A indústria pop tenta conduzir a opinião mundial de que a vice-presidente dos Estados Unidos, a democrata Kamala Harris, é a melhor escolha para a disputa presidencial contra Donald Trump depois da desistência do atual presidente Joe Biden, que não tentará mais a reeleição. Logo que Biden deixou a corrida presidencial a cantora Beyoncé liberou a utilização de sua música “Freedom” na campanha de Harris, que saiu da coletiva de imprensa na última segunda-feira (22) ao som da canção.
Outra artista que impulsionou o nome de Harris para a possível nomeação na convenção do partido Democrata é a cantora britânica Charli XCX. Ela chamou a vice-presidente de “Brat”, termo extraído do título do álbum da cantora e que estabelece um conceito e estética relacionados a energia festeira e juvenil. O “título” se conecta com eleitores jovens e já foi adotado pela campanha de Harris, que começou a divulgar uma série de memes que mesclam discursos, danças e piadas.
Também manifestaram apoio à candidatura os astros da música Janelle Monáe, John Legend e Katy Perry, esta última, inclusive, promoveu seu novo single “Woman’s Word”, durante a manifestação de apoio. Do cinema, artistas como George Clooney, Viola Davis, Julia Louis-Dreyfus, Robert De Niro e Barbra Streisand embarcaram de cabeça no direcionamento da indústria em torno do nome da democrata.
Fenômeno semelhante ocorreu na primeira eleição de Barack Obama na qual sua campanha também com o apoio dos monopólios de propaganda. Tanto na época de Obama quanto hoje, com Harris, jornalistas, artistas e ativistas de esquerda brasileiros também se manifestam aos milhares no entorno da candidatura da democrata, um fenômeno que busca esconder suas tenebrosas origens.
Kamala Harris iniciou sua carreira como procuradora adjunta, entre 1990 e 1998. Na sequência, já como filiada do partido democratas, serviu como procuradora de São Francisco, quando tomou posse em 2004. Em 2011 se tornou procuradora geral da Califórnia e permaneceu no cargo até 2017.
Sua atuação como procuradora foi marcada por um posicionamento radical de “intolerância contra o crime” e atuação contra minorias étnicas e de imigrantes. Foi criticada por movimentos sociais, organizações de defesa dos direitos de minorias e, sobretudo, pelo seu próprio partido. Conforme consta, ela foi uma das responsáveis a implantar medidas que levaram jovens negros e latinos na cadeia por motivos fúteis, além de combater profissionais do sexo e forçar transexuais ao encarceramento em prisões masculinas.
Mesmo sendo a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira de procuradora na Califórnia, foi apontada por movimentos negros norte-americanos como responsável por livrar policiais envolvidos em racismo e violência policial, conforme relato do jornal New York Times publicado em 9 de agosto de 2020. Já em 2015, um ano antes de ingressar no Senado, se envolveu em um escândalo denunciado pela imprensa de que a equipe que chefiava havia falsificado confissões, alterado transcrições de interrogatórios, entre outras manipulações de evidências.
Já em relação aos seus posicionamentos sobre política externa, Harris apoiou a proposta de intervenção dos Estados Unidos na Síria e manifestou-se em favor da manutenção do embargo a Cuba. Participou ainda de palestras do lobby AIPAC (em português, Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel) que atua desde 1963 nos Estados Unidos para apoiar o Estado de “Israel”.
Mesmo diante do massacre cometido há décadas por “Israel” contra os palestinos, Kamala Harris defendeu o envio de mais recursos para o país e afirmou em 2017, em conferência do AIPAC: “em meio à incerteza e turbulência, o apoio da América à segurança de Israel deve ser sólido como uma rocha… Devemos estar com Israel… Enquanto o Hamas mantém o seu controle de Gaza e dispara foguetes na fronteira sul de Israel, devemos ficar com Israel”.