Na manhã dessa quarta-feira (28), Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, afirmou que a população precisa se “conscientizar” a respeito do combate à dengue.
“Nós estamos fazendo todos os esforços para o atendimento à comunidade para reduzir ao máximo o número de mortes. O número é muito elevado e a gente pede a conscientização da população”, disse o direitista. “Pedimos para que a população tenha muito cuidado com a colocação de lixo e de entulho nas ruas, porque ali que está o criadouro, e para que tenha cuidado também com suas residências. Tirar 10 minutos por semana para fazer a limpeza da sua residência é algo muito simples e que tem que ser feito pela população para evitar os focos da dengue”, afirmou.
O combate à dengue na capital federal é um verdadeiro desastre. Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), até a última segunda-feira (26), mais de 100 mil casos da doença e 55 mortes haviam sido confirmadas.
É de um enorme cinismo afirmar que, frente à incapacidade de seu governo, é a população quem deve se mobilizar para resolver uma epidemia que só pode ser resolvida por meio do aparato estatal. Este que possui a capacidade material de lidar com um problema tão grande quanto a dengue.
Afinal, estamos falando do mesmo governo que, em 2019, foi denunciado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) pelas péssimas condições às quais os trabalhadores responsáveis pela fabricação do inseticida utilizado pelos fumacês – carro que lança o produto para combater a proliferação do mosquito da dengue. O serviço foi, inclusive, interrompido pelo MPT por conta disso.
Quando Ibaneis afirma, portanto, que está fazendo o possível para combater a dengue, deve-se levar tão a sério quanto a qualidade do trabalho que ele promoveu com os fumacês. Mais que isso, deve-se levar tão a sério quanto o desastre que ele causou em Brasília durante a pandemia da COVID-19.