo Vargas Llosa, representante da entidade na Síria, declarou em uma rede social: “as mantas, colchões e água que estamos distribuindo podem aliviar temporariamente o sofrimento, mas não serão suficientes. Essas pessoas precisam urgentemente de abrigo, serviços básicos e meios de subsistência”.
Llosa destacou que a situação é particularmente crítica em áreas como al-Safirah, no sudoeste de Alepo, onde civis estão sendo mantidos como reféns por mercenários. A cidade de al-Safirah, que se tornou um corredor para aqueles que tentam escapar do conflito em Alepo, está sob o controle de grupos armados que impedem o acesso a alimentos, água e medicamentos.
Cerca de dois mil civis provenientes de comunidades vizinhas, como Nubl e al-Zahraa, caminharam mais de 60 quilômetros para tentar alcançar áreas seguras, mas foram barrados e forçados a permanecer sob condições desumanas. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram crianças comendo grama para sobreviver, enquanto mulheres e homens imploram por ajuda.
“Estamos sem água, sem comida e sem medicamentos. Nossos filhos estão morrendo”, declarou um dos civis em um vídeo, dirigido a organizações humanitárias e internacionais. Relatos também indicam que muitos dos deslocados foram levados à força para locais desconhecidos, aumentando ainda mais a angústia das famílias.
Além da crise humanitária em Alepo, outras regiões estratégicas da Síria enfrentam ataques coordenados de grupos armados. Em Hama, no centro do país, o Exército Árabe Sírio foi obrigado a recuar após intensos combates. O comando militar informou que a retirada tinha como objetivo evitar combates urbanos que poderiam colocar em risco a vida dos civis. “Apesar de nosso sacrifício e das inúmeras baixas entre os mercenários, eles conseguiram penetrar em várias áreas da cidade”, afirmou um comunicado oficial. A estratégia agora é reposicionar tropas para recuperar os territórios perdidos.
As forças armadas sírias não enfrentam apenas mercenários locais, mas também uma ofensiva sofisticada, que inclui drones explosivos e ataques coordenados com suporte técnico e militar estrangeiro. Há acusações de que a Turquia e a Ucrânia estariam fornecendo equipamentos e treinamento aos mercenários, incluindo veículos aéreos não tripulados (VANTs) do tipo FPV (First Person View), usados em ataques precisos. Essa interferência externa agrava ainda mais a situação no terreno, prolongando o sofrimento da população civil.
Em meio à escalada da guerra imperialista no Oriente Próximo, o Irã anunciou que os próximos passos do processo de paz de Astana, envolvendo Rússia, Turquia, Síria e Irã, serão discutidos em uma reunião ministerial em Doha, no Catar. Apesar das tentativas de retomar o diálogo, a intensificação do conflito ameaça inviabilizar qualquer avanço diplomático.
A crise na Síria tem repercussões diretas em países vizinhos. No Iraque, as Forças de Mobilização Popular (FMP) reforçaram sua presença na fronteira, temendo que o conflito se alastre para seu território. Faleh al-Fayyad, líder das FMP, declarou que “o que acontece na Síria tem impacto direto na segurança nacional iraquiana”. Ele afirmou que todas as medidas estão sendo tomadas para impedir a infiltração de mercenários em solo iraquiano.
A nova fase da guerra imperialista que se desenvolve na Síria evidencia o esforço desesperado do imperialismo para manter sua ditadura sobre o mundo árabe. Após fracassar em Gaza, onde a Resistência Palestina impôs uma derrota histórica a “Israel”, e no Líbano, onde o Hesbolá impediu qualquer avanço sionista, os EUA e seus aliados voltam seus olhos para a Síria, como forma de tentar derrotar o Eixo da Resistência.
A escalada da guerra, porém, a mantém sem uma conclusão clara e demonstra que a dominação imperialista está em crise. As populações árabes, apesar do sofrimento e das perdas, continuam resistindo, revelando as limitações de uma estratégia que aposta na destruição e na submissão forçada. A Síria, assim como outros países da região, é mais um campo de batalha em uma luta maior, onde o imperialismo enfrenta a resistência decidida de povos que não aceitam ser oprimidos.