Nesta quarta e última parte da série de matérias sobre a ofensiva imperialista contra a liberdade de expressão, será exposto que o imperialismo busca impedir os oprimidos de utilizarem avanços tecnológicos, em especial a inteligência artificial (IA), em sua luta contra o imperialismo e, ao mesmo tempo, pretende utilizar esses avanços para censurar a divulgação de informações contrárias ao imperialismo.
A revista britânica The Economist, porta-voz da burguesia imperialista, elenca como uma de suas principais preocupações que “produzir desinformação se tornou mais fácil”, afirmando que “quando se trata de desinformação, as redes sociais reduziram o custo de distribuição a zero e a IA generativa reduz o custo de geração a zero”.
Vê-se, então, um antagonismo não apenas aos benefícios tecnológicos da inteligência artificial, mas também da Internet e das redes sociais, que democratizaram (na medida em que isto é possível em uma sociedade capitalista) a produção, a distribuição e o acesso à informação.
Nunca é demais frisar que quando a The Economist utiliza o termo “desinformação”, a revista se refere àquelas informações que são contrárias aos interesses do imperialismo, que prejudicam a manutenção de sua ditadura mundial. Independentemente das informações serem verdadeiras ou falsas – frequentemente, inclusive, informações que são taxadas como “desinformação” são verdadeiras.
Esclarecido isto, a revista britânica expõe um dos motivos pelo qual a inteligência artificial seria um perigo para o imperialismo:
“As ferramentas de IA também levantam o espectro da desinformação personalizada gerada para atrair pequenos grupos. Pode até ser possível ‘micro-direcionar’ indivíduos com desinformação, com base no conhecimento das suas preferências, preconceitos e preocupações.”
Em outras palavras, povos oprimidos podem utilizar a inteligência artificial para potencializar a divulgação de informações sobre os crimes do imperialismo, sobre como o imperialismo exerce sua ditadura em vários países do mundo. Por exemplo, “micro-direcionar”, para aqueles que apoiam o povo palestino, informações reais sobre o genocídio na Palestina e as ações da resistência contra “Israel”.
Com ferramentas assim, mobilizações em defesa dos palestinos, a exemplo dos protestos nas universidades norte-americanas, podem ser intensificadas, inclusive expondo a repressão que é perpetrada contra os estudantes. E o mesmo pode ser feito com toda e qualquer luta que está sendo travada contra o imperialismo, a exemplo da luta da Rússia contra a OTAN, na Ucrânia.
Segundo a The Economist, esse uso da inteligência artificial deve ser combatido. Contudo, a burguesia imperialista, ciente de que não é possível impedir o avanço das forças produtivas, propõe a utilização da inteligência artificial para censurar (“combater a desinformação”):
“Embora tudo isso seja preocupante, vale lembrar que nem todos os aspectos da tecnologia são negativos. Acontece que a IA pode ser usada tanto para combater a desinformação como para produzi-la.”
Utilizando-se de um avanço tecnológico como a inteligência artificial, a capacidade de censura da burguesia imperialista tende a aumentar exponencialmente. O que faz muitos se colocarem contra o avanço tecnológico que é a inteligência artificial.
Contudo, restringir o uso dessa tecnologia é não só um erro, mas algo reacionário. Afinal, com a inteligência artificial, os povos oprimidos também ganham uma nova ferramenta para exercer sua liberdade de expressão, direito necessário para lutar contra o imperialismo.
Nesse sentido, deve ser lembrado que o advento da Internet, apesar de ter possibilitado a expansão dos monopólios de imprensa da burguesia imperialista, fez ainda muito mais para democratizar o acesso dos povos oprimidos à informação, especialmente depois do advento das plataformas de vídeos, das redes sociais e dos aplicativos de mensagens.
Atualmente, com a ofensiva de censura do imperialismo, especialmente contra plataformas como o Telegram e o TikTok, vê-se que o advento da Internet e das redes sociais aprofundou a crise do imperialismo, fazendo-o recorrer a métodos cada vez mais autoritários.
O mesmo vale para inteligência artificial. Conforme a declaração de intenções da The Economist, a burguesia imperialista tentará utilizá-la como pretexto para censurar os trabalhadores e povos oprimidos de todo mundo. Estes devem utilizar a IA para fazer o contrário, exercer seu direito à liberdade de expressão sem absolutamente nenhuma restrição.